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Serpa do Amaral

Um dia da caça, outro dos “povos novos”, de Darcy Ribeiro


Um dia da caça, outro dos “povos novos”, de Darcy Ribeiro - Gente de Opinião

Num primeiro voo de radiofusão para além das plagas amazônidas, a Música Popular de Rondônia começou a ser mostrada na Rádio BBmusic, da cidade Búzios, Rio de Janeiro, através do escritor Zola Xavier da Silveira, e prossegue agora com a ação cultural da poetisa Alice Poltroniere.

Agora, num segundo voo da ara tropical, a nossa música está chegando ao território francês, numa demonstração gradativa de força expressional para além dos rincões da Amazônia Ocidental. O som da selva, recheado de raízes nativistas e, ao mesmo tempo, temperado com nuanças de cosmopolitismo, vai aos poucos fazendo sua cabeça de praia em terras dantes nunca navegadas pelas nossas voadeira e rabetas musicais caboclas.

Anuncia a imprensa que músicas dos artistas de Rondônia foram tocadas na rádio francesa na semana passada e que a iniciativa foi idealizada pelo professor do curso de jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Carlos Guerra, em conjunto com o programa “Aquarela Du Brésil”. Diz a mídia que cerca de 30 músicas autorais produzidas no estado de Rondônia foram exibidas em um programa de rádio na terça-feira passada, dia 25 de junho, em Marselha, uma cidade da França.

O programa tem como objetivo promover a divulgação da música brasileira. A programação da rádio Galére vai ao ar toda terça-feira, às 11h de Porto Velho, e 17h de Marselha.

Tudo é cíclico, intempestivo e surpreendente no universo cultural! Durante o período colonial, os franceses até tentaram fincar âncoras no território brasilis, tanto no Rio de Janeiro quanto no Maranhão, mas foram escorraçados pelo colonialista português.

Todavia, os donos da Torre Eiffel deixaram suas marcas culturais entre nós, especialmente na linguagem falada. Foi com eles que aprendemos a falar abajur, tricô, chalé, ateliê, restaurante e buquê. No boteco, o moço que serve a gelada é chamado de garçom pelos brasileiros.

Agora estamos dando o troco e invadindo a praia de Napoleão Bonaparte, fazendo soar o nosso canto beradeiro na terra dos iluministas e revolucionários franceses.

Nós somos um dos povos novos de que falava Darcy Ribeiro, para que quem Povos Novos significava aqueles que resultam da desindianização do índio, da desafricanização do negro e da deseuroperizaçao do branco.

O grande cacique intelectual Darcy Ribeiro cantou a bola e o jogo da correlação cultural começa a tomar forma nessa empreitada em favor dos Karipunas, Tupinambás e Cinta-Largas!

Um dia da caça, outro do caçador, do pai da mata, do Curupira, da Matinta Perêra e do Mapinguari!

E as nossas flechas musicais cairão certeiras por sobre a Cidade Luz, atingindo em cheio o coração latino dos Três Mosqueteiros!!

Foram executadas músicas dos seguintes artistas e grupos: Bado, Beradelia, Quilomboclada, Minhas Raízes, Caboco Rei e Nei Mura, Gabriê, Marfiza e Yás Rap, Negra Mary, Marcela Bonfim, Mano André, Essência Anônima, Carlos Mossoró, Ernesto Melo, Mistura de Ritmos, João Belfort, Leão do Norte, João Matias, Sandra Braids, Pugga ZS e Lobo.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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