Quarta-feira, 13 de julho de 2011 - 19h04
MONTEZUMA CRUZ
Editor de Amazônias
– Esperem uma solução até sábado, agora voltem para suas casas
– Mas nós não temos mais casas; derrubaram nossos barracos e a gente tá na chuva.
O diálogo foi travado na manhã de ontem na manhã de ontem em frente ao Palácio Presidente Vargas, no centro de Porto Velho, entre o ajudante-de-ordens do governador, capitão Wellington, oficiais da Polícia Militar e os despejados do Bairro da Embratel que ali estavam para uma manifestação, quase todos maltrapilhos, alguns trajando apenas calções e bermudas.
Era o dia quatro de maio de 1982. Eu cobria o assunto para o Jornal do Brasil. Portando faixas com dizeres em tinta vermelha, parte dos 150 desalojados pedia terras diante de um contingente armado da PM. A praça do palácio governamental estava toda cercada por soldados, policiais civis e agentes da Polícia Federal. Uma hora antes, às 9h40, os despejados haviam se concentrado em frente à prefeitura, onde não foram recebidos.
Porto Velho, anos 1980: disputa de espaços urbanos envolviam latifundiários urbanos, sem-teto e desempregados /SKYSCRAPERCITY |
“Não há qualquer área para o remanejamento dessas famílias”, alegava o procurador-geral do município, advogado Amadeu Guilherme Machado. Na verdade, havia sim uma imensidão de terras devolutas, terras de latifundiários, terras da Igreja Católica e de outros donos.
A empresa J.J. Engenharia Rodoviária Ltda. ganhava um mandado de manutenção de posse da Fazenda Pública, assinado pelo juiz João Batista Vendramini Fleury.
A ação movida contra a prefeitura visava conter a acusação de que aquela empresa cercara nove hectares no Bairro Embratel, quando teria direito a cinco. Quando a prefeitura abriu ruas naquele local ocorreram novas ocupações, informava a prefeitura.
O sem-teto cearense Sérgio de Vasconcelos foi preso por Pms e pelo delegado do 1º DP, José Lamarques. Levado ao 2º DP foi interrogado.
A polícia identificava alguns jornalistas como “aliados dos sem-teto”. Nessa ótica, na mureta da escadaria palaciana o tenente PM Cavalcanti apelava para que “acalmássemos os manifestantes.” Mais tarde eles retornariam ao bairro a pé, para dormir ao relento.
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