Sábado, 17 de novembro de 2018 - 08h57
A primeira
entidade médica associativa em Rondônia data de 1949, fundada com o nome de
Associação Médico-Cirúrgica do Guaporé, cujos fundadores foram médicos
pioneiros como os Doutores Rubens Brito, Oswaldo Piana, Maurício Bustani,
Renato Medeiros, Araújo Lima, Ary Pinheiro entre outros, conforme Ata de
Fundação transcrita a seguir:
ATA DE FUNDAÇÃO DA PRIMEIRA ASSOCIAÇÃO MÉDICO-CIRÚRGICA DO GUAPORÉ
“Aos doze dias do mês de fevereiro de 1.949, às 20
horas, no salão do Clube Internacional de Porto Velho, reunidos os médicos, dentistas,
veterinários e farmacêuticos que esta assinaram como sócios fundadores e com as
presenças dos Exmos. Drs. Joaquim de Araújo Lima e Moacyr de Miranda,
governador e secretário-geral do Território Federal do Guaporé,
respectivamente, e mais senhoras e senhorinhas, fundou-se solenemente a
Associação Médico-Cirúrgica do Guaporé, procedendo-se a eleição de uma
diretoria provisória que ficou assim constituída:
Presidente:...................Dr. Ernesto Laudelino de Almeida
Vice-Presidente:...........Dr. Rubens Brito
1º
Secretário:...............Dr. Oswaldo Piana
2º
Secretário:...............Dr. Waldemar Wanderley Braga
1º
Tesoureiro:..............Dr. Antônio de Jesus Cantanhede
2º
Tesoureiro:............. Dr. Jocélio Leocádio da Rosa
Orador.........................Dr. Ary Pinheiro
Conselho Fiscal – Drs. João Fernandes de Souza,
Maurício Bustani, Inácio Moura Filho, Renato Medeiros.
Usaram da palavra os senhores: Drs. Ernesto de
Almeida, que salientou o papel desempenhado pelos médicos, dentistas,
veterinários e farmacêuticos em Saúde Pública e da razão da fundação da
associação, pedindo rito aos colegas que tomassem interesse para que a
sociedade pudesse continuar sua existência para maior grandeza da Mesma. Dr.
Ary Pinheiro usando da palavra, disse não esperar que fosse eleito Orador, mas
que agradecia a todos os colegas a bondade de tê-lo elegido para tão honroso
cargo. Em seguida o Dr. Araújo Lima, num feliz improviso teve palavras
elogiosas aos profissionais que congregados fundaram a Sociedade
Médico-Cirúrgica do Guaporé e lembrando que o início de sua carreira como
engenheiro, foi servindo na Bahia com o Dr. Saturnino Brito, na engenharia
sanitária; desejando um êxito feliz da sociedade e que todos congregados
deveriam trabalhar para o engrandecimento do Território. Suas últimas palavras
foram abafadas por uma salva de palmas. A sessão foi encerrada.”
Assinados: Joaquim de Araújo Lima, Moacyr de Miranda, Albertino Lopes, Renato Medeiros,
João Fernandes de Souza, Ednice Maria Ferreira, Maurício Bustani, Adalberto
Bastos Meneses, Inácio Moura Filho, Jocélio Leocadio da Rosa, Lourenço da Veiga
Lima, Reinaldo Amâncio Braga, Antônio de Jesus Cantanhede, Luis B. Cantanhede,
Valdemar Vanderley Braga Florinda Leal Farias, Francisco F. de Oliveira, José
Otino de Freitas, Ernesto Laudelino de Almeida, Raimundo B. Cantanhede, Estanislau Zack, Ary Pinheiro e Oswaldo Piana.
Do livro Achegas para História de Porto Velho, de
Antônio Cantanhede.
Nota do Autor:
Dos ilustres signatários desta Ata, um deles é o
pai do 5º Governador do Estado de Rondônia Dr. Oswaldo Piana Filho e outro deu
nome ao Hospital de Base, Dr. Ary Pinheiro.
A atual Associação Médica de Rondônia (AMR) foi
fundada em 1976, sendo seu primeiro presidente o ilustre Dr. Joviniano Alves de
Macedo, já no então Território Federal de Rondônia e, congregando, desta vez,
apenas médicos. Foram presidentes da Associação:
Joviniano Alves de Macedo – Fundador – 1976
Leônidas
Rachid Jaudy – Biênio 1977/1979
Raimundo Alonso Batista de Aquino – Biênio
1979/1981
Samuel Castiel Moisés Junior – Biênio
1983/1985
Vitor
Sadeck – Biênio 1986/1987
Aparício de
Carvalho Moraes – Biênio 1989/1991
Aparício de
Carvalho Moraes – Biênio 1991/1993
Ricardo
César Garcia Amaral – Biênio 2008/2011
Sérgio
Cardoso Gomes – Biênio 2011/2014
A Associação Médica de Rondônia (AMR) teve sempre
um papel relevante no seio da classe médica e da comunidade em geral,
promovendo o congraçamento dos médicos entre si, promovendo também a educação
médica continuada através de cursos, congressos e jornadas médicas, cursos de
pós-graduação, fomentando a fundação das associações de especialidades médicas,
bem como lutando por melhores condições salariais e de trabalho, pois ainda não
havia sido criado o Sindicato Médico.
