Terça-feira, 24 de março de 2015 - 12h11
Robson Oliveira
Prudência
Na medida em que os representantes das entidades dos segmentos profissionais do serviço público anunciam uma ameaça de greve sem antes exaurir todos os meios de negociação, incorrem no erro de dar com os burros n’água. O executivo estadual garante que há uma limitação jurídica (Lei de Responsabilidade Fiscal) para conceder aumentos. Sendo verdade, o movimento paredista estará fadado ao fracasso. Seria prudente, antes da deflagração da greve, exigir que o governo abra as contas para que uma comissão dos servidores possa verificar a real situação das finanças estaduais. O Sindicato dos Auditores Fiscais poderia contribuir com esta verificação.
Reação
O Governo de Rondônia decidiu reagir às más notícias que entraram na pauta nas últimas semanas e veiculou nos meios de comunicação várias propagandas sobre as ações governamentais. Emissários pediram uma trégua à mídia para dar fôlego ao mandatário a se recompor das manchetes ruins, particularmente depois que foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral. Foi preciso requentar ações antigas para colocar no ar as novas peças visando melhorar a imagem de uma administração capenga. Aliás, são peças bem finalizadas.
Apoplético
Auxiliares do governador que o acompanharam num evento em Ji-Paraná, semana passada, revelaram à coluna que Confúcio Moura está mais animado com os embargos modificativos que serão julgados na corte eleitoral. Embora ainda esteja apoplético com a possibilidade de ser mais uma vez cassado na ação do MPF que entrará na pauta do TRE nos próximos dias, por abuso de poder econômico e político.
Embargos
Com os prazos exauridos para as partes do processo que cassou o governador, os autos estarão conclusos nos próximos dias para serem julgados os embargos opostos. Os pedidos, com efeitos modificativos, repisam a mesma tese de que não houve distribuição indistinta de comida para convencionais do PMDB e PDT e para as demais pessoas que lotaram o clube Talismã na convenção que aclamou Confúcio Moura candidato a governador. E que as provas são insuficientes para uma cassação, pois foram produzidas por sites supostamente ligados ao candidato vencido.
Embargos II
Devem alegar ainda que no acórdão alguns pontos elencados na inicial não foram enfrentados, a exemplo da possibilidade de que, reconhecida a ilegalidade atacada, deveria ser aplicada uma pena pecuniária por ser menos gravosa a fatos que não restaram por inteiro comprovados. Essa suposta omissão no acórdão seria grave o que exigiria reforma. Os governistas insistem que alimentar os convencionais não é vedado por lei e que a comilança exposta em foto no julgamento é mera armação da mídia adversária ao governador. Quanto a saciar a fome de convencionais, está correto: não é proibido. Mas o que está em debate é a extensão dessa comilança, ou seja, a lei veda distribuir comida indistintamente, conforme ocorreu, o que caracteriza abuso de poder econômico. Ademais, mesmo que as fotos tenham sido capturadas por uma mídia “adversária”, não elide o problema, pois as imagens registradas são reais.
Hercúleo
Mesmo se esmerando com competência para reformar a decisão que cassou o governador, as argumentações expostas pela defesa seguem a mesma tática de que a alimentação servida durante a convenção do PMDB e PDT não é prova suficiente para configurar o indigesto resultado a que chegou o Tribunal Regional Eleitoral. E que houve excesso na aplicação da lei que reconheceu o abuso de poder econômico.
Multidão
Pelas atas de votação, estavam habilitados a votar apenas 179 convencionais e as filas que se formaram para o regabofe davam voltas no imenso salão principal do Talismã. Se esse fato concreto não tem condão de caracterizar abuso, conforme reconheceu o TRE, será preciso mudar o significado do verbete na próxima edição do nosso dicionário.
HSBC
Colunista da Folha de São Paulo, Fernando Rodrigues, revelou a lista de políticos que receberam dinheiro do empresário Alceu Elias Feldmann (titular de uma conta secreta na Suíça) para as campanhas eleitorais . Lá constam os nomes do governador Confúcio Moura e do deputado estadual Luizinho Goebel, além de uma ex-assessora do Governo de Rondônia. Procurados pelo colunista para comentar a revelação todos informaram que foram doações legais e declaradas na Justiça Eleitoral. HUMMM!
Benevolência
Embora garantam que foram doações legais, a benevolência de Alceu Elias Feldmann em torrar sua grana com candidatos rondonienses ainda tem razões desconhecidas. Ninguém sabe se ele (empresários) possui negócios no estado, mas a bondade suscitou curiosidades e começou a ser investigada. O Senado, por exemplo, vai instalar uma CPI para apurar as denúncias envolvendo estas contas do HSBC.
Reconhecimento
Pela segunda vez o rondoniense Manoel Carlos Neri da Silva foi reconduzido à presidência do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em Brasília, por unanimidade de votos das bancadas estaduais. É o reconhecimento dos profissionais de enfermagem à capacidade e perspicácia com que Manoel Neri conquistou sua liderança entre o sistema Cofen-Corens. Um orgulho para o estado ter um dos seus filhos nascido nas comunidades ribeirinhas galgando com dignidade esse reconhecimento.
Obra
O médico e escritor José Ferrari lançou sua segunda obra intitulada "Raimundo Vira-latas Nonato". Um personagem criado como fio condutor das mais variadas reclamações do autor, contando muito dos devaneios do homem médio que ajudou na colonização de Rondônia. Raimundo Nonato é um misto de “Dançarina da Praça” com a tenacidade dos sofistas da antiguidade. A primeira pela forma com a qual escracha a vida de forma simples, leve e circense. E com o segundo, pela eloquência com que reportam o cotidiano da mistura de raças, credos e cultura das mais variadas pessoas que aqui fincaram raízes. Embora seja uma coletânea de temas abordados pelo personagem sem compromissos literários ortodoxos, é uma obra fácil de ler e entender. Perto do final o autor faz um justo tributo ao saudoso jornalista Paulo Queiroz, personagem indispensável na história do jornalismo local. Recomendo!
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