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Montezuma Cruz

Se o morcego atacar, chame o governo


Se o morcego atacar, chame o governo - Gente de Opinião

A ligação telefônica do pecuarista de Chupinguaia, a 530 quilômetros de Porto Velho, denuncia o ataque do morcego hematófogo (Desmodus rotundus) ao gado bovino. Prontamente, a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron) envia um veterinário para constatar a real dimensão do problema. Em 2017, as mais de trezentas lojas de produtos veterinários em Rondônia venderam 4,54 milhões de doses de vacina antirrábica.
A dose (2 ml) custa apenas R$ 1, a vacinação é opcional, mas a notificação da raiva é compulsória.

Esse tipo de morcego transmite a doença ao morder bovinos, cães, gatos, búfalos, burros, cabritos, mulas, ovelhas, porcos, entre outros animais silvestres raivosos, aos quais contaminam com o vírus presente em sua saliva.

Assim funciona o Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros, voltado especificamente para capturar e estudar esse mamífero com asas, principal transmissor da raiva a esses animais.

Hematófagos são encontrados desde o norte do México até o norte argentino, algumas ilhas do Caribe e em regiões com altitude média abaixo de 2 mil metros.

Vale, portanto, a orientação. “Vacinar todo o rebanho garante a sanidade. Um animal morto em consequência da raiva, digamos, é R$ 2 mil a menos no ganho do criador”, comenta o médico veterinário Dalmo Bastos Sant’Anna coordenador do programa.

Depois da primeira vacinação, aplica-se a segunda dose um mês depois e essa prática depois pode se tornar anual. Dalmo Sant’Anna recomenda aos pecuaristas que apliquem a vacina antirrábica na mesma ocasião em que cumprirem a vacinação contra a febre aftosa.

Controlando-se o transmissor, diminuem os ataques, alerta o médico. Mas ele explica que nem todo morcego está contaminado e pequena proporção tem o vírus.

Porto Velho, Novo Horizonte e Ariquemes

Equipes da Idaron coletam regularmente material para exames em casos de suspeita de raiva.

“Nosso pessoal está em campo nas 84 unidades no estado, fazendo o cadastramento de abrigos e capturando morcegos que se alimentam de sangue”, informa o médico.

Em 31 visitas no ano passado, as equipes fiscalizadoras capturaram com redes 101 morcegos hematófagos.

No País, em 2017, de dois mil exames constataram-se 807 casos de raiva. Em Rondônia, de 57 exames em animais bovinos atacados, a Idaron constatou três casos positivos – em Porto Velho, Novo Horizonte do Oeste e Ariquemes.


Exames de restos de animais são feitos no laboratório da Idaron em Porto Velho, outros no Laboratório de Análise e Diagnóstico Veterinário na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, relata Dalmo Sant’Anna. “Aí é possível identificar se realmente a causa mortis do animal foi raiva”, assinala.

Pasta vampiricida

Cada morcego solto, após receber a aplicação da pasta vampiricida, contamina 10 a 20 outros morcegos da mesma espécie, no intervalo de quatro a dez dias, informa o médico.

No mundo, apenas três espécies de morcegos possuem hábito alimentar hematófago (Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi), todos encontrados também no Brasil.

No método indireto de captura não há necessidade da captura. Basta que se aplique a pasta vampiricida ao redor das mordeduras recentes de hematófagos. Outros produtos vampiricidas também poderão ser empregados, e são de especial utilidade na bovinocultura de corte.

Nesses sistemas de controle, são eliminados apenas os morcegos hematófagos agressores. É que, para se alimentar, eles tendem a retornar em dias consecutivos ao mesmo ferimento.

O uso tópico da pasta na agressão deve ser repetido, enquanto o animal estiver sendo espoliado. Essa prática deverá ser realizada pelo proprietário do animal espoliado, sob orientação de médico veterinário. Preferencialmente, no final da tarde, permanecendo o animal no mesmo local onde se encontrava na noite anterior.

Sinais e sintomas

O ser humano contrai a raiva pela saliva de num animal doente. A mordedura é a forma mais comum de contaminação, mas a doença também chega por arranhões e lambidas em ferimentos na pele ou nas mucosas da boca, nariz e olhos.
Há mais de 160 morcegos conhecidos no Brasil e aproximadamente novecentas espécies no mundo.

Quando bovinos ou equídeos (burro, cavalo, égua, jumento e mula) estão doentes, estes são os principais sintomas:

● Isolamento do restante do rebanho
● O animal parecer sonolento
● O animal parecer engasgado
● Quando apresentar salivação e agressividade
● Dificuldade em urinar e defecar
● Andar cambaleante
● Apresentar paralisia dos membros posteriores
● Cair e ter dificuldade para levantar
Na maioria das vezes, a morte ocorre entre o terceiro e o sexto dia após o início dos sintomas. Pode haver restos de sangue no pelo do animal, ou até um pequeno ferimento indicando o local onde o morcego mordeu.

VIU MORCEGO, COMUNIQUE
Se o sitiante ou fazendeiro notou a existência de morcegos em sua propriedade, certifique à Agência Idaron mais próxima.  E vacine uma vez por ano seus animais acima de três meses.
Fale com: 0800 643 4337 e 0800 704 9944

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