Quarta-feira, 5 de março de 2008 - 22h58
Maçaranduba e copaíba são as espécies mais abatidas. Pará e Rondônia fecham empresas e aplicam multas pesadas
Montezuma Cruz
montezuma@agenciaamazonia.com.br
Brasília – Ao perceberem a ação fiscal, motoristas abandonaram cargas de toras no meio da floresta rondoniense, em áreas distantes das serrarias. Esta é a principal dificuldade encontrada pela operação conjunta determinada pelo governo do vizinho estado, no combate à exploração de madeira ilegal. “Ainda estamos localizando madeiras in natura (toras) que foram abandonadas em locais ermos, com a chegada das equipes fiscalizadoras”, explica o comandante da operação, sargento PM Expedito Jacinto Alencar.
O militar defende uma fiscalização aérea com urgência, a fim de localizar cargas escondidas pelos caminhoneiros. “Há muita madeira escondida na mata”, justifica. Essa situação fora denunciada no final do ano passado pelo arcebispo de Porto Velho, dom Moacyr Grechi, com base no que tem visto em suas viagens nas regiões de Machadinho do Oeste e Buritis.
O governador Ivo Cassol garante que a fiscalização vai até maio próximo. Ele ainda não discutiu a possibilidade do uso de helicópteros na operação.
Maçaranduba e copaíba estão entre as principais madeiras de espécies nobres e de alto valor apreendidas desde a semana passada no município de Tailândia, região nordeste do Estado do Pará. Três empresas madeireiras e cinco carvoarias estão fechadas. Os fiscais destruíram 98 fornos. O volume apreendido alcançou 3 mil m³, suficientes para encher 200 caminhões. Elas se somam aos 13 mil m³ identificados pela operação anterior, denominada Guardiões da Amazônia.
O combate à exploração ilegal resultou até agora em multas superiores a R$ 1,5 milhão às empresas irregulares, informa a assessoria de imprensa da superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Belém.
Zoneamento desobedecido
Arcebispo dom Moacyr fez denúncia no final do ano passado/Gentedeopinião
Quatro madeireiras foram multadas e 2,6 mil m³ de toras apreendidos numa operação conjunta do Batalhão de Polícia Militar Ambiental, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental e da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente na região de Machadinho do Oeste, município rondoniense nascido de um projeto de colonização do Incra nos anos 1980.
A operação conjunta apreendeu um caminhão transportando toras sem a guia florestal e uma motosserra. No Rio Machadinho, a equipe da Polícia Ambiental apreendeu ainda quatro tarrafas, o que é terminantemente proibida em qualquer circunstância. Considerada região “em acelerado processo de ocupação”, a sub-zona de Machadinho ocupa a maior parte da extensão territorial do município, exigindo posturas de uso do solo e manejo em conformidade com o Zoneamento Sócio-Econômico do Estado de Rondônia, lembra o comandante do Batalhão Ambiental, major Josenildo Jacinto do Nascimento.
Os agentes depositaram nos pátios de prefeituras e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente 1,9 mil m³, dos quais, 220 mil³ da Madeireira Comavel, multada em R$ 222,4 mil; 1,02 mil m³ da Madeireira Sidemad, multada em R$ 930,8 mil; 162,1 mil m³ da Madeireira Rio Negro, multada em R$ 348,3 mil; 507,8m³ da Madeireira Madezon, também multada em R$ 334,4 mil. Só em Machadinho do Oeste, as multas totalizaram R$ 1,8 milhão.
Na lista da devastação
Machadinho do Oeste está na lista dos 36 maiores devastadores da Amazônia. A operação visitou dez madeireiras, informou o comandante da operação, sargento Expedito Alencar. Outra área crítica e que também faz parte da lista é Nova Mamoré.
No Pará, o Sindicato dos Madeireiros de Tailândia, que representa 40% das madeireiras e serrarias do Pará, responsáveis por mais de 2 mil empregos diretos, informa que vai contestar parte das multas.
Advogados ligados à União da Entidades Florestais do Par estão elaborando os recursos judiciais. Segundo o sindicato, “em ações de fiscalização da Operação Guardiões da Floresta (anterior à atual), a medição foi feita por amostragem”. Só a medição por toras garante números exatos.
As fiscalizações no Pará são feitas com o apoio da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança e do governo estadual.
(*) Com informações da Agência Brasil e do BPM Ambiental, de Rondônia
Duas árvores nobres e cobiçadas
▪ Manilkara huberi (maçaranbuba) é uma árvore com cerca de 40 a 50 metros de altura. Ocorre geralmente nas regiões de terra firme da Amazônia de até 700 m de altitude. Entre as espécies do gênero, Manilkara huberi é a mais conhecida e com a maior distribuição na Amazônia. Apesar de ser facilmente reconhecida devido suas folhas grandes e amarelas na face abaxial, é freqüentemente confundida com outras espécies do gênero devido à similaridade dos seus troncos.
▪ Copaifera sp (copaíba) fornece o bálsamo ou óleo de copaíba, um líquido transparente e terapêutico, que é a seiva extraída mediante a aplicação de furos no tronco da árvore até atingir o cerne. Seu óleo é um líquido transparente, viscoso e fluido, de sabor amargo com uma cor entre amarelo até marrom claro dourado. O uso mais comum é o medicinal, como antiinflamatório (chá da casca) e anticancerígeno. Pelas propriedades químicas e medicinais, esse óleo é bastante procurado nos mercados regional, nacional e internacional. A copaíba é um poderoso antibiótico da mata que já salvou vidas de muitos caboclos e índios seriamente feridos.
Fonte: Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião
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