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Montezuma Cruz

SERTÃO MINEIRO


SERTÃO MINEIRO - Gente de Opinião
Altiva Pereira, na máquina de fiação: parou e retomou a atividade /FOTO SEBRAE
 

Fernando Melo vê a seca no
Vale do Urucuia e se admira
da persistência de sertanejos

MONTEZUMA CRUZ
AGÊNCIA AMAZÔNIA

ARINOS, MG - Vale do Urucuia – Acompanhado pesquisador de mandioca da Embrapa Cerrados, Josefino Fialho, e do diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário, Idésio Franke, o deputado Fernando Melo (PT-AC) conheceu o Vale do Urucuia, a 180 quilômetros do Distrito Federal. "Nem a seca implacável que já dura quatro meses tira o ânimo dessa gente", afirmou.

Na condição de membro da Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural da Câmara, o deputado viajou para Arinos e percorreu seus distritos, onde visitou fábricas de ração que usam ramas e folhas de mandioca e viu oficinas de artesanato, atualmente uma saída econômica das famílias desta região.

Um grupo de agricultores e artesãos se surpreendeu com a inesperada visita. "Aqui nunca vem deputado.  Hoje o senhor não é deputado do Acre, é do Brasil", desabafou a presidente do Núcleo de Artesanato do Distrito de Sagarana, Gercina Maria de Oliveira.


Apicultura também

Melo conversou demoradamente com os trabalhadores, bebendo café com peta, pão-de-queijo, bolo e refrigerantes. Chegou aqui num dia importante: técnicos do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) avaliavam a qualidade dos produtos do artesanato de Sagarana, a 40 quilômetros da cidade, e preparavam as fiandeiras para novas exposições.

Paralelamente ao artesanato, a apicultura está crescendo em Arinos e também é fomentada pelo Sebrae. Cerca de 300 donos de abelhas africanizadas obtiveram 60 toneladas anuais de mel e prevêem aumento para 150 t nos próximos dois anos. Com selo de inspeção federal, os apicultores vendem para supermercados e para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Artesanato une mulheres

No entanto, os bordados, tecelagem de colchas, colchonil, chale, cortinados, bolsas e caixinhas de buriti é que se transformaram no xodó das mais de cem mulheres reunidas em cinco núcleos de artesanato interligados, em Arinos, Chapada Gaúcha, Riachinho, Uruana de Minas, Urucuia, Bonfinópolis de Minas, Natalândia e Unaí. Os mais de 200 artesãos parceiros obtêm por mês entre R$ 150 e R$ 200 por pessoa.

Melo percorreu algumas propriedades rurais para conhecer o funcionamento de uma fábrica de ração e a oficina de artesanato desse distrito a 40 quilômetros da sede do município. Nesse dia, técnicos do Serviço de Apoio à Pequena e Microempresa (Sebrae) também estavam na região, onde atuam nas cidades cuja renda familiar é menor que meio salário mínimo. 

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Gercina, líder das artesãs abraçando o deputado/MC


O esforço dos técnicos do Sebrae visa alcançar a meta de ganho das famílias, de pelo menos um salário mínimo por mês. O trabalho é feito em paceria com a Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável Vale do Rio Urucuia, que promove também a inclusão digital em Arinos, em sua sede na rua Benevides Borges Carneiro, 163, no Bairro prinavera II.

"Aqui o povo está em pé"

Em Sagarana a tradição herdada dos avós é conservada por 25 prestimosas fiandeiras e tecelãs, cujas famílias também cultivam mandioca. A presidente do núcleo, Gercina Oliveira enaltece o papel de Luciana Vale, que coordenou em 2006 a organização não-governamental ArtesanatoSolidário/Central Arte Sol: "Aqui o povo está em pé, e isso devemos a ela", proclama. Luciana ensinou-as, por exemplo, que o algodão não pode ser guardado com a semente, se não estraga.

Entre ferramentas e algodão espalhado na porta do barracão, ela diz que a atividade fortalece os sertanejos. "Usamos tinta feita de serragem, mantemos o natural e não danificamos a natureza".

No começo, o Projeto Veredas teve dificuldades em transformar em produtos comerciais linhas, mantas, estolas e tapetes, confeccionados para uso doméstico. Tudo era feito na medida das 'rodadas'.


Altiva: perspectiva de crescer

Linha fina ou grossa não obedecia a um padrão. Isso dificultava o preço e o cálculo dos custos. Foi então que a designer têxtil paulistana Bia Cunha adequou os produtos e profissionalizou as mulheres.

"Elas sabiam fazer uma colcha de um modelo, mas depois não conseguiam repetir. Agora já conseguem ter uma linha de produção uniforme", diz Bia. Isso significa maior facilidade de colocação das peças no mercado.

Altiva Pereira, 65 anos, dez filhos e alguns netos, é um exemplo dessa organização. Aprendeu a fiar no antigo tear, com sete anos de idade. As ferramentas envelheceram, levando-a a abandonar por um tempo o trabalho. Altiva não esmoreceu. Conhecedora da luta de suas companheiras, retomou a atividade e está animada com a perspectiva de crescer.

Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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