Quinta-feira, 10 de novembro de 2016 - 15h44
Quando aquela nuvem negra acabou de passar sobre nós, comecei novamente a me arrastar pelo chão, penetrando cada vez mais naquele interior escuro. Senti que o ar começou a ficar rarefeito. Foquei a lanterna e, bem a minha frente, uma enorme pedra obstruía nosso caminho. Arrastei-me até ela e senti que o ar passava apenas por uma fresta entre a pedra e a parede da caverna. Usando toda a minha força, consegui empurrar a pedra cerca de meio metro, o suficiente para que eu pudesse passar esgueirando-me pela fresta.. Uma grande sala então abriu-se a minha frente. Era um salão amplo mas que logo se afunilava novamente .Foquei as paredes do salão com minha lanterna e o que vi foram ainda alguns morcegos dependurados em um lodo esverdeado, que pareceu-me musgo. Rente as paredes havia praticamente uma outra parede formada pelas fezes dos morcegos.O odor continuava insuportável, mas não me intimidei. Continuei penetrando na escuridão. Parei e comecei a ouvir o longe o ruído de carros que certamente estariam trafegando na Avenida Presidente Dutra, já próximo Palácio do Governo. Foi então que o odor de repente ficou insustentável. Pensei então, pela primeira vez, em puxar a corda amarrada na minha cintura e tentar sair daquele buraco. Foi aí que senti a primeira ferroada na minha barriga. A seguir outras e outras ferroadas na barriga, no peito e nos braços foram me colocando em pavorosa. Mas procurei não perder a calma. Foquei minha lanterna para a frente e fiz uma varredura no local. O que vi, deixou-me ainda mais nauseado. Um bicho que me pareceu um roedor, tipo mucura estava em avançado estado de putrefação, devorado por centenas de vorazes formigões. Foi então que não mais resisti e puxei três vezes a corda amarrada na minha cintura. Sabia que aquilo desencadearia um efeito em cascada junto aos amigos aventureiros. Começaram então a me puxar, mas precisei algum tempo para deslizar de volta para a porta da caverna. Confesso que me pareceu uma eternidade me arrastar de volta, tentando manter-me o mais calmo possível. Sabia que só assim poderia sobreviver aquela situação desesperadora e de pânico. Para piorar minha situação, minha lanterna começou a ficar fraca e se apagou. As pilhas chegavam ao fim. Ouvia vozes bem longe pedindo calma que já estavam próximo a porta de saída. As ferroadas me queimavam e coçavam desesperadamente. Respirei fundo quando vi a luz no fim do túnel, mas ainda distante. Arrastei-me de costa até chegar ao salão, onde pude me virar e seguir de frente. Lá fora o sol deve estar brilhando e o ar rico em oxigênio sem esse odor fétido – pensei. Quando cheguei a saída, todos estavam desesperados e de olhos arregalados, querendo saber o que tinha me apavorado tanto a ponto de pedir para voltar. Saí quase puxado pelos meus amigos, sem forças para caminhar, com câimbra nas pernas e com feridas sangrando em todo o corpo. Quando me vi fora da caverna, e todos começaram a me perguntar o que eu tinha visto lá dentro do buraco, disse-lhes que era um monstro marsupial morto e em decomposição, que estava sendo devorado por formigas carnívoras!...Desde então minhas aventuras se limitaram a ser na superfície da terra, longe das cavernas. O mistérios e enigmas daquele buraco até hoje continuam povoando meus piores pesadelos.
Fonte: Blog do Samuel Castiel
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