Grandiosas lutas e conquistas da AMR foram marcas
indeléveis na história do movimento médico em Rondônia. Para citar apenas um
desses movimentos reivindicatórios que, infelizmente, chegou a gerar um
movimento paredista, ocorreu no ano de 1983. Presidia a entidade o médico
Samuel Castiel Jr. O Estado de Rondônia acabara de ser criado em 22 de dezembro
de 1981 e governava o Estado o saudoso governador Jorge Teixeira, o Teixeirão.
A AMR teve que ir às últimas consequências, ou seja, fazendo uma greve no
serviço médico que estendeu-se de Vilhena a Porto Velho, com um desfecho
positivo na maioria dos diversos itens reivindicados para os profissionais
médicos do Estado.
Abaixo algumas realizações da entidade:
I Movimento Grevista – 1988
Semana do Médico / Baile do Bisturi – 17 a 22 de
outubro de1990
I Congresso da Associação Médica de Rondônia / II
Encontro de Medicina na Fronteira Brasil/Bolívia/Peru / Jornada Nacional de
Patologia Clínica – 16 a 18 de junho de 1993
VII
Congresso Brasileiro de Perícias Médicas / I Congresso Internacional
Sul-Americano de Perícias Médicas / III Encontro de Medicina na Fronteira
Brasil/Bolívia/Peru / II Congresso da Associação Médica de Rondônia – 3 a 6 de
agosto de 1995
IV Encontro de Medicina na Fronteira
Brasil/Bolívia/Peru / III Congresso da Associação Médica de Rondônia / II
Congresso Internacional Sul-Americano de Perícias Médicas – Guajará-Mirim, 16 a
18 de junho de 1997
Dia do Médico – 18 de outubro de 1997
XXVIII
Semana do Médico / I Semana Acadêmica da Faculdade de Medicina da FIMCA – 16 a
20 de outubro de 2004
Enfim, a Associação Médica de Rondônia – AMR, nos
seus 42 anos de existência, sempre foi uma referência, atuando de forma a
polarizar e fomentar os interesses médico-científicos no Estado.
AS HISTÓRIAS
DA CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE RONDÔNIA - AMR E DO SINDICATO MÉDICO DE
RONDÔNIA - SIMERO
A primeira Associação de Médico-Cirúrgica criada em
1949, acabou desfazendo-se com o tempo e já em 1976 nascia a atual Associação
Médica que teve como seu primeiro presidente o saudoso médico Joviniano Alves
de Macedo. Juntamente com o Conselho Regional de Medicina – CREMERO,
constituíam as únicas entidades médicas do antigo Território Federal de
Rondônia. O primeiro presidente do CREMERO foi o saudoso Dr. Hamilton Raulino
Gondim.
A categoria médica vivia harmoniosamente naquelas
épocas. Nos finais de semana, quando não estavam no Hospital São José ou na
Maternidade Darcy Vargas, reuniam-se para algumas horas de lazer. Faziam essas
reuniões nas casas dos próprios médicos que se alternavam como anfitriões.
Quando assumi a presidência da Associação Médica de
Rondônia, para o biênio 1983 /1985, havia uma insatisfação palpável na
categoria médica: baixos salários, carga horária excessiva; hospitais, pronto-socorro
e postos de saúde em péssimas condições. Não havia Plano de Cargos e Salários.
Governava o Estado o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira. Fizemos então um apelo ao
Governo que desse um encaminhamento as propostas da categoria médica, o que
sequer foi considerado. Esgotadas todas condições de diálogo, a greve parecia
inevitável. Chamamos o CREMERO e as Sociedades de Especialidades que já
começavam a se formar. Viajamos para o interior de Rondônia e conseguimos
juntar todas as Associações Médicas, incluindo Ariquemes, Ji-Paraná e Vilhena.
Todos estavam insatisfeitos. Todos queriam a greve,
um movimento paredista que pudesse mostrar a força da categoria e pressionar o
governo estadual a atender nossas reivindicações. E assim foi feito. Iniciamos
a greve dos médicos. E, como toda greve, sabemos como começa mas não como
termina! As adesões foram crescendo durante o movimento. Juntaram-se a nós
outras categorias como a Enfermagem, Técnicos de Enfermagem, Biomédicos, etc. A
greve estava ampliada, não era mais só dos médicos, mas de toda a Saúde. Como
não tínhamos ainda um Sindicato Médico, a Associação Médica liderou esse
movimento. E não foi fácil! A Secretaria de Saúde era comandada pelo médico
pediatra José Adelino da Silva e o diretor do Hospital de Base era o
ortopedista Viriato Moura. Conseguimos que esses colegas ficassem ao lado do
nosso movimento, numa demonstração de compreensão ética das reivindicações da
categoria.
