Terça-feira, 26 de maio de 2020 - 18h37
SINECURA
Depois de vinte anos o Governo de Rondônia decidiu recriar a Secretaria de Estado de Obras, que havia sido fundida há duas décadas ao Departamento de Estradas e Rodagens. Embora o governo tenha alegado uma lorota para aumentar a estrutura organizacional do estado, as razões que justificaram a junção entre as duas pastas, ao nosso ver, continuam as mesmas. No entanto, não é assim que compreende o coronel e governador Marcos Rocha que separou as estruturas com características de sinecuras.
ILHADO
Há um ano e meio na condição de chefe do executivo estadual Marcos Rocha ainda não disse para que veio. É hoje o governador mais isolado do país: não tem um lastro político substancial no parlamento estadual, é ignorado pelos membros da bancada federal e não tem uma única obra de relevância para imprimir uma marca governamental. Aliás, isolou-se antes da pandemia e, em razão disso, com o distanciamento social estabelecido pelos protocolos sanitários, virou um governante solitário. Segue governando sem nenhum brilho. As poucas aparições que consegue fazer ocorrem por meio de suas mídias sociais em forma de monólogo.
SCRIPT
Quando instado a falar sobre ações relevantes de interesse estadual e que são relegadas ao senso comum, a exemplo do desmonte do sistema de saúde, o governador segue um script já desgastado de que tudo é invenção (fake) de uma mídia ávida por jabá – embora não aponte nenhum caso concreto de extorsão. A permanecer nesta linha da frase "fake" cunhada para jogar a culpa em supostas invencionices de um jornalismo tendencioso, o coronel Marcos Rocha vai passar pelo governo como se nunca tivesse passado.
OSTRACISMO
O script seguido por Rocha é o mesmo que seguiu o professor Ângelo Angelim com perfeição ao governar o estado de Rondônia sem reconhecimento como líder da própria tropa política que o elegeu. Mesmo tendo sido um sujeito culto, doce e humano, o professor morreu no ostracismo. Já o coronel nem a verve ostentada pelo mestre tem para ser lembrado.
CRISE
Nos períodos de maior dificuldade, quando emergem as crises, é que os governantes revelam suas capacidades de liderança e de gestão. A pandemia está expondo a falta de capacidade dos nossos gestores em lidar com situações extremas, para que no dia seguinte possamos superar os traumas, as mortes e a carência pela subsistência. Qualquer previsão do que vai acontecer nos próximos meses é inútil, visto que as probabilidades não possuem elementos de certeza em nenhuma premissa.
EXTREMOS
Tudo é incerto, exceto uma guerra de extremados nas mídias sociais que somente aprofunda a crise e racha a unidade do país. Para piorar a situação, parte das nossas autoridades ajuda a espalhar o vírus do ódio ao invés de unir as pessoas para que possam superar todas dificuldades. O Brasil, hoje, enterra seus mortos, sem projetar seu futuro, mas, com isso, enterra as esperanças ao reviver um passado que também deixou muitos traumas.
PROJEÇÕES
Pelas projeções da curva de pico da contaminação pelo coronavírus em Rondônia, produzidas pelos competentes professores doutores Ana Escobar e Tomás Daniel Menendez, acontecerá entre os dias 8 e 10 de junho. Como são projeções que orientam e alertam as autoridades a adotar ações efetivas para que a curva seja achatada, minimizando os estragos, é preciso que a população faça a sua parte aumentando o distanciamento social para conter o contágio.
RECOMENDAÇÃO
Os pesquisadores recomendam que sejam mantidas as medidas de isolamento social com maior rigor em relação às que estão sendo observadas. Caso contrário, com o esgotamento do sistema de saúde, Rondônia, e em particular nossa capital, pode sofrer o mesmo caos sanitário que os manauaras estão passando. As zonas sul e leste, onde as pessoas descumprem os protocolos anunciados de distanciamento e cuidados pessoais, são as que mais preocupam, visto que as confirmações do Covid, nestas regiões, aumentaram exponencialmente. Abrir o comércio sem um planejamento bem elaborado atendendo as recomendações científicas pode ser nosso caos.
NEGAÇÃO
É verdade que há uma onda de grupos negacionistas que emergiu em meio a uma guerra ideológica, mas quando vidas estão sendo ceifadas, o melhor é colocar as barbas de molho e ficar em casa, em especial quem preza pela própria e de seus familiares. Toda onda vem e vai. A vida quando vai, independente das crenças, nunca mais volta.
ABSURDO
Há uma articulação política na capital para conceder uma produtividade aos médicos que forem ao front do combate ao Covid-19. Os enfermeiros, técnicos e auxiliares, por exemplo, são os que mais trabalham nesta guerra e os que mais tombaram. Em qualquer reportagem sobre a pandemia, são os trabalhadores da enfermagem os mais procurados, haja vista serem os que ficam ao lado dos pacientes do início ao fim da internação e, em razão disto, os mais expostos à contaminação. É um absurdo não ampliar a concessão da produtividade para quem é protagonista desta luta e que mais tomba em consequência da guerra. Em tempo de crise e eleição, erro político é um bom caminho para se enterrar.
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