Segunda-feira, 4 de novembro de 2013 - 09h22
Viviane Vieira de Assis Paes
O ator afro-americano... Ops! Sr. Morgan Freeman surpreendeu muitos durante uma entrevista quando disse que não deveria existir um mês para a Consciência Negra:
- “É ridículo isto! Você irá resumir toda a nossa história em um mês, que mês?!” – afirmou Freeman. O apresentador questionou como poderíamos acabar com o racismo? Ele respondeu: - “Parando de falar sobre ele!”. Bastou isto para que ele recebesse críticas pesadíssimas de grupos e associações de afrodescendentes do mundo inteiro. Poucos negros – eu sou um deles, entenderam sua mensagem.
Minha herança racial me permitiu entender com mais facilidade ou buscar o caminho para isso. Minha ascendência é de negros, índios – bisavó paterna da tribo dos Xavantes de Goiás com holandeses; portugueses e negros por parte materna, então quem sou?! Uma negra?! Uma mestiça?! Uma parda?! Negra tem filhos negros – certo?! Então sou branca, porque meu filho cujo pai também vem de uma grande mistura de espanhóis, negros, portugueses nasceu loiro, de olhos azuis, aos oito anos continua branco, com cabelo castanho claro, sobrancelhas claríssimas e é claro já acharam que eu era a babá dele! Mas, tenho uma filha tão “morena” quanto eu mesma, que não tem nariz de bolinha, como eu tenho, cabelo crespo – que herdou do pai, pois o meu é ondulado então a qual raça eu pertenço?!
Prefiro dizer como Morgan Freeman, sou Viviane Vieira de Assis Paes, um ser humano como todos os outros. Não sou inferior intelectualmente nem superior, meus traços físicos não são mais bonitos ou mais feios do que das outras ditas raças! Esta sou! Não sou a neguinha abusada – como me chamaram algumas vezes por que não havia outros adjetivos para ofender. Não sou a moreninha no meio da multidão, nem a que não é negra – como também já disseram como se o fato de pertencer a esta raça fosse um crime hediondo. Não acredito que as cotas que estão sendo criadas no Brasil farão a diferença levando realmente negros para os bancos das Universidades Federais. Sério?! Tenho conhecidos em Rondônia, onde passei 25 anos da minha vida, racistas declarados mesmo vindos de outra raça nada popular no Brasil, a indígena, aprovados na Universidade Federal de Rondônia no sistema de cotas! Olha aí ser negro ficou interessante de repente basta você se autodeclarar negro. A declaração de indígena é bem mais complicada.
Ah, eu também estaria fora desta, pois na época do meu nascimento, 1975, os escreventes nos cartórios olhavam para o pai da criança e declaravam se era negro, branco, indígena... No meu caso fui declarada branca. Se o tal profissional me visse hoje em dia... Por acaso descobri que existi um programa específico de bolsas para negros interessados na carreira diplomática. Maravilhoso! Como funciona a inscrição para estas bolsas?! Você simplesmente se declara negro. Não por acaso neste ano, a imprensa questionou a liberação da bolsa para um afrodescendente de olhos azuis e cabelos crespos.
Seria preciso, um exame de DNA para mostra o percentual de negritude dos indivíduos, ou melhor, ainda, mais fácil. Peça para seu dentista verificar se você tem raízes na arcada inferior, sabe umas coisas estranha assustadoras um pouco doloridas que nascem apenas em pessoas da raça negra. Descobri isto com meu dentista. Que bom eu estava pensando que tinha um tipo de câncer! Com esta realidade eu consigo conviver, então quando me chamam de morena ou perguntam minha raça – digo sou negra e mostro as tais raízes. O complicado e que já pedi para amigos meus com aquela cor maravilhosa de negros mesmos e não vi a tal raiz. Ou seja, não é tão fácil quanto Hitler tentou fazer...
Na última semana de outubro, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a reserva de vagas para parlamentares de origem negra na Câmara, nas Assembleias Legislativas nos estados e na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Socorro! Sério! Cotas no serviço público, universidades e agora mais esta!
Pela proposta, o percentual da cota para políticos negros “corresponderá a dois terços da fração de pessoas que tenham se declarado pretas ou pardas no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, desde que o número de vagas não seja inferior a um quinto ou superior à metade do total de vagas. Em números, na Câmara dos Deputados essa cota significaria uma reserva de pelo menos 102 cadeiras para parlamentares negros. A cota, conforme o texto sugere, teria prazo de vinte anos, prorrogáveis pelo mesmo período. A matéria ainda será analisada agora por uma comissão especial e tem que ser aprovada pelo colegiado. Um pouco menos assustador.
O Freeman tem razão, no final das contas. Parem de destacar esta diferença somos seres humanos não importa nossa raça! Se continuarmos assim e nem está muito longe, teremos racismo contra os ditos brancos que nos escravizaram e exploraram os povos indígenas. O triste é que a história mostra que negros negociavam seus irmãos de cor com brancos, ou seja, não é uma questão de cor é uma questão de poder!
Na boa, sábia mesmo é minha prima Alexsandra de 16 anos que disse em outra situação: “Não adianta eu rebater as críticas que fazem na sala de aula contra minha mãe que é professora”. Todos tem o direito de pensar o que quiser e eu não vou mudar a opinião de ninguém. Só a minha! Fato. Vocês acreditam realmente que uma pessoa racista que se declara afrodescendente para ingressar no ensino superior deixa suas convicções porque chegou lá pelo sistema de cotas?! Não, não é Sr. Freeman! Deixemos de falar nisto neste mês de novembro afinal como ele também afirmou: - Vocês acham que conseguem resumir nossa contribuição para a criação da América em apenas um mês?!
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