Sexta-feira, 19 de março de 2021 - 15h44
CONTRAMÃO
O presidente Jair Bolsonaro decidiu ir ao Supremo Tribunal Federal
para contestar a autonomia política dos governadores que instituíram o toque de
recolher como medida extrema na tentativa de diminuir os índices alarmantes de contaminados,
sob a justificativa obtusa de usurpação de função. O presidente vai na
contramão das medidas preventivas de combate à Covid-19, visto que a população
está majoritariamente favorável às medidas, conforme pesquisa do DataFolha
publicada ontem (quinta-feira).
KAMIKAZE
De acordo com a pesquisa, a opinião majoritária dos entrevistados
também conclui que o caos na saúde causado pela pandemia está totalmente fora
de controle, o que assusta os brasileiros e deixa a comunidade internacional
aturdida com o negacionismo do governo brasileiro. A sensação que passa é que o
Brasil é um Boeing desgovernado com um piloto suicida a bordo.
VÍRUS
Alguns governadores atentos ao vírus e preocupados em implementar
políticas de prevenção para salvar vidas não escondem a irritação com o
comportamento kamikaze de Bolsonaro e creditam a este comportamento uma das
principais causas a ser combatida na pandemia, além do vírus. Parafraseando a
frase atribuída ao soberano francês Luís XIV, ao que parece Bolsonaro decidiu
governar adotando como lema: “Quem manda sou eu. Eu sou o Brasil”. Um
comportamento que se confunde com o próprio vírus pela alta
letalidade.
IGNORANDO
O deputado Lúcio Mosquini (MDB) manifestou preocupação com a
possibilidade de desabastecimento de oxigênio para uso terapêutico contra a
Covid-19. Em contato com autoridades do Amazonas, os membros da bancada federal
requereram que os cilindros sejam encaminhados para Rondônia, haja vista que na
capital amazonense o pico da pandemia arrefeceu. Mosquini, no entanto, fez uma
revelação tão catastrófica quanto o próprio vírus: que o governador Marcos
Rocha nunca demandou da bancada uma ação para ajudar no combate ao caos que se
encontra o sistema público de saúde. Segundo o deputado, mesmo os parlamentares
se colocando à disposição do governo, são ignorados por Marcos Rocha e seu
secretariado. Por esta razão a bancada tem procurado ajudar a população através
dos prefeitos, que, segundo ele, estão mais empenhados no combate ao caos do
que o governo estadual.
AZEDO
Nos últimos dois anos o deputado federal Léo Moraes não deu
nenhuma declaração com crítica contundente contra o governo do coronel Marcos
Rocha, ao contrário, optou em manter relações amistosas inclusive quando a
pandemia se expandia em todo o estado e o índice de óbitos subia na mesma
medida. Pela denúncia que fez relativa à alíquota do ICMS dos combustíveis
pelas mídias sociais, as relações brandas azedaram de vez.
ALÍQUOTA
Segundo Léo, o Governo de Rondônia teria majorado a alíquota,
sorrateiramente, em pleno momento pandêmico, aumentando a base de cálculo.
Diferente das explicações dadas pelo Secretário de Fazenda que negou a
denúncia, o deputado lembra que em janeiro a gasolina em Rondônia na bomba era
4.76 reais, em março passou a 5.40, após o estado modificar o cálculo de base
do ICMS dos combustíveis. Embora os preços do petróleo sejam vinculados às
oscilações do dólar, o que Léo Moraes denuncia é a mexida para cima no
percentual do imposto cobrado. Bastaria o executivo estadual deixar a mesma
alíquota, antes da oscilação cambial.
FIXAÇÃO
O Governo de Rondônia, através da SEFAZ, alega que os valores da
alíquota são fixados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ),
formado pelos Secretários Estaduais de Fazenda e a União. A informação do
secretário estadual de fazenda é verdadeira, mas ele omite um detalhe
importante que Léo Moraes trouxe à discussão: quem requer a majoração ao Confaz
são os estados. A base de cálculo é feita de acordo com a tabela de preços
médios elaborados pelo Confaz, ou seja, o preço de referência é estipulado a
partir de uma estimativa feito com base no PMPF (preço médio ponderado ao
consumidor final). O que faz com que a alíquota flutue, infelizmente sempre
para cima.
DESPREZÍVEL
Irritado com a tentativa de desqualificação da denúncia pelo
Secretário de Fazenda, Léo Moraes disse que o coronel governador Marcos Rocha é
um “ser desprezível, hipócrita e desqualificado”. Segundo Léo, quem mentiu foi
o governo, ao escalar o chefe da Sefaz para desmentir uma denúncia que o
parlamentar, havia feito. À coluna Léo Moraes lembra que Bolsonaro havia
desafiado os governadores a zerarem a alíquota sobre os combustíveis, mas
Marcos Rocha, que se diz siamês com o presidente, se fez de mouco. “É um
governador mentiroso, incompetente e desprezível e safado”, garantiu
Léo.
PROPOSTA
O atual modelo dos preços cobrados nos combustíveis é questionado
pelo Governo Federal. Dormita no Congresso Nacional um projeto de alteração na
forma de cobrar o ICMS sobre estes produtos, criando uma alíquota fixa. Isto
impediria os estados de proporem ao Confaz aumentos do cálculo das alíquotas,
como fez Rondônia. A União garante que o atual modelo eleva os preços num
sistema de retroalimentação, já que o imposto aumenta quando o preço está alto,
provocando novos repasses às bombas. A proposta mudando a regra é combatida
pelos governadores, inclusive o rondoniense.
PROVA
A prova que a denúncia de Léo Moraes tem pertinência é a
informação dada pelo Confaz de que apenas os estados da Bahia, Ceará, Maranhão,
Mato Grosso Sul, Pará e Pernambuco mantiveram o PMPF inalterados na segunda
quinzena de março, o que dá lastro de veracidade à denúncia feita pelo deputado
federal. O aumento médio do ICMS sobre os combustíveis de Rondônia foi de 4,4%,
refletindo no aumento da gasolina, diesel e derivados.
GÁS
Embora o Governo Federal tenha isentado o PIS/Confis sobre gás de
cozinha, na tentativa de derrubar os preços, os estados, ao utilizar a base de
cálculo do PMPF, aumentaram a botija, inclusive Rondônia. O pior é que aumentou
quatro dias depois que o governador Marcos Rocha falou para as pessoas que
protestavam nas cercanias do palácio que diminuiria esses impostos. Razão pela
qual Léo Moraes tem absoluto direito de apontar o dedo para fuça do governo e
detonar: “Mentirosos são vocês”.
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