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Viviane Paes

Denuncias na UFRJ não me causam 'surpresa'


Viviane Vieira de Assis Paes
 

Acho que muitos ficaram indignados com a denúncia do último final de semana, do Ministério Público Federal contra o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Carlos Antônio Levi, e outros dirigentes da instituição por mau uso de dinheiro público.  A ação civil por improbidade administrativa se baseia, principalmente, no relatório elaborado por três auditores da Controladoria Geral da União (CGU), que há dois anos começaram a investigar as contas da UFRJ.

Quem não ficou indignado teve no mínimo aquele sentimento de: “já vi esta história antes... Qual a novidade?! Já sei aonde isto irá acabar”! Eu, por minha parte não fiquei nem indignada, nem surpresa! O fato me fez recordar minha época de discente na Universidade Federal de Rondônia – Unir, de 1999 até 2003. Sempre tinha alguma denúncia do DCE – Diretório Acadêmico sobre alguma provável ação irregular da reitoria. Sempre tinha algo de errado no ar, na época estava sendo construído o pavilhão do curso de Direito e as turmas de Letras, tanto Inglês, quanto Português e Espanhol utilizavam provisoriamente estas instalações, no período diurno. O provisório se tornou definitivo, porque conclui o curso no pavilhão de Letras ouvindo a piadinha infame da turma de Direito: Olha só o pessoal das letrinhas, que rapidamente respondíamos: vocês fazem Direito para fazerem direitinho... Coisas de universitários, maduros e cultos...

Muitas coisas me chatearam na vida acadêmica: alguns professores que apontavam a porta de saída quando a turma não correspondia a uma aula e lembrava que havia um monte de pessoas querendo estar ali, sem pagar um centavo. A péssima comida da lanchonete terceirizada que nunca perdia o contrato, apesar das reclamações que fazíamos; as greves, a ausência injustificada de professores, o perigoso transporte coletivo na esburacada BR- 364 sentido Rio Branco (AC).

É claro que existem lembranças maravilhosas desta época. Algumas amizades que persistem até hoje, professores que incentivavam e despertavam o melhor de cada um; o diploma de uma universidade federal que tem seu peso em qualquer lugar do mundo, o aprendizado – é claro! Mas... Sempre tem um, mas, no meio do caminho – fazer o quê?! O caso recente da UFRJ me recordou algo que eu tinha quase esquecido, o prejuízo provocado indiretamente-diretamente pelo Prohacap, no último ano de universidade. O Programa de Habilitação e Capacitação de Professores Leigos ajudou e acredito que ajuda ainda muitos professores que só possuem o Magistério e consequentemente centenas de alunos da rede pública de ensino de Rondônia.

Acho louvável, nada contra a iniciativa. Agora que ela afetou muito meu curso, ah isto afetou. A cada semestre tínhamos dois professores que sumiam duas semanas para o interior do Estado para lecionar no Prohacap. Isto desestimulava as turmas, pois quando isto acontecia ficávamos sem professor em sala de aula, e tínhamos que fazer trabalhos monumentais para cobrir a ausência dele.

Tomei certa antipatia pelo programa quando descobri que alguns professores estavam em pé de guerra para participar dele pelo simples fato de ganhar até três vezes o salário de professor, em apenas duas semanas! Não foi do nada que teve gente que passou de carro popular para caminhonete. Enquanto uns ganharam eu e muitos outros, deste período, perdemos em qualidade de ensino.  Passamos quase de ensino regular para supletivo, em algumas matérias de tanto trabalho que fazíamos. Espero que hoje seja diferente e que o programa não tenha servido apenas para proporcionar uma renda a mais para alguns docentes. Espero realmente que os formados pelo Prohacap tenham recebido um ensino de qualidade que muitos da Unir deixaram de ter. Isto já compensaria um pouco, só um pouco.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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