Terça-feira, 30 de março de 2021 - 13h18
PERPLEXIDADE
Ouvi atentamente uma entrevista concedida por
um médico de São Paulo a uma emissora de rádio e TV da capital sobre o
tratamento precoce da Covid-19, antes da infecção. É um tema que deveria ficar
circunscrito aos especialistas, mas passou a ser abordado pelos generalistas,
embora médicos. O que causou perplexidade a este cabeça chata foi uma afirmação
do entrevistado garantindo que o lockdown não traz serventia nenhuma, ao
contrário, teria provocado um aumento de 14% de mortes em relação às cidades
que não adotaram. Para dar veracidade à declaração, o entrevistado indicou uma
fonte que, verificada pela coluna, não é conclusiva da forma como foi dita.
Perplexidade é pouco.
LOCKDOWN
Dois artigos publicados na revista Nature,
disponíveis na internet, já apresentavam desde julho do ano passado estimativas
dos efeitos iniciais das medidas restritivas. Um deles (Hsiang et al), tratando
das medidas de redução de contágio adotadas em 1,7 mil diferentes localidades
da Ásia, Europa e EUA, até então, sugeria que mais de 140 milhões de infecções
haviam sido "evitadas ou adiadas" graças às restrições. Outro
(Flaxman et al), sobre 11 nações europeias, calcula que 3 milhões de vidas
haviam sido salvas pelas restrições. São números expressivos que majoritariamente
a comunidade científica atesta como corretos. Não há um único trabalho sério
dos negacionistas, com conclusões contrárias, que seja utilizado
como referência pelos especialistas e cientistas. Exceto os médicos
generalistas.
EXEMPLOS
A literatura não para por aí. Em julho,
artigo no British Medical Journal (Islam et al), avaliando medidas de
distanciamento social em 149 países - de restrições ao transporte público,
passando pela proibição de aglomerações públicas e chegando ao lockdown
(definido pelos autores como controle da movimentação dos cidadãos) - estima
que tais medidas, em conjunto, haviam causado uma redução média de 13% na
incidência da Covid-19; sendo a adoção de lockdown nos estágios iniciais da
intervenção um fator que amplificou o benefício. Tais informações podem ser
encontradas no site Viva Bem, referência sobre Covid.
FALSO
Não bastassem os dados confusos e informações
científicas questionáveis, durante a entrevista o médico disse sem nenhum pejo
que as medidas restritivas adotadas pela cidade paulistana de Araraquara foram
inócuas. Verificando os dados oficiais disponíveis no site do município vamos
concluir que a declaração não se sustenta e que, o lockdown adotado no interior
paulista, foi exitoso. Ora, afirmar que durante a decretação dessas medidas
restritivas teria aumentado as mortes é um absurdo, em razão de que, para
aferirmos os dados, os casos que confirmam as infecções ocorrem sete dias após
o lockdown. Portanto, no números de mortos que eventualmente sejam computados
durante a adoção destas medidas, a infecção ocorreu antes do decreto de
isolamento. E não durante o lockdwon.
CURIOSIDADE
Para defender o chamado tratamento precoce,
ou seja, o uso daquelas drogas que cientificamente não combatem o coronavírus
(ivermectina, hidroxocloroquina, entre outras), os generalistas utilizam de
contorcionismos farmacológicos como lastro terapeuta. Uma curiosidade não passa
despercebida da coluna, visto que aqui é onde concentra uma parcela enorme de
profissionais da medicina que defende o uso terapêutico precoce com o kit
covid. E o curioso é que a capital rondoniense é proporcionalmente a segunda do
país com mais óbitos. Daria um bom material de estudo investigatório se tais
fatos têm a ver um com o outro. O resultado dissiparia a lorota que propagam
por aí nossas autoridades.
ADESÃO
Em uma live feita pelo governador Marcos
Rocha com profissionais da medicina ficou clara a defesa do chefe do executivo
estadual do uso precoce com o kit covid na rede estadual. Como é um defensor do
tratamento precoce, concluímos que Marcos Rocha seja também um usuário do kit.
Nem assim se livrou de passar duas semanas internado numa unidade hospitalar
privada da capital quando precisou dos cuidados para curar das consequências
infeciosas provocadas pelo coronavírus, conforme anunciou ano passado pelas
mídias sociais. Marcos Rocha é prova real que o kit não tem serventia,
confirmando o que dizem os especialistas em doenças infeciosas e parasitárias e
todo o mundo científico. Tempos difíceis, impensáveis há pouco
tempo, ter que lidar com a ignorância que mata.
