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Robson Oliveira

A democracia representativa tem que ser reinventada, antes que pereça na UTI - Por Robson Oliveira


A democracia representativa tem que ser reinventada, antes que pereça na UTI - Por Robson Oliveira - Gente de Opinião
Resenha política
Robson Oliveira

Establishment
Apesar das mais variadas avaliações feitas por aí sobre as surpresas aprontadas pelos eleitores no país afora aos velhos caciques políticos nestas eleições municipais, a verdade é que a população mandou um recado claro aos políticos, que rejeita o atual sistema eleitoral e o establishment que comanda o poder político nacional. O voto em branco, nulo e a abstenção são a prova cabal dessa reprovação. A democracia representativa tem que ser reinventada, antes que pereça na UTI.


Cláusula
A multiplicação de partidos contribui definitivamente para a desmoralização do sistema partidário, embora a quantidade de prefeitos eleitos por estas siglas nanicas tenham aumentado. Não há outro caminho para pôr ordem nesse sistema senão a cláusula de barreira. Somente assim, partidos de aluguel e mandatários cartoriais de siglas desaparecem. Esta cláusula impõe aos partidos uma votação nacional mínima para ter acesso ao fundo partidário e tempo de televisão. Outra anomalia é a coligação, pois sem ela muita gente eleita atualmente com votações menores do que outro mais bem votado não teria sido proclamada eleita.

Paradigma
O resultado final das eleições municipais da capital rondoniense é um alerta amarelo aos caciques estaduais acostumados a fazer política com a máquina partidária azeitada, em alguns casos a máquina pública. Revelou também que a forma antiquada e atrasada de desconstituir reputações não consegue mudar em nada a decisão do eleitor. A forma também do candidato dialogar com o eleitor mudou, ou seja, uma eleição que mudou paradigmas. Quem não perceber será de novo surpreendido.


Gafes
Dr. Hildon Chaves (PSDB) venceu uma eleição em Porto Velho muito complicada, mas obteve um resultado maiúsculo. Mesmo as eventuais gafes cometidas por falta de traquejo na política não foram capazes em si de influenciar no resultado final, embora os estrategistas do adversário não tenham percebido e insistido exaustivamente nesta tecla.

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Xeque-mate
O xeque-mate que pavimentou a vitória foi a declaração do Dr. Hildon, ainda na noite da consagração do primeiro turno, que dispensaria apoio dos caciques e da velha política. Atordoado com a declaração, o adversário não percebeu a manobra e passou recibo condenando a fala do candidato tucano. Mas o eleitor soube avaliar e aprovar o que disse Dr. Hildon, colocando a campanha de Léo Moraes (PTB) em xeque-mate. A declaração do tucano inibiu o petebista a convocar uma coletiva ao lado dos velhos caciques, no dia seguinte à abertura das urnas do primeiro turno, para demonstrar força política e fulminar um opositor até então desconhecido da maioria dos cidadãos.

Subestimar
A verdade é que parte considerável das forças políticas rondonienses subestimou a candidatura do Dr. Hildon. Exceto o deputado estadual Ribamar Araújo (PR), que imediatamente ao final do primeiro turno sinalizou apoio ao tucano. Os demais deputados estaduais, capitaneados por Maurão de Carvalho, entraram na campanha de Léo Moraes. O governador Confúcio Moura (PMDB) e os secretários também aderiram. Aliás, coube ao governador encerrar a campanha de TV e rádio do petebista prometendo asfaltar todos os bairros da capital. Uma promessa demagógica, mas que o eleitor deveria agora exigir que fosse cumprida.


Entrevista do prefeito eleito Hildon Chaves(PSDB) ao jornalista Léo Ladeia da SIC TV



 
Execração
A democracia representativa tem que ser reinventada, antes que pereça na UTI - Por Robson Oliveira - Gente de OpiniãoO Presidente Regional do PSDB, Expedito Júnior, apesar de ser o principal articulador da candidatura de Hildon Chaves, manteve-se discreto na campanha administrando os conflitos naturais de um pleito. A discrição não impediu que o comitê eleitoral do petebista partisse para execrá-lo como forma de desmontar o discurso de o “novo” na política, forjado pelo pupilo Hildon Chaves. Júnior foi o que mais apanhou na campanha da capital. Esqueceram um detalhe: em todas as pesquisas feitas com os prováveis candidatos a senador de 2018, o grão tucano aparece bem postado. Trocando em miúdos, hoje tem mais intenção de votos ao Senado do que rejeição.

Hipocrisia
Finalmente, um congressista descolado do "politicamente correto" decidiu apresentar um projeto de lei para que a vaqueja - evento centenário da cultura nordestina - seja considerada legal. É que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 6 votos a 5, declarar inconstitucional uma lei cearense que regulamentava a atividade, sob a alegação que a vaquejada impõe sofrimento aos animais. No entanto, fecha os olhos em relação as trocas de sopapos, murros, pontapés e cotoveladas  entre praticantes do UFC ou MMA. Nessas arenas, ao que parece,  seres humanos podem se engalfinhar até sangrar que não há sofrimento e é constitucionalmente legal. O congressista corajoso é o senador baiano Oto Alencar (PSD) que quer a liberação da vaquejada em respeito a cultura centenária nordestina.  Hipocrisia pura tal vedação.

Aviso
Esta coluna optou por não ser atualizada durante todo o segundo turno porque este cabeça chata que a escreve decidiu apoiar a candidatura de Hildon Chaves, um amigo de longas datas. Uma decisão pensada em respeito a meia dúzia de leitores que cobram profissionalismo e responsabilidade deste dublê de articulista. A missão eleitoral foi cumprida e a partir de primeiro de janeiro vai cobrar do prefeito eleito Hildon Chaves uma administração digna do que a população almeja. Caso contrário, independente da amizade, vai ser dura com a administração e se manterá fiel às exigências que fez ao longo dos quatro anos de Mauro Nazif (PSB). Portanto, nosso alinhamento político se encerrou com a vitória. Quem viver verá!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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