Domingo, 23 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Montezuma Cruz

Subsolo rondoniense tem muito cobre, mas resultado de pesquisas é desconhecido


Subsolo rondoniense tem muito cobre, mas resultado de pesquisas é desconhecido - Gente de Opinião
A ocorrência de cobre entre os metais existentes no subsolo rondoniense vem de longe. Não existe um estudo que possa garantir, mas há indícios de sua utilidade possivelmente secular entre a Zona da Mata e as terras de Corumbiara. No início dos anos 2000, o antigo Departamento Nacional de Produção [Agência Nacional de Mineração, desde Michel Temer] autorizava uma pesquisa feita em associação pela Companhia Vale do Rio Doce [CVRD], a norte-americana Phelps Dodge e a Mineração Maracá. O cobre está em alta no mundo.

A Maracá era, ou é ligada ao grupo Santa Elina, e ambas pesquisam reservas de minério de cobre no município de Alta Floresta do Oeste, que tem área de 7 mil Km² , a 541 quilômetros de Porto Velho. No final do século passado, anos 1990, essas empresas detinham requerimentos autorizados pelo extinto DNPM.“Parecem promissoras” - anotei em 2001, como única referência feita às reservas, em estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES].

Nada é conhecido nesse segmento de metais. A própria Companhia de Mineração de Rondônia (CMR) dedica-se no governo a explorar  reservas de calcário. Em 2021, a direção da empresa estimou a este repórter que as jazidas estaduais seriam suficientes para exploração durante pelo menos 250 anos. 

Em associação com as empresas TVX Participações Ltda e Copacel, a Mineração Santa Elina também participa, desde 1991, do desenvolvimento de um amplo programa de sondagem de depósitos de ouro na região do Alto Guaporé, informa o Instituto de Ciências Exatas da Terra, da Universidade Federal de Mato Grosso.


Exatamente há três governos, nada se fala a respeito do assunto. Pesquisa e mineração legalizadas são um túmulo, ao que parece.

SILÊNCIO POLÍTICO COMPROMETE

Debruçados sobre outros temas, à exceção do mineral, governo estadual, Assembleia Legislativa, deputados federais e senadores deixam passar ao largo de suas apreciações que, quatro décadas atrás a mineração movia a economia territorial. 

Se quiser, o governo estadual pode oficiar à Agência Nacional de Mineração para saber onde ficam e como estão as pesquisas de cobre existentes desde o século passado.

Com raríssimas exceções, nos corredores palacianos e em gabinetes de políticos mais dedicados ao Waths App e outras redes sociais, ignora-se que a empresa Paranapanema já foi a maior produtora de cassiterita [minério de estanho] e quebrou, mesmo explorando minas no Amazonas e em Rondônia, mas quebrou. 

Susto maior, Suas Excelências podem se preparar para conhecê-lo: agora, a Paranapanema [que fora adquirida por peruanos] agora faliu no negócio do cobre. Conforme sublinha o jornalista Lúcio Flávio Pinto, de Belém (PA): "Paradoxalmente, quando esse metal está em grande ascensão no mercado internacional. Os dados divulgados até agora não deixam dúvida: o grupo vem sendo mal administrado há pelo menos quatro anos."

Segundo apurou Lúcio Flávio, a causa principal da insolvência é a dívida de longo prazo, que se tornou impagável. "O capital de giro pode voltar a ser financiado, mas não com a mesma empresa. A situação só chegou a esse nível por má gestão. A quebra demorou ainda a acontecer porque o fundo Previ, do Banco do Brasil, e a Caixa, injetaram dinheiro no negócio – já apodrecido. A missão mais nobre do nosso capitalismo de muletas."

Mais informações "de bandeja" dadas pelo jornalista Lúcio Flávio: "O negócio continua a ser atraente. A Buritirama, que produz cobre no Pará, tem 10,8% do capital. A Cargill Finance, braço da multinacional americana de alimentos, instalada no Pará, em Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Amapá, tem 8,75%. Já o banco chinês CCB não tem ações, mas tem dinheiro aplicado e muito interesse em investir mais."
Subsolo rondoniense tem muito cobre, mas resultado de pesquisas é desconhecido - Gente de Opinião
"O Pará deveria acompanhar com atenção essa história até o seu desfecho. O Estado é o maior produtor de concentrado de cobre do País, mas não produz um quilo sequer do metal", ele conta.

A única metalúrgica de cobre do Brasil é a Caraíba, na Bahia, no entanto, a fábrica não tem minério suficiente para se manter e voltar à plena produção. A propriedade da Caraíba, que é da Paranapanema, pode mudar. "Mas parece que o Pará continuará apenas a produzir concentrado", acrescenta Lúcio Flávio.

Se no Pará, gigante em minérios, foi preciso o alerta dado pelo jornalista, em Rondônia esse alerta aconteceu em 2010: naquele ano, a líder indígena Walda Ajuru informava que  peças de cobre foram roubadas com o aval de prefeito e vereadores em Alta Floresta d'Oeste.


SAIBA MAIS

 O cobre é utilizado principalmente nas indústrias de fios e cabos elétricos, que absorvem mais de 50% do metal, um dos mais valiosos do mundo. É excelente condutor de eletricidade e calor e tem vasta aplicação em diversos setores industriais, especialmente a construção civil, telecomunicações, eletroeletrônica, transmissão e distribuição de energia. 

 Suas reservas mundiais são estimadas em 650 milhões de toneladas. Concentra-se mais no Chile (24,6%) e nos Estados Unidos (13,9%), enquanto no Brasil somam 11,9 milhões de t de metal contido, representando 1,8% do total mundial.

 Maior produtor, o Chile responde por 35% da produção de cobre contido em concentrado. Além desse país, na derradeira década destacam-se na produção o Peru, a Indonésia e a Austrália. Juntamente com os Estados Unidos, eles se tornaram líderes na produção de concentrado de cobre.

 Alta Floresta d'Oeste, que hoje poderá atrair minerações nacionais e estrangeiras, é também produtor de café em Rondônia. Surgiu em conseqüência do avanço da frente migratória rumo ao oeste, no Vale do Guaporé, na fronteira com a Bolívia. Pequeno núcleo populacional em 1986 o município evoluiu rapidamente e se transformou em importante pólo agrícola e comercial.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 23 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Taxa de 30% sobre remessas internacionais enviadas desde os EUA, acima de US$ 200, auxiliaria política imigratória, sugere Samuel Saraiva ao Governo Norte-Americano

Taxa de 30% sobre remessas internacionais enviadas desde os EUA, acima de US$ 200, auxiliaria política imigratória, sugere Samuel Saraiva ao Governo Norte-Americano

O cidadão Samuel Sales Saraiva propôs nesta quarta-feira ao presidente dos Estados Unidos, estudos técnicos legislativos ou medidas executivas feder

De cada 60 homens que partiam, dez morriam e 20 ficavam doentes; libras de ouro circulavam em Santo Antônio (2)

De cada 60 homens que partiam, dez morriam e 20 ficavam doentes; libras de ouro circulavam em Santo Antônio (2)

Quando o nível do rio permitia, o transbordo obedecia à correnteza nas cachoeiras Jirau, Ribeirão e Teotônio, no Rio Madeira. Santo Antônio, via circu

Saraiva sugere a Trump conclamar cidadãos a ajudar Polícia Federal de Imigração com informações que permitam a prisão e deportação de criminosos e fugitivos

Saraiva sugere a Trump conclamar cidadãos a ajudar Polícia Federal de Imigração com informações que permitam a prisão e deportação de criminosos e fugitivos

Em carta enviada ao Presidente Donald Trump, com cópia para a direção da Polícia de Imigração e Alfândega (ICE), o cidadão americano Samuel Saraiva

Novo livro de Lúcio Flávio revela paixão pela floresta

Novo livro de Lúcio Flávio revela paixão pela floresta

Jornalista mais premiado da história na Região Norte, de acordo com o Ranking + Premiados da Imprensa Brasileira 2024, Lúcio Flávio Pinto acaba de lan

Gente de Opinião Domingo, 23 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)