Vinham colegas de todos os municípios para nossas
assembleias. Os ônibus chegavam lotados. Essas assembleias geralmente eram
realizadas no Cine Lacerda, pois requeriam grandes espaços. A situação começava
a fugir ao controle das autoridades da saúde. Sentiam-se encurralados pelos
médicos, enfermeiros e técnicos de saúde. Os hospitais parados em todos os
municípios, ou melhor só atendendo as emergências. Havia uma comissão de
triagem postada na recepção do Hospital de Base Ary Pinheiro. Ali era o front
da nossa greve. Era o corpo a corpo da greve com a população.
Ali vi uma das cenas mais chocantes do
movimento: um pai chegou com o filho nos
braços e a comissão de triagem julgou seu caso como sem configurar emergência e
não lhe permitiram acesso ao atendimento. O pai então, transtornado, gritando
impropérios, atirou-se várias vezes contra a parede do hospital, até cair
sangrando e ser recolhido por médicos e seguranças. Aí perguntava a todos se
agora o seu estado configurava uma emergência. Uma cena trágica que ilustra bem
quanto é difícil conduzir uma greve nos setores ditos essenciais,
principalmente na saúde.
No auge da greve o então Governador Jorge Teixeira
avisou a noite ao secretário de Saúde José Adelino que mandaria prender-me no
dia seguinte, o que só não aconteceu pela interferência do diretor do Hospital
de Base, Dr.Viriato Moura, que acabou aderindo a greve dos médicos.
Quando nosso Comando de Greve sentiu que estávamos
chegando ao esgotamento do movimento, pois nossas reivindicações diluíam-se nas
esferas municipal, estadual e federal, e não podendo ser resolvidas pelos
Municípios ou Estado, partimos para Brasília. Tínhamos como nossos aliados o
senador Claudionor Roriz e o deputado federal Chiquilito Erse. Marcamos a
audiência e fomos recebidos pelos ministros da Saúde e do Trabalho. Muitas promessas nos foram feitas, porém o
resultado foi pífio.
Enquanto isso, a greve começou a desmoronar, com
nomeação de alguns colegas, líderes do movimento, para cargos comissionados.
Renunciei à presidência da Associação Médica e, desencantado, abandonei o
movimento grevista. Assumiu a presidência em meu lugar o colega Victor Sadeck
Filho. A greve aos poucos desfez-se.
A CRIAÇÃO DO SINDICATO
Começamos, então, uma outra luta classista, que era
a criação do Sindicato Médico. Empunhei essa bandeira e junto a alguns outros
colegas, fundamos a Associação Profissional dos Médicos de Rondônia, o embrião
do Sindicato Médico.
A política partidária estava no auge e tínhamos
alguns médicos disputando vagas para a Assembleia Legislativa, dentre os quais
o médico Oswaldo Piana. Atendendo um chamado do colega Piana, fui a uma reunião
que tratava do pedido de apoio do candidato à classe médica. Expliquei que a
entidade não poderia dar apoio explícito a nenhum candidato médico, uma vez que
tínhamos vários colegas na disputa. Aconteceu então o que eu já previra: um
“racha” na classe médica. E assim, numa composição de chapas, o médico José
Adelino da Silva assumiu a presidência da Associação Profissional dos Médicos
de Rondônia, tendo como vice-presidente o médico Ronaldo Lanes Lima. Na
sequência, José Adelino renuncia para assumir a Secretaria Estadual de Saúde. O
seu vice-presidente também não conseguiu evoluir com nenhum projeto. Assumi
então a Associação Profissional e, após um trabalho árduo, contando com a ajuda
indispensável do saudoso amigo Rubens Cândido, superintendente da Delegacia
Regional do Trabalho, conseguimos eleger a primeira diretoria do Sindicato
Médico de Rondônia (SIMERO) agora autorizado a funcionar pela Carta Patente
assinada pelo então ministro do Trabalho Almir Pazzianoto, após 2 anos de
funcionamento regular e ininterrupto da Associação Profissional. O primeiro
presidente do Sindicato foi o médico Orlando Teodoro Ramalho.
Hoje o
SIMERO encontra-se bastante estruturado, com sede própria, onde
funcionou o CREMERO e a Associação
Médica de Rondônia (AMR) no tradicional bairro Caiari, e vem atuando com
bastante desenvoltura nas questões trabalhistas da categoria médica. Seu atual
presidente para o triênio 2016-2019 é o
médico Carlos Roberto Maiorquim.
Acredito que cumprimos nossa missão classista! O Sindicato Médico de Rondônia hoje é uma
realidade! Parabéns a toda a sua Diretoria e a todos os colegas que nos
ajudaram nessa conquista!
Veja mais: https://samuelcastiel.blogspot.com/2018/11/historia-das-entidades-medicas-em.html
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