Quinta-feira, 24 de outubro de 2013 - 14h04
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
No dia 15 de julho de 2011, 190º da Independência Brasileira e 123º da República, a presidente Dilma Roussef mandou inscrever o nome do grupo Seringueiros Soldados da Borracha no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Por força da Lei nº 12.447, eles estão no rol de homenageados ilustres, entre os quais, José Bonifácio de Andrada e Silva, Tiradentes, Santos Dumont, Zumbi dos Palmares, Plácido de Castro, Dom Pedro I e Marechal Deodoro da Fonseca,
Os soldados da Borracha foram cidadãos nordestinos recrutados para extrair látex na Floresta Amazônica, onde trabalhavam diariamente, desde 4h da madrugada, anos a fio, para atender à demanda de pneus exigidos por indústrias de automóveis e de aviões, nos Estados Unidos.
Do contingente de aproximadamente 50 mil homens, 30 mil morreram nos primeiros anos da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), em consequência do precário transporte, alojamento e alimentação. Restam hoje mais de dez mil, com mais de 80 anos, alguns em estado de penúria, sem recursos para tratar doenças.
Dispensados do alistamento militar e pomposamente recrutados pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (Semta), recebiam um kit básico ao atravessarem a ponte metálica do Porto de Fortaleza (CE), embarcando para Belém (PA), rumo aos seringais do Acre e de Rondônia (que na época tinha partes amazonense e mato-grossense e ainda não recebera esse nome). O kit continha uma calça de mescla azul, uma camisa branca de morim, um chapéu de palha, um par de alpercatas, uma mochila, um prato fundo, um talher (colher-garfo), uma caneca de folha de flandres, uma rede, e um maço de cigarros Colomy.
Apiedado do esforço incomum de todos eles, vítimas do beribéri, impaludismo, malária e pela solidão, o ex-presidente John Fitzgerald Kennedy enviou ao governo brasileiro alguns milhares de dólares que amenizariam um pouco a dor de cada um. O dinheiro sumiu.
Sabedora das aposentadorias vultosas, muitas delas, criminosas pela duplicidade, Dona Dilma determina à ministra da Secretaria de Relações Institucionais que ofereça ao Congresso Nacional a contraproposta à PEC 556/2002, acreditando que R$ 50 mil paga todas agruras e sofrimentos. Isso, depois de o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ter se declarado encantado com o reconhecimento a essa gente.
Outrora, disseram-lhes que, quando a guerra terminasse, retornariam à terra de origem. Qual nada! A maioria não resistiu às doenças e os sobreviventes não tinham dinheiro para pagar a viagem de volta. Endividaram-se nos armazéns de seringalistas. A lei da selva era cruel: quem não pagava a conta ou ficasse doente, perdia a liberdade e até a própria mulher, quando tinha.
Ao contrário dos pracinhas brasileiros no teatro da guerra em campos e morros da Itália, soldados da borracha só foram reconhecidos como combatentes da 2ª Guerra em 1988. A partir daí, receberam a pensão vitalícia pelo serviço prestado: o enriquecimento da indústria norte-americana.
As bancadas parlamentares federais do Acre, Pará e Rondônia não devem ser genuflexas aos desígnios da história, tampouco a tentativas de funerais desonestos e injustos. Não devem silenciar ante a posição do governo federal. Ao contrário, devem sair da inércia, reagindo para que a PEC 556 seja urgentemente votada.
São decorridos quase 68 anos desse fato amazônico com repercussão mundial. Se o governo federal não quer ser chamado de mentiroso ou demagogo, deve ponderar à luz da realidade: a aposentadoria desses velhinhos e os direitos de filhos e viúvas custam menos que um banco quebrado. Menos ainda que os caixas dois partidários.
NOTA
O Sindicato dos Soldados da Borracha e Seringueiros de Rondônia distribuiu um cartaz cujos itens dizem tudo. Sua leitura é recomendável aos parlamentares brasileiros: os da Bancada Amazônica e os outros também.
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