Quarta-feira, 29 de dezembro de 2010 - 18h33
RONDÔNIA DE ONTEM
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
A porta estava aberta, os raios de sol penetravam numa das salas do Palácio Presidente Vargas na tarde de oito de março de 1985. Dois militares conversavam, sem se incomodar com a presença do repórter. Encostava-me num canto, olhava para as paredes, para o sol, dava alguns passos em busca do mínimo disfarce, mas ouvia tudo. O governador Jorge Teixeira de Oliveira, Teixeirão, confessava suas frustrações administrativas, relatando ao colega de Brasília os flagelos do novo estado.
“Um dia ele chegou ao Palácio, agradeceu por ter trabalhado aqui e disse que ia tocar sua empresa”, ele contava ao diretor do Departamento de Polícia Federal (DPF), o também coronel Moacir Coelho. Teixeirão dizia ter sido apanhado de surpresa a partir do momento em que soube do envolvimento do piloto Floriano Nolaço Júnior com o tráfico de drogas na região amazônica.
Rondônia já era rota do narcotráfico quando Nolaço enriquecia com o transporte de ácidos para o refino de cocaína na fronteira Brasil-Bolívia. O ex-piloto do governador era sócio de duas empresas de táxi aéreo em Porto Velho – Candeias e Master – pertencentes a um dos homens fortes do cartel das drogas em Rondônia, o também piloto Macilon Braga de Carvalho, cujo envolvimento com a máfia colombiana fora confirmado durante a Operação Eccentric.
A angústia de Teixeirão tinha sentido, porque ele sempre prestigiava seus comandantes de aviões e do helicóptero oficial, mantendo um hábito adquirido bem antes, quando buscara no Panamá a experiência exigida para a criação do Comando de Guerra na Selva em Manaus.
Imagine um estado onde pessoas de confiança do governador estivessem enfiadas de cabeça no tráfico de drogas. Realmente, vivia-se um momento delicado. Pouco antes do afastamento de Nolaço, a PF havia entrado na residência de Macilon, encontrando ali cem mil dólares em notas de 20 e 200. Ele adquiria um avião Bandeirante até então pertencente ao Governo de Pernambuco.
Do que Teixeirão se livrou! Em que embrulhada se meteria o governo, caso o piloto permanecesse no emprego. Passada a fase de investigações, abertura de inquéritos e prisões de uma série de mafiosos e apreensões de aviões na capital e no interior do estado, o coronel respirava aliviado. A sociedade não. Mesmo com essas prisões, os tentáculos da máfia colombiana espalhavam-se por toda Amazônia Ocidental.
NOTA
O coronel Moacir Coelho dirigiu o DPF no governo do presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo. Depois dele veio Romeu Tuma. Em 1981 Coelho divulgou uma lista de comunistas e simpatizantes, na qual incluiu o sociólogo e mais tarde presidente da República Fernando Henrique Cardoso, e o cantor Chico Buarque de Holanda.
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