Quarta-feira, 25 de março de 2020 - 11h51
PLANO CONTINGÊNCIA
A pandemia que assola o mundo e tem exigido dos governantes muita capacidade para evitar que o coronavírus se alastre colocando o sistema de saúde em colapso, revelou também a falta de competência da maioria dos prefeitos brasileiros e alguns governadores – além do presidente – em lidar com a crise. Os governadores do Nordeste, Rio e São Paulo perceberam o tamanho do problema e se anteciparam baixando ações restritivas de ir e vir. Ampliaram a oferta de leitos e criaram um plano de atendimento em massa (caso necessite) em estádios, prédios vazios e hospitais desativados.
DESCASO
Em contramão às ações dos governadores, a bem da verdade, e do prefeito de São Paulo, a maioria dos alcaides não está sabendo enfrentar a pandemia. Exceto atos administrativos óbvios: fechamento do comércio, parques, escolas, entre outras, os prefeitos, particularmente os rondonienses, não anunciaram uma única medida concreta para atender à população caso a pandemia se espalhe por aqui. O descaso é tão brutal que não é raro verificar pacientes jogados ao chão nas unidades hospitalares públicas. A população de Rondônia estará sozinha na hipótese do número de infectados aumentar exponencialmente.
LEITOS
Sequer a possibilidade de hospitais de campana fora especulada pelos prefeitos e nem pelo governo de Rondônia. Não há novos leitos para casos menos graves nem unidades de terapia intensiva para os mais graves. As poucas UTIs existentes estão ocupadas por pacientes com outros diagnósticos. A vagas são pouquíssimas.
ROLANDO LERO
O Secretário de Estado da Saúde – que fala pelos cotovelos – é um bom comunicador e tem dado bem o recado sobre prevenção, mas não apresenta um plano de contingência com novos leitos. Todas as aparições nos meios de comunicação são de olho nas eleições. Embora este cabeça chata não tenha ouvido um único profissional de comunicação perguntar ao secretário sobre novos leitos, é preciso que haja um plano emergencial nesse sentido. Os secretários municipais também têm demonstrado que estão despreparados para encarar o problema, eventualmente para os cargos que ocupam.
ERRO
Esta pandemia não pode ser encarada como se fosse uma doença letal apenas sobre a faixa etária dos mais velhos, o que é um erro, embora sejam os mais vulneráveis. A Aids, por exemplo, foi, no início, chamada de "peste gay". Os homossexuais, além de sofrerem com a epidemia, ainda passaram por preconceitos horríveis por causa da doença. Hoje sabemos que todos podem ser contaminados por HIV. Vamos repetir o erro?
PROTEÇÃO
Os profissionais da saúde, na maioria das unidades, estão expostos ao vírus como outra pessoa qualquer. O problema é que é uma exposição maior porque são as pessoas que atendem à população infectada e necessitam de equipamentos de proteção adequados para que permaneçam nos seus postos de trabalho atendendo todos nós. Sem os equipamentos de proteção individual (EPIs), o que é um absurdo, ficam mais expostos do que qualquer outra pessoa. Colocando em risco quem busca tratamento.
PROMESSA
É uma ótima notícia a fala feita pelo senhor governador pelo Facebook que baixará uma medida impedindo a cobrança das taxas de água e energia durante este período de calamidade pública. A medida em face às taxas de água são aparentemente fáceis, basta o governador determinar à CAERD, empresa estadual, que se abstenha de mensurar os aparelhos. Quanto à energia elétrica, não sabemos ainda qual medida jurídica governamental a ser editada e qual competência possui nesta área. Como é uma promessa, torçamos para que seja efetivada. Todavia, promessa de político é bom não contar antes que seja cumprida. Mas é uma ótima esperança.
EMPULHAÇÃO
No meio desta crise sanitária, eis que surge a péssima notícia de que o coronel Marcos Rocha, governador, teria nomeado uma advogada para responder pelo principal laboratório de análise do estado em substituição a um técnico com especialidade na área. Parece uma empulhação, mas não é. A nova diretora do Lacen não possui qualificação técnica para o cargo e, segundo informações passadas nas redes sociais, a nomeação é em função do parentesco com um deputado estadual. No momento tenso como agora o desprezo do governador com a área contraria todas as suas falas desde as eleições, visto que prometeu nomear pelo critério técnico os cargos de assessoramento. Além de colocar em risco o funcionamento de um setor vital no combate à pandemia, mentiu para o eleitor.
SUS
O momento da crise sanitária é fundamental que a população avalie a importância para toda população do Sistema Único de Saúde (SUS). É o SUS que está sozinho sendo acionado pela população – pobres e ricos - no enfrentamento do coronavírus. Não há registro, pelo menos em Porto Velho, de um único hospital da rede privada abrindo seus leitos para atender às pessoas gratuitamente como ato de solidariedade. O SUS, tão vilipendiado pelas nossas autoridades, tem dado conta do recado. Mesmo assoberbado e sem recursos. É preciso que após a quarentena a população exija mais recursos para saúde pública e lembre-se que sem o SUS a catástrofe seria inevitável.
BOBO
Quanto ao presidente Jair Bolsonaro, responsável por trazer para o país um avião repleto de infectados, após viagem a Miami, faria um bem sanitário em se recolher à quarentena verbal e deixar o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, continuar anunciando as medidas governamentais e as ações federais no enfrentamento à crise. Mandetta tem prestado um grande serviço ao país com a serenidade e firmeza necessárias para informar à população. Jair tem feito papel de bobo, seja pela forma como aparece nas coletivas, seja pelas grosserias contra os profissionais de imprensa que não se curvam às suas idiossincrasias.
ADIAMENTO
Para o desagrado dos oportunistas de plantão é possível que as eleições de outubro sejam adiadas em razão do coronavírus. Tais oportunistas usam a quarentena para ficarem mentindo nas mídias sociais alardeando ações governamentais que nada tem a ver com eles. O mesmo vírus que eles (oportunistas) usam pra mentir visando o calendário eleitoral é o mesmo que pode retirar dos respiradores os prefeitos mal avaliados hoje que, após a pandemia, podem ganhar fôlego para se recuperar eleitoralmente. Lugar de doido não é na prefeitura, é no hospício.
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