Campus Floresta, na fronteira com o Peru, poderá ser Universidade independente. Amapá, Pará, Rondônia e Roraima aguardam mais professores para melhorar atendimento ao interior e combater a biopirataria.
MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
BRASÍLIA e CRUZEIRO DO SUL, AC – O Ministério da Educação receberá novos pleitos de universidades amazônicas. Esta semana, deputados da Comissão da Amazônia, Integração e Desenvolvimento Regional aprovaram indicação ao governo federal para que o campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) em Cruzeiro do Sul seja transformado em Universidade Federal da Floresta. Naquela cidade fronteiriça ao Peru, a mais de 600 quilômetros, em linha reta, de Rio Branco, a Ufac mantém o Campus Floresta.
Na série de reportagens “Coisas do Acre”, a Agência Amazônia mostrou que um grupo de professores vem elaborando planos de ação para transformar o Campus Floresta em executor da extensão rural, cujas atividades atenderão diretamente os municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Marechal Taumaturgo, Porto Walter e Rodrigues Alves.
Combate à pirataria
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Unha-de-gato (fotografado em Porto Velho) é uma das plantas mais cobiçadas por atravessadores e laboratórios de outras regiões brasileiras /MONTEZUMA CRUZ
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A proposta parlamentar reforça a luta contra a biopirataria de produtos naturais da Floresta Amazônia. A Comissão de Amazônia reconheceu avanços, conquistas e metas já alcançadas pelo Campus Floresta, por isso, decidiu se manifestar oficialmente em favor da transformação do campus em universidade.
Segundo os parlamentares da Comissão, o maior diferencial projetado para a nova universidade é a união do rico conhecimento popular dos povos da floresta com o conhecimento científico de professores e pesquisadores. Auxiliados por leis, eles poderão regulamentar o conhecimento nativo, contribuindo para a ciência e a tecnologia.
Evitar o roubo de plantas raras, animais e outros produtos está entre os objetivos desse pleito. Com o apoio federal, as universidades, o Ibama e o Instituto Chico Mendes terão condições de coletar e processar os produtos nos próprios estados. Há anos, saem da Amazônia, milhares de litros de copaíba, andiroba, folhas de unha-de-gato, casca de pau-de-mulateiro e outras dezenas de raízes e vegetais, vendidos em estados do centro-oeste, sul e sudestedo País.
Faltam professores
As instituições da região norte sentem ainda a carência de professores. A deputada Marinha Raupp (PMDB) informou que obteve esta semana no Ministério da Educação a garantia para o preenchimento de 78 vagas em caráter emergencial, assim distribuídas: 18 vagas na Universidade Federal de Rondônia (Unir), 17 vagas na Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA), 15 na Universidade Federal do Amapá (Unifap), 16 na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e 12 na Universidade Federal do Acre (UFAC).
– Tomei a iniciativa de sugerir a criação de um grupo de trabalho para debater o Projeto de Lei 1746/2007 (hoje, PLC 279/09 – Senado), que prevê a criação desses cargos, no âmbito do MEC – explicou a deputada.
Marinha se reuniu anteriormente com a secretária de Ensino Superior do ministério, Maria Paula, e dela recebeu, anteontem, um oficio comunicando sobre as vagas de docentes para atendimento emergencial para as universidades federais da Região Norte.
– Foi um trabalho que começou com a constatação das carências e da inquietude dos estudantes universitários. Os de medicina, por exemplo, vieram a Brasília solicitar professores para o curso. Com o reitor da Unir, José Januário, fomos ao MEC e encaminhamos o pedido à Secretaria de Ensino Superior.
A partir daí, a deputada se reuniu com os reitores de outras universidades da região e recebeu o apoio do presidente da Comissão da Amazônia, deputado. Silas Câmara (PTB-AM), e demais parlamentares da bancada. O MEC não havia previsto destinar docentes para a região. Por meio da Secretaria de Educação Superior irá agora atender ao preenchimento de vagas de docentes
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Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)