Quinta-feira, 13 de maio de 2010 - 07h05
Carta de Samuel Saraiva, agradecendo Convite da Jornalista Álida Albuquerque da TV Brasil Internacional
Estimada Jornalista, agradeço-lhe penhoradamente a lembrança de meu nome para participar de seu programa onde pretende discutir a eleição para o Conselho de Representantes Brasileiros no Exterior. O debate é sempre proveitoso, esclarecedor e democrático, capaz de contribuir para a melhora da ações que se pretendam. Sinto-me sobremaneira honrado com o convite, mas gostaria de sugerir-lhe que entrevistasse aí mesmo no Congresso o Deputado Manoel Jr, representante do valoroso povo paraibano na Câmara dos Deputados, que atua com projetos (PLP 559/2010 e PEC 436/2009) voltados para os interesses dos brasileiros na diáspora. Como dizem os jovens aí, ele “é o cara”. Contudo, gostaria de comentar essa eleição de que fala, do meu ponto de vista, é claro. O Deputado Manoel é autor de uma PEC que pretende dar representação no Congresso aos brasileiros que, como eu, emigraram em busca de oportunidades, de mudanças, em momentos difíceis de nossa história, quer a política, quer a econômica e que enviam ao país de origem mais de 7 bilhões de us dólares por ano. Sou frontalmente contrário à institucionalização desse Conselho porque não será representativo da massa de trabalhadores brasileiros que mourejam aqui nos EE.UU e em outros países, haja vista que há enorme contingente de “indocumentados” que, como decorrência da própria situação, não podem nem votar nem ser votado no tal Conselho. Defendo, isso sim, na linha da PEC do Deputado Manoel Junior e do ilustre Senador Cristovam Buarque, a representação política dos emigrados no Congresso Nacional, algo mais amplo e mais eficaz em virtude de seu poder de até fiscalizar a as ações de nossa representação diplomática nos diversos países. Por que atropelar o Congresso com a institucionalização de um Conselho elitista, vez que exclui grande parte dos brasileiros aqui fora, justamente os mais necessitados de representação e ajuda? A exclusão desse grande contingente de “indocumentados” solapa a legitimidade do tal Conselho, do qual participarão uns poucos, mais ligados aos interesses diversos de alguns funcionários do MRE do que aos dos trabalhadores no estrangeiro. Essa representação política proposta pelos dois parlamentares citados, em projetos independentes, segue na esteira do que alguns países como Portugal e Itália já adotaram. Ao invés de representantes sem representativdade, institucionalizados por decreto, teremos representantes do povo no Congresso, com “polítical clout” para defender nossos interesses diante de qualquer autoridade. Esperemos, então, pelo processo legislativo em andamento nas casas do Congresso. Que o Conselho prossiga na informalidade, para que sua institucionalização pela via antipática do decreto não o torne permanente e contribua para inviabilizar o de que fato interessa à massa de trabalhadores no exílio voluntário: sua representação política ampla no Congresso Nacional. Devotada jornalista, sugiro-lhe, pois, procurar o Deputado Manoel Jr., que está apto a comentar-lhe o assunto com grande descortino. Tenho certeza de que contribuirá para o sucesso de seu Programa na busca da verdade em que seu jornalismo se acha empenhado, o que merece nosso irrestrito aplauso. Retribuo-lhe o fraterno abraço e acrescento um ósculo santo à guisa de saudação, como recomendou o Apóstolo dos Gentios às igrejas de Corinto, Roma e Tessalônica, seguido de Pedro em suas recomendações aos fiéis dispersos no Ponto, Capadócia e Bitínia. O ósculo até que é fácil. Difícil mesmo é a santidade, como a honestidade o é nos governos e nos legislativos do mundo inteiro, tudo porque o sistema democrático tem no dinheiro seu calcanhar de Aquiles.
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