Terça-feira, 7 de janeiro de 2014 - 10h45
O útero que sofre no Norte, título acima bem poderia ser: O sexo precoce provoca a morte! Para quem foi criada na região Norte brasileira, as altas taxas de câncer de útero nesta localidade que superam os casos na Índia - onde as mulheres mais morrem da doença em todo o mundo, não é novidade! Como poderia se diferente quando se cresce vendo crianças de 11 anos sendo mães, que aos 16 já tem até três filhos, não realizam exames preventivos e que trocam de parceiros muitas vezes ao longo de suas jovens vidas?!
Segundo informações do INCA – Instituto Nacional do Câncer e o Ministério da Saúde, o câncer do colo do útero está ligado ao HPV, vírus transmitido sexualmente. Parte das mulheres infectadas desenvolve lesões precursoras do câncer. Se forem tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos. Claro que isto não acontece no coração da Amazônia. É evidente que os dados sobre o câncer do colo do útero revelam "Brasis" muito diferentes. Sê no Norte, o país tem taxas de mortalidade semelhantes às da Índia e de Bangladesh, 12,4 mortes a cada 100 mil mulheres, no Sudeste elas fazem o mesmo país ficar próximo aos Estados Unidos, 2,7 mortes a cada 100 mil mulheres por ano.
No país, a taxa de mortalidade é 4,14 por 100 mil – ou 4,66 com correções para comparação internacional e 7,13 se ajustada de acordo com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Segundo especialistas, as taxas deste tipo específico de câncer, o do colo do útero, são o reflexo da falta de amparo. É o câncer da pobreza!! Só morre quem não tem acesso a ginecologista e a um bom laboratório de análise do Papanicolau. Moradores das localidades ribeirinhas dos estados dos Amazonas, Amapá, Maranhão, Amapá e do Acre vivenciam o que está nos relatórios, o tempo todo. Enquanto em Minas Gerais, as mineiras têm a taxa de mortalidade mais baixa pela doença no País. O Norte também detém o segundo lugar no índice de câncer de mama.
Para quem já visitou a região ou morou no Norte sabe-se que as comunidades ribeirinhas estão cheias de mulheres de meia idade que chegam aos hospitais nas cidades mais próximas já em estado terminal da doença, por falta de informação, prevenção e tratamento no tempo hábil. Estas nem são contabilizadas. E, também existem aquelas que vivem na cidade mesmo, mas por questões culturais e até religiosas não realizam exames preventivos.
Ao começar escrever este artigo recordei da morte de minha sogra Raimunda, a Mundinha. Eu e meus filhos não a conhecemos por conta do câncer de colo do útero. O que aconteceu com ela é um exemplo de que pouco ou quase nada foi feito para minimizar esta chaga na saúde. Mundinha morava em Rondônia, tinha um restaurante em um garimpo na região de Jacy-Paraná, conhecida hoje por conta da construção da usina Jirau – Complexo Hidrelétrico Rio Madeira. Ela teve uma infecção urinária e procurou atendimento no Hospital de Base, em Porto Velho. Na época, segundo meu marido recorda chegaram a fazer exame de raios-X do útero dela e neste exame foi possível ver uma ferida pequena no útero. Como era muito comum na década de 80 e ainda hoje entre muitas comunidades do Norte, conhecidos e familiares a aconselharam a tomar alguns chás, fazer alguns banhos íntimos com plantas regionais, enquanto tomava o antibiótico receitado pelo médico. Meses depois com dores intensas no útero ela retornou ao hospital e fizeram o exame Papanicolau. O diagnóstico do câncer em estágio avançado caiu como bomba na família de origem paraibana que migrara para a região Norte em busca de uma vida melhor. Minha sogra, que era viúva há quatro anos, viajou para Manaus para buscar auxilio de especialistas na doença, mas já era tarde demais. Mesmo assim ela ainda foi para o Sul, como última tentativa e também lá nada mais pode ser feito. Mundinha faleceu na frente dos três filhos pesando 38 quilos aos 42 anos. Uma morte que marcou para sempre meu marido, seus irmãos e toda família.
Muito triste ver que quase três décadas depois este ainda é um mal que mