Manaus reúne cientistas
na maior conferência do ano
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
BRASÍLIA – Sustentabilidade é a palavra de ordem em Manaus. Especialistas com resultados inéditos sobre estudos de clima, biodiversidade e uso de cobertura da terra na Amazônia reúnem-se a partir de segunda-feira, 17, na capital do Estado do Amazonas, durante a Conferência Científica "Amazônia em perspectiva: Ciência Integrada para um futuro sustentável". Segundo os organizadores, o encontro terá condições de ser um dos maiores eventos científico-ambientais do mundo.
Estão previstas 229 palestras em 31 sessões paralelas; oito palestras; três plenárias com três mesas redondas; duas sessões especiais; um workshop (reunião de trabalho) sobre os Young Scientists; 12 reuniões associadas; 550 pôsters; lançamentos de livros, vídeos e CDs.
Às 12h50 de 20 de novembro, quinta-feira, John Gash, do Centre for Ecology & Hydrology – Crowmarsh Gifford, e Maria Assunção Dias, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), expõem estudos sobre os efeitos desmatamento no clima regional e global. Falarão das evidências de uma forte relação entre a formação de nuvens na Amazônia e a ocorrência e distribuição de chuvas no Sudeste e Sul do Brasil. Abordarão ainda a comprovação experimental de que áreas abandonadas e/ou degradadas após uso como pastagens ou cultivos agrícolas, podem ser recuperadas, voltar a ser produtivas e prestar serviços ambientais ecossistêmicos.
Ao divulgar os resultados inéditos, discutir e avaliar diferentes cenários de alteração ambiental provocados pelo desmatamento e pelo aquecimento global, a Conferência espera que novas estratégias e prioridades sejam identificadas tanto para a agenda de pesquisa da região, quanto para as ações de desenvolvimento sustentável.
Eficácia no controle do desmatamento
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Satélites transmitem imagens em tempo real e podem evitar desmatamento |
Os dois cientistas mostrarão que o desenvolvimento e a criação de sistemas avançados de detecção de desflorestamentos e queimadas por imagens de satélite em tempo quase real permitem prontas ações de fiscalização e controle do desmatamento.
E ainda: a comprovação de que os sistemas aquáticos da Amazônia emitem grandes quantidades de CO2 (gás carbônico) para a atmosfera, influenciando o ciclo regional de carbono. Com isso, abre-se o leque de assuntos para debates que prometem acrescentar conhecimentos aos estudiosos da Amazônia:
1) A verificação de que as taxas de fixação de carbono e de crescimento (bem como da dinâmica da floresta) variam regionalmente dentro da Amazônia, sendo governadas principalmente pela fertilidade do solo e a duração do período seco;
2) A observação de que a radiação solar para fotossíntese das plantas pode ser reduzida em até 60%, em algumas áreas da Amazônia, devido à fumaça das queimadas.
Novas espécies de peixes, répteis e insetos
3) Descoberta de novas espécies (peixes, aranhas, cobras, fungos e coleópteros);
4) Ampliação do conhecimento da cobertura geográfica de vários grupos (cobras, insetos, mamíferos, samambaias, entre outros);
5) Levantamento de estimativas de estoques de carbono e os fatores ambientais que controlam os estoques comerciais em escalas nunca antes possíveis desenvolvimento dos sistemas de monitoramento de ambientes dominados pela ação do fogo, entre eles, savanas e o Pantanal;
6) A qualificação de coleções científicas, fomentando melhorias na infra-estrutura de curadoria, a automação e compartilhamento dos dados.
7) Aprimoramento das informações associadas, de forma a incentivar estudos taxonômicos e o incremento de material-tipo depositado nestas coleções; 8) Desenvolvimento de métodos de avaliação dos efeitos de impactos ambientais de empreendimentos como estradas, extração madeireira e represas na biodiversidade e processos biogeoquímicos.
BR-319, Terra do Meio e uso do solo
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Intransitável, a BR-319 provoca debate entre defensores de ferrovia na Amazônia / RONDONIA VIP |
BRASÍLIA – Os organizadores adiantaram hoje à Agência Amazônia os principais temas que enriquecem a pauta do evento, entre os quais, a produção de dados de biodiversidade e processos ecossistêmicos padronizados, úteis para a calibração de dados de sensoriamento remoto e de mudanças no uso da terra.
Alinham-se:
●Relatório do estudo sobre a região de fronteira de desmatamento conhecida como Terra do Meio, em São Félix do Xingu, em 2004.
●Estudo para a BR-319 de Modelagem da Biodiversidade do Interflúvio Madeira-Purus: Bens Naturais e Impactos Antrópicos.
●Relatório sobre a grilagem na Amazônia influenciando as ações da polícia federal na eliminação de pistas de pouso clandestinas na região em 2005.
●Desenvolvimento de Modelos de Dinâmica de Uso da Terra para a escala da Amazônia.
●Instrumentação de duas bacias, a do Igarapé Asu (localizada ao norte de Manaus), onde predomina cobertura de floresta primária, produzindo dados continuamente que compõe séries históricas necessárias para os estudos hidrológicos. A segunda bacia, localizada também ao norte de Manaus, onde predomina cobertura de pastagem, encontra-se em fase de instrumentação.
●Desenvolvimento de modelos computacionais para os diversos ecossistemas inundáveis.
●Utilização de ferramentas de modelagem numérica e estatística, bem como a integração dos modelos e geração de cenários alternativos para avaliação do impacto da presença humana sobre os habitats das áreas alagáveis, para subsidiar políticas públicas visando o desenvolvimento sustentável.
SERVIÇO
A Conferência Científica é promovida pelos três mais importantes programas de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia para a Amazônia: o PLBA – Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, o Geoma-Rede Temática em Modelagem Ambiental da Amazônia e o PPBio-Programa de Pesquisa em Biodiversidade. O evento é organizado pelo Inpa, Museu Goeldi e outras instituições parceiras, com o patrocínio do MCT, por meio do PPA, Fundos Setoriais, Finep e CNPq, entre outros
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Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.
Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)