Quarta-feira, 17 de julho de 2024 - 08h20
No infortúnio da solidão atroz, o jeito
é quedar-se nu com a mão no bolso, olhando para as impassíveis paredes que
miram, espiam a gente até de rabo de olho, porém não articulam um verbete
sequer, como que querendo passar a régua no acerto de contas de quem as tratou
tão mal e com cotidiana indiferença por anos a fio! Logo elas, tão
geograficamente fieis ao nosso dia-a-dia, companheiras de todas horas,
guardiães de toda nudez da alma, testemunhas oculares da crueza espúria ou mui
digna da nossa condição humana frente ao desafio de não braiar pra sapo morando
na beira da lagoa.
Assumida a situação de pandemicamente
emparedado, restou-nos a ingrata opção de pelo menos trocar uma prosa madrugadeira
com elas, as paredes da casa, entidades que, no horror do lento passar das
horas, parecem ganhar um sopro de vida, já que um dia vieram da região do
bairro lá do Areal, no original de suas vidas minerais, mas não tem boca, a não
ser boca de siri e sonsos bocejos articulados de forma dissimuladas, como se
não fosse possível uma boa e velha conversa com esses seres feito de minério
secular, tijolos e argamassa! Não subjuguem as Paredes! Elas são vingativas!
Tratem-nas como se elas fossem seu cachorrinho de estimação!
É ultrajante para um ente pensante ser
explicitamente tratado com desprezo pelas paredes de sua própria casa! Fossem
as paredes da Casa Branca, da Casa Rosada ou da Dinda (Deus me livre!), tudo
bem; são paredes de ambientes famosos e distantes da modesta vida que a gente
vive na Vila da Poesia, na Zona Sul do Porto do Velho Pimentel. E já que não
tem papo, o jeito é botar a mão na massa da Operação Lava Jato Caseira e passar
mais uma vez o sabugo ensaboado nos couro de rato recebidos em troco do
Mercadinho Tibúrcio, de onde vem essas malfadadas pecúnias, talvez apinhadas
desse animalzinho microscópico que anda por aí matando meio mundo de gente
mundo afora. E assim, na sofreguidão da paranóia que vem acometendo a todos
indistintamente, com a Senhora da Foice grudada no calcanhar de Aquiles de
todos nós, é que me dano mesmo, confesso de público, a lavar dinheiro, nota por
nota, moeda por moeda, que também erão escaldadas, levando-as em seguida ao
varal monetário não muito rico do fundo do quintal, porque sou pobre de marré
de si, mas acolhedor e profilático na hora de receber as cédulas ainda
encharcadas e quase desbotadas de tantos esfregões recebidos em sua planície
retangular. Agora vejo que lavar notas de dinheiro e botar no quarador não é
tarefa fácil, é uma arte, na verdade, não é pra qualquer um! É coisa para
profissional, não é para um amador pé-rapado como eu! Com as devidas ressalvas
morais e criminais, obviamente, tiro o chapéu aqui para os políticos que são
dados a essa prática, pois vi que não é brinquedo não, principalmente se a
gente o faz de forma artesanal e com medo de morrer cedo e não concluir as mal
traçadas linhas em prosa ainda por publicar!
O grande cronista Altair Tatá não
esteve in loco no local das cenas por ele retratadas nesta peça literária! Mas
com certeza fez uso de alguma delação premiada de alguém que pernoitou por
noites a fio na Vila da Poesia e assistiu alguns devaneios e soube dessa
estória, de um falante metido a intelectual querendo jogar conversar fora com
paredes não-falantes! Deus não deu asa à cobra por isso. Se as paredes
falassem, estaríamos todos lascados!!
E assim mesmo! As paredes não falam,
assim como as rosas não falam, mas simplesmente elas exalam os sussurros e
cochichos existenciais vivenciados que a aflição e o desespero solitário roubam
de mim!
O jeito então é colar receita de tomate
recheado do Youtube e mandar vê! Tomates também não falam; mas, recheados com
ovo, cheiro-verde, orégano, queijo ralado e chicória, fazem um bem danado à
fome das altas horas de perdição e loucura!
Forte abraço ao cronista Altair Tatá
Lopes, que discorreu sobre a nossa lavagem de dinheiro! Sou réu confesso de
suas narrativas peripatéticas!
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