Quarta-feira, 29 de novembro de 2017 - 08h22
MONTEZUMA CRUZ
Em países industrializados, engenheiros constituem até 15% da população, mas no Brasil, esse percentual se reduz a menos da metade. Quase todas as atividades humanas dependem da engenharia, mesmo assim esse fator passa despercebido na maioria das vezes. Candidato a presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) nas eleições do próximo dia 15 de dezembro, o técnico agrícola e engenheiro florestal Carlos Antônio Xavier, o Carlão da Emater, lamenta: “O País não forma profissionais empreendedores, e as faculdades entregam lideranças para outras áreas, menos para engenharia”.
O candidato propõe o chamamento ao debate entre a sociedade, órgãos públicos e essa classe profissional. “O entendimento para a valorização passou da hora, está atrasado, é imprescindível, tem que acontecer já”, adverte nesta entrevista.
Onde nasceu, onde se formou, e qual foi seu primeiro emprego em Rondônia?
Carlão – Nasci em Lupionópolis, norte do Paraná e me formei técnico agrícola em 1977, na Escola Sebastiana de Barros, em São Manoel (SP), e ingressei aos 18 anos no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no ex-território federal. Trabalhei quatro anos no Projeto Integrado de Colonização Gy-Paraná. Naquele período, dizia-se que o Incra tinha mais poderes do que o governo. Em 82 fui trabalhar em Boa Vista, na Secretaria de Agricultura de Roraima, e em 87 dei assistência técnica em soja e trigo em Fátima do Sul (MS). Sou casado com Maria de Fátima Paiva Xavier, funcionária do IBGE, temos quatro filhos e alguns netos.
E de Roraima retornou a Rondônia?
Sim. Três anos depois, em 90, fui oito anos secretário municipal de agricultura em Machadinho d’Oeste, o prefeito era Neodi Carlos de Oliveira. Vim depois estudar engenharia florestal na Faro em Porto Velho, e me formei em 2010.
E o Sindicato da Emater?
Em 2011 me elegi presidente do Sindicato dos Empregados da Emater. Fui conselheiro suplente do CREA entre 2014 e 2015 e diretor da Mutua (caixa de assistência) de 2015 a 2017.
O senhor tem atribuído ao CREA uma timidez diante da conjuntura estadual. Por quê?
Não temos participado do debate de políticas públicas, como deveríamos. No momento, o Plano Diretor está na orem do dia na Prefeitura de Porto Velho. Da aplicação do asfalto ao transporte, tudo converge para a engenharia. O esgotamento sanitário, o despejo e o tratamento do lixo, o meio ambiente num todo tem a engenharia como planejadora. O CREA precisa ser respeitado na sociedade.
Mas o Plano é do século passado e, finalmente, sai da gaveta...
É louvável resgatar a discussão do Plano (concebido na administração do prefeito Petrônio Barcelos), mas a nossa ausência e inaceitável. O CREA tem engenheiros agrônomos, florestais, eletricitários, mecânicos e deve ser mais consultado a respeito de diferentes áreas de trabalho. Muito mais do que outras profissões, temos que elaborar políticas públicas. O CREA passou a ser mero arrecadador de recursos, quando poderia contribuir bem mais com a sociedade, não se limitando apenas a fiscalizador.
Quem tem mais prioridade hoje?
Medicina, por exemplo. O País dá alguma prioridade à educação, mas a engenharia está carente. Os tigres asiáticos deram o grande salto tecnológico graças a ela. Até a medicina tem a participação da engenharia. Observe a construção de um prédio que abrigará aparelhos de alta geração. Ele tem que ser bem construído e adequado às exigências técnicas para o bem-estar de todos os que ali forem atendidos. Acredito que o cumprimento da Resolução 530/11 seria justo. Ela define a regularização na cobrança de taxa de elaboração de projetos e execução de serviços (Anotações de Responsabilidade Técnica). Isso tornaria o mercado mais competitivo.
Em geral, existe no Brasil uma série de reformas e execuções de leis em atraso. Vê chance de mudanças?
Não. Neste momento, não vejo condições de o Congresso Nacional dar conta de recuperar em tempo hábil tudo o que está estagnado. Com as disputas eleitorais em 2018, então...
Qual a sua proposta?
Precisamos apoiar os conselheiros das diversas Câmaras, em conjunto com a Assessoria Técnica, Fiscalização e Jurídico, para elaborarmos o Manual do Inspetor, que atenda a várias modalidades. E adotar a fiscalização preventiva e integrada em conjunto com vários órgãos públicos, no que resulta em benefícios diretos às zonas urbana e rural em todos os municípios rondonienses.
Como é possível essa fiscalização integrada?
Pelo diálogo entre diversos órgãos, entidades, e o poder público. Dos bombeiros à vigilância sanitária, desta ao Ipem... Em nosso quadro temos profissionais ideais e qualificados. Um perito florestal, um perito mecânico, por exemplo, podem atuar na reserva e no garimpo. O perito em eletricidade garante a segurança da fiação de uma casa. Qualquer órgão público, em algum momento, apresenta demandas que devem ser atendidas por eles.
Seu slogan é “O CREA que queremos” e propõe mudanças. O que precisa ser mudado?
O País enfrentou e enfrenta situações distintas em diferentes camadas sociais. Urgentemente, precisamos retomar princípios éticos que antes nos engrandeciam. Eu me proponho a trabalhar para que o CREA cumpra funções estabelecidas na legislação, fomente o exercício legal no âmbito das Engenharias e Agronomia e, sobretudo, busque parcerias.
O que senhor conseguiu na direção da Mutua?
Em minha gestão o número de filiados aumentou 80%, alcançando 1.850. Triplicamos o valor dos recursos liberados, e essa conquista transformou a entidade na maior caixa de assistência do CREA na Região Norte Brasileira. Adquirimos o terreno para a sede própria na Rua José Camacho. Um dos motivos do êxito da Mutua nesta região é que não diz respeito somente ao dia a dia, mas no cuidado com os profissionais.
De que maneira?
Quando a gestão dá certo, os colaboradores ganham no ambiente de trabalho, na qualidade de vida, passam a render mais para as empresas e órgãos públicos, e oferecem o máximo rendimento. Ou seja, correspondem de fato às necessidades das pessoas.
O senhor disse que o CREA precisa ser respeitado pela sociedade. E qual a contrapartida?
Promover ações que esclareçam a função do Conselho, desmistificando a atual visão cartorial. Organizar para os municípios um benéfico programa de moradias regulares, econômicas, em condições de uso. O máximo de esforço para criar líderes. Atualmente, o País não forma empreendedores. As faculdades entregam lideranças para outras áreas, menos para engenharia.
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