Quarta-feira, 27 de julho de 2022 - 16h22
Chegaram ao Museu da Memória (MERO) esta semana e já fazem parte do seu acervo, 418 livros doados pela professora Berenice Luz da Silva. Os exemplares pertenciam à família dela e de seu falecido marido, ex-vereador pela Aliança Renovadora Nacional (Arena) e relator da Constituição do Estado de Rondônia, deputado Amizael Gomes da Silva.
Até agora, esta foi a maior doação de acervo bibliográfico feita por admiradores do museu e da história rondoniense e amazônica.
Assinado por ela e a administradora do MERO, Liliane Sayonara, o termo de doação dá início à liberação da leitura pelo público interessado.
Nascido em Bacabal (MA), Amizael faleceu em 5 de março de 2003. Desde jovem ele abraçou as letras, e antes de ser o “professor Amizael”, atuou na reportagem do extinto jornal O Guaporé, cobrindo conflitos fundiários, o mais notável deles, com a implacável perseguição policial federal aos colonos do Igarapé Amola Faca, em Espigão do Oeste, a 539 quilômetros de Porto Velho.
A professora, mãe de cinco filhos, mora atualmente numa chácara.
Ela doou, entre outros: Amor de perdição de Camilo Castelo Branco; clássicos da literatura sobre a região Amazônia: As raízes da destruição, de Ricardo Lessa; Amazônia: natureza, homem e tempo, de Leandro Tocantins; Na planície Amazônica, de Raymundo Moraes; Estado do Acre: geografia, história e sociedade, de Leandro Tocantins.
De autoria de Amizael, já estavam no acervo: Amazônia Porto Velho; Da chibata ao inferno e Forte Príncipe da Beira.
A biblioteca do ex-deputado fortificou-se graças ao seu constante interesse por obras que lhe revelassem detalhes até hoje compreendidos e ainda estudados em páramos remotos regionais.
“Amizael amava a Amazônia, viajamos muito por aqui e por outras grandes cidades do País; adquirimos muitos livros. De Manaus e Brasília trouxemos muitos exemplares distribuídos pela Editora Ler”, ela lembra.
Nas coleções do casal também se destacam exemplares de suplementos literários de jornais [algo comum na imprensa dos anos 1950 a 1980] e até poemas de Berenice, alguns deles publicados.
Sempre que chegava a uma cidade, museus e demais pontos culturais eram os preferidos na visitação. Na Biblioteca do Exército Brasileiro Amizael obteve diversos títulos.
Doar é um verbo que Berenice conjuga na prática desde os 15 anos, quando iniciou o voluntariado na Igreja Assembleia de Deus, sob a inspiração de seu fundador, Paul Aenis.
Ao longo da vida, ela o ajudava a anotar e pesquisar, e segue procurando com esperança de encontrar, Abaitará e Urumani, um romance que ele escrevia há algum tempo.
RELEMBRANÇAS
Na página exata do livro Amazônia Porto Velho, ela mostra ao fotógrafo Luiz Brito a foto da 1ª turma de Licenciatura Plena formada pela extensão da Universidade Federal do Pará em Porto Velho.
Berenice dividia-se entre o voluntariado na igreja e a educação pública. Ela conta que seu primeiro salário foi um relógio no governo Paulo Nunes Leal. “Professores eram depois contratados com a verba 1613, do MEC”.
Estudou no curso normal e fez o técnico em contabilidade, chegando à coordenação pedagógica no Colégio Carmela Dutra, e subdiretora na gestão da professora Odaleia Penha Sadek. Em seguida, dirigiu o Departamento de Educação da Seduc, levando aos rondonienses os benefícios da Fundação Educar para jovens e adultos. E no podium, foi delegada do Ministério da Educação, vencendo o Oscar Mulher 1992.
“Na gestão do professor Vitor Hugo na antiga Secretaria Estadual de Cultura, Esportes e Turismo, movimentamos escolas periféricas com o projeto chamado Interação-Escola-Comunidade: práticas do saber, autorizado pelo MEC”, ela relata.
E da gestão do professor Vigor Hugo, ela se lembra que integravam a equipe técnica da ex-Setec: Yêdda Borzacov, Natalina Ferreira Hubner, Nazaré Silva, Isaías Vieira e Itajá Malta de Alencar, todos colaboradores do Projeto Rondon. “A equipe de ação social promovia feiras culturais nas escolas, com doces e artesanato, especialmente na região do distrito de São Carlos de Calama. Iam para lá também médicos e de dentistas, entre eles, os doutores Diogo, Pedro, Aparício Carvalho, Heitor Costa, que atendiam os ribeirinhos”.
Na gestão da professora Yêdda Borzacov, a equipe técnica promoveu uma feira cultural com doces e artesanato e visitou a região do Baixo Madeira. “Naquele período, a professora Natalina coordenava o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral).
Em contato direto com as pessoas, a equipe de promoção social organizou oficinas de reciclagem, dando noções sanitárias para a perfuração de poços e fossas, e ainda conseguia filtros.
Berenice foi diretora da 1ª à 4ª série e da 5ª à 8ª; no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) ficou nove anos; foi secretária municipal adjunta de educação na gestão do professor Lourival Chagas.
“No Senai, participei da montagem da sala ambiente de ciências, para atender à carpintaria, construção civil, desenho arquitetônico e mecânica de automóvel. Fui fazer o curso em Manaus, e tinha apostilas até em espanhol”, conta.
Até a aposentadoria, em 1992, ela fez de tudo um pouco a serviço da educação: trabalhou com fé e coragem na alfabetização no antigo território federal, coordenando a aplicação do programa João da Silva, a primeira telenovela educativa da tevê brasileira, produzida pela Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa e que recebeu Menção Honrosa do Júri do Prêmio Japonês de melhor programa didático de 1973.
Dirigida por Jacy Campos, o programa João da Silva constituiu-se um misto de telenovela e curso supletivo de primeiro grau entre 1973 e 1974 (pela TV Cultura e TV Rio), com a veiculação de cem capítulos, 25 aulas retrospectivas, dez programas complementares e cinco livros de apoio.
“Olha, no Carmela Dutra a professora Marise me incumbiu de montar um musical cênico, eu tremi e até hesitei, mas juntamos um grupo de alunos e deu certo! Demos o nome sugestivo de E agora, José?
Berenice se considera recompensada por participar do rico período cultural brasileiro que abrangia Rondônia. “Fomos contemplados pela Empresa Brasileira de Cinema (Embrafilme), Fundação Pró-Memória e o antigo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan).”
Da horta comunitária ao teatro e ao cinema, de tudo um pouco era feito pela Secet, ela enfatiza. “Eu me lembro do maravilhoso trabalho do psicólogo, ator, diretor, dramaturgo e mímico Alejandro Bedotti, do poeta José Monteiro, da maestrina Sílvia, do violinista Valdemar, todos eles responsáveis pelo resgate de culturas e tradições.”
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