Sexta-feira, 30 de janeiro de 2015 - 11h45
Seca no Reservatorio Cantareira - SP
Enchente no Rio Madeira - Porto Velho - RO
Ementa: Sugere estudos com vistas a interligação dos sistemas de abastecimento hídrico nacional a um sistema de captação, a ser construído na região amazônica, que permita o escoamento das águas, das enchentes e seu estoque em reservatórios ou sistemas, para amenizar os prejuízos em regiões afetadas por cheias e escassez. As mudanças climáticas, por razões ambientais, encontrariam na proposição uma forma infalível de equilíbrio, de caráter permanente mantendo a segurança energética e hídrica em consonância com os objetivos da segurança nacional e bem estar da população.
Washington DC., 30/01/2015
Estimada Presidenta e Srs. Governadores,
Movido pela vocação e a consciência de que o exercício da cidadania é dever moral de todos - estando ou não revestido de mandato eletivo -, e na condição de cidadão brasileiro, tenho acompanhado desde Washington DC a preocupante situação no abastecimento de água, sobretudo em estados do sudeste, centro-oeste e nordeste, como também o sofrimento do povo com as secas prolongadas.
Essa situação reflete a falta de uma política que ha muito tempo ja deveria existir priorizando o estrutural, inspirada em uma visão de planejamento de longo prazo nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal. Em ampla análise, verifica-se a ausência ou colapso de políticas públicas para o setor, e a inexistência de divisão de responsabilidades entre Estado e Nação. Há, especialmente, carência de um processo educativo serio e permanente que prepare a população sobre o imperativo do consumo racional e responsável do uso da água a começar pelo sistema de ensino de primeiro e segundo grau que desperte a consciência futura que o desperdício da agua constitui um ato insano, criminoso, ridículo e irresponsável praticado por pessoas deseducadas.
Tais medidas educativas para o uso racional da água, a criação de uma legislação federal punitiva para o consumo abusivo alem de outras cabíveis também também poderão auxiliar na reversão desse quadro caótico que, além de castigar o presente, ameaça indubitavelmente a existência das futuras gerações, que terão de pagar por nossa irresponsabilidade. Não temos o direito de deixar um legado de destruição insana.
Existe a possibilidade de contornar o óbice da má gestão administrativa. Basta ter coragem e uma visão macro do sistema. Felizmente, ao contrário de países do Oriente Médio, África e outras regiões inóspitas, o Brasil tem na Amazônia o maior potencial hídrico do planeta o que não e aceitável que seu povo sofra por incompetência. Apesar da gravidade do problema, que desafia a vontade política e a inteligência das nossas elites, creio que os estados amazônicos poderiam fornecer aos mananciais castigados pela ausência de chuva a água que sobeja em decorrência das enchentes que castigam a região, como por exemplo Rondônia, Amazonas e Pará. Escoar essa água, através de um “aqueduto” a ser construído possibilitaria a interligação dos sistemas de abastecimento de água potável descomprimindo a longo prazo as tensões que Injustificavelmente afetam a economia do pais nos dois setores essenciais para o conforto e desenvolvimento quais sejam o de abastecimento de água potável e o energético.
Aqui nos EUA, o preço do petróleo já equivale ao da água. A diferença é que o petróleo pode ser substituído por outras fontes de energia, mas a água é indispensável e vital para a sobrevivência na terra. Desnasalização, tratamento, reuso de agua e tratamento de aguas advindas de esgotos alem do elevado custo de processamento são medidas extremas e paliativas que a população brasileira não merece, dispondo de um mar de agua doce desperdiçada que pode ser tratada e distribuída a preço quem de outros processos de tratamento de aguas com elevado índice de contaminação. Muitos outros benefícios poderiam decorrer de um imediato debate sobre a construção do “aqueduto” a que me refiro, mormente em termos de compensação aos estados fornecedores e receptores desse volume de água. A análise do custo/benefício da interligação dos sistemas hídricos entre regiões do Brasil é imprescindível, e abarca a responsabilidade que pesa sobre as elites governantes, que devem conduzir responsavelmente nosso povo por caminhos seguros, apesar da desconfiança compreensível que uma obra dessa magnitude serviria para desviar dinheiro publico pelos ralos da corrupção das ratazanas de plantão. No entanto o Brasil possui mecanismos eficazes de fiscalização alem da Sociedade cada vez mais atenta para identificar e execrar as mentes criminosas que atentam contra o interesse e o patrimônio publico. O Pais não pode deixar de pensar grande intimidado por sucessivos escândalos de corrupção que minam a confiança nacional.
O projeto de interligação dos sistemas de abastecimento de água amazônico/centro-oeste/sudeste/nordeste teria dimensões “faraônicas” com inspiração salomônica. Se implementado numa conjugação de forças entre Estado e Nação, poderá afastar de imediato a ameaça de colapso energético e hídrico. O Brasil não merece conviver com crises injustificáveis e vergonhosas decorrentes da falta de visão política e planejamento. É preciso apenas coragem e vontade política para um profundo debate sobre a necessidade da interligação dos sistemas existentes no país, a exemplo das obras grandiosas construídas no passado mas que sem elas a realidade nacional seria ainda mais grave. A região amazônica brasileira dispõe da maior reserva hídrica do planeta, e não estamos sabendo tirar proveito desse trunfo estratégico.
Samuel Sales Saraiva
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