Terça-feira, 6 de outubro de 2015 - 18h20
Pesquisa e extensão: Rondônia busca o reconhecimento federal
para conquistas de suas instituições /Fotos Daiane Mendonça
Montezuma Cruz
Em Porto Velho
Rondônia precisa formar um quadro maior de doutores a fim de se igualar aos estados que mais obtêm recursos federais para contemplar a ciência. Na região Norte brasileira, Amazonas e Pará estão no topo dos melhores.
Entre as instituições que reagem a essa situação, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro) estabeleceu parcerias com a Universidade Federal de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFJR).
Essa realidade foi exposta durante a abertura do 3º Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão (Conpex), nesta terça-feira (6), no Teatro Estadual Palácio das Artes Rondônia, em Porto Velho. Simultaneamente à 4ª Mostra de Ciência, Tecnologia e Inovação de Rondônia, o evento com mais de 40 instituições, escolas e órgãos participantes, é parte integrante da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2015, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Cerca de 400 alunos ouviram boas notícias e desafios. Souberam, por exemplo, que o Ifro obteve a renovação de estudos de professores em instituições de Israel e da Finlândia, e de alunos na Colômbia e Portugal. “Novas parcerias virão”, anunciou a pró-reitora de Ensino, Maria Fabíola Morais Assunção Santos.
Experimentos energéticos, culturas cacaueira e de grãos, cenário da aquicultura no estado, fabricação de sabão e experiências de robótica serão vistos em estandes da 4ª Mostra, desta terça até quinta-feira (8) no campus Norte do Ifro na Capital, promovida pela Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero).
A Fundação convidou a população de Rondônia a visitar o evento, que tem vasta programação, agregando estratégias de sucessos para empreendedores rurais e urbanos.
Acadêmicos do Ifro da Capital e do Interior participam do 3º Conpex em Porto Velho
Luta do Ifro
“Houve retorno do investimento em projetos, sobretudo em servidores que cursam mestrado e doutorado”, disse o pró-reitor de Pesquisa, Gilmar Alves Lima Júnior. “Apenas 25 servidores do Ifro têm doutorado”, alertou.
Segundo ele, no período de 2009 a 2015 em sete campi o Ifro inscreveu 650 novos trabalhos. Mais de 200 servidores cursaram mestrado e doutorado, ao custo de R$ 850 mil por ano. Paralelamente, investiu cerca de R$ 3 milhões na capacitação de servidores e R$ 6 milhões em bolsas e capacitação geral.
A escassez de doutores também fora mostrada no primeiro semestre deste ano pelo diretor-adjunto do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem), Mauro Tada. Segundo ele, só após a vinda do Pronúcleo de Excelência (Pronex) da Universidade de São Paulo, nos anos 1990, a Universidade Federal de Rondônia (Unir) criou pós-graduação e alguns alunos viraram professores nessa instituição. “Nela já se formaram aproximadamente 150 mestres e 30 doutores, massa crítica estadual sonhada pelo [falecido] pesquisador Luiz Hildebrando Pereira”.
“Nossas instituições não se entendem por competidoras, mas por parceiras”, disse o reitor do Ifro, Uberlando Tiburtino Leite ao reiterar o objetivo do Conpex. “Não basta ter mestres, temos que ter doutores e, ao mesmo tempo, investir bem na formação de servidores”.
“Este evento atende à expectativa de vocês, planta sementes e promove a educação pública de qualidade”, afirmou o diretor-geral do campus Norte do Ifro, professor Miguel Fabrício Zanberlan.
O diretor-técnico do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), Samuel Silva de Almeida, comprometeu-se a enfrentar um dos maiores desafios à ciência no estado: construir uma incubadora empresarial.
Segundo ele, atualmente, o Sebraetec contribui com 80% dos investimentos em empresas rondonienses. Trata-se da ferramenta de apoio às empresas de qualquer setor econômico, com atuação em sete áreas de conhecimento tecnológico.
“Fazer ciência não é fácil, ciência não dá voto”
“Rondônia é um estado carente de conhecimentos que possam ser disseminados em pequenos negócios, e assim, quanto mais estudos científicos, melhor para a gestão empresarial”, assinalou o presidente da Fapero, Francisco Elder de Souza.
Ele lembrou que o Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins pouco aparecem no mapa da ciência nacional e as dificuldades para conseguir recursos são diárias.
Adequando-se às regras federais, a Fapero obteve inicialmente mais de R$ 26 milhões de fomento a programas e bolsas. “Fazer ciência não é fácil, porque ciência não dá voto, nem ibope, mas sem ela não há desenvolvimento”, disse Elder.
Segundo Elder, pela primeira vez, oficialmente, as necessidades da ciência em Rondônia foram levadas no ano passado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O presidente da Fapero pediu apoio dos alunos para a conquista de novos investimentos: “Estamos pleiteando para 2016 o acesso mais facilitado a bolsas de estudos”.
Ao destacar a importância das parcerias do Ifro, Sebrae, Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e demais órgãos estaduais e federais, Elder elogiou a participação da alunos de escolas públicas estaduais, sugerindo: “O certo seria nós, da mesa, ficarmos aí, e vocês aqui”.
“Temos muito o que fazer, e precisamos avançar”, apelou a pró-reitora de Extensão do Ifro, professora Maria Goreti Araújo Reis.
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