DROGAS
Apenas uma afirmação a coluna concorda com o
médico entrevistado, utiliza o kit vermífugo quem quiser. Nem os médicos que
fazem dessas drogas uma salvação podem prescrever sem que o paciente concorde.
Embora seja uma justificativa igualmente falsa porque a pessoa doente segue
toda a prescrição do seu médico. Somente os mais curiosos que leem as bulas e
verificam a composição das drogas é que eventualmente questionam algumas
prescrições.
RUPTURA
Independentemente das simpatias ou não com o
governo do presidente Jair Bolsonaro, apenas o debate de uma suposta ruptura
constitucional é algo grave em qualquer democracia digna de respeito. Os filhos
e seguidores do presidente insistem em flertar com um golpe constitucional, o
que é absolutamente reprovável, inclusive em razão dos acenos do mandatário. A
crise aberta com a demissão do Ministro da Defesa, ao se opor que as Forças
Armadas sejam envolvidas com a política, revela a faceta mais sombria de um
governante que flerta desde o primeiro dia de governo com a ruptura
constitucional. Ainda bem que nossas forças são fortes o suficiente para evitar
aventuras de um louco qualquer. Pelo menos por enquanto...
VACINAS EM PORTO VELHO
Todas as tratativas burocráticas exigidas
pelas negociações internacionais para que o município de Porto Velho adquira as
quatrocentas mil doses de vacinas AstraZeneca estão sendo concluídas. Mesmo com
alguns setores políticos torcendo contra por razões mesquinhas, as negociações
estão avançadas com o Fundo Americano investidor da vacina produzida por
Oxford. O prefeito Hildon Chaves tem se empenhado pessoalmente para vencer os
entraves burocráticos em razão das normas rígidas envolvendo a compra. No
momento, por exigência do Banco Central, o município está encaminhando a
documentação suplementar para que a carta financeira seja expedida em favor do
Fundo.
PROGRAMAÇÃO
Segundo o prefeito da capital, diferente da
Sputnik V que ainda aguarda a liberação pela ANVISA, a vacina adquirida pelo
município está liberada para importação. A programação de trintas dias,
conforme anunciado, ainda se mantém. Embora sejam tratativas de importação
complexas e que exigem uma logística eficiente.
PROGRAMAÇÃO II
Instado a falar sobre um eventual atraso,
propagado pelos adversários, o prefeito disse que lamenta alguém torcer contra
a compra da única salvação para conter a pandemia. “Minha parte estou fazendo.
Não fiquei parado esperando que o Ministério da Saúde consiga enviar as doses
suficientes para imunizar a população de Porto Velho, fui atrás e estamos
comprando. Caberá agora o vendedor cumprir sua parte. O que espero que ocorra dentro
do programado. Torço para que o governo estadual e outros municípios de
Rondônia também consigam adquirir as vacinas para que possamos voltar à nova
normalidade”, observou Chaves.
GOLPE
Hildon explicou que todos os cuidados foram
adotados pela prefeitura da capital para que os recursos destinados à compra da
vacina não sejam surrupiados. Por se tratar de uma operação comercial complexa
a prefeitura exigiu da contratada um seguro que ateste as vacinas, a segurança
do transporte até Porto Velho e indenização na hipótese de extravio da carga. A
possibilidade de o negócio virar um engodo é mínima. “Tudo que está ao nosso
alcance para a compra das vacinas está sendo providenciado. Sou um otimista e
tenho certeza que o vendedor vai entregar o mais rápido possível, mesmo com a
preferência de envio para os países que responsavelmente primeiro adquiriram”,
frisou.
REFELEXÃO
O leitor, Maurílio Vasconcelos, um dos mais
bem informados, envia à reflexão os seguintes dados:
"Caro amigo, o governo do estado recebeu
do Ministério da Saúde 70.408 doses, e o governador promete comprar mais 1
milhão de doses. Com as quatrocentos mil doses anunciadas pelo prefeito da
capital teremos a disposição do estado um milhão e quatrocentas e setenta mil e
quatrocentas e oito doses para uma população de um milhão setecentos e quarenta
e nove habitantes. Caso tudo dê certo teremos um dos maiores percentuais de
vacinação no Brasil, com 84,07% de pessoas vacinadas. Assim sendo só
perderíamos para Israel. Hoje nosso percentual de vacinados é um dos menores
entre os estados do Brasil". Concordo com Maurílio Vasconcelos,
intelectual da melhor cepa. Resta agora a pergunta: combinaram com os
Russos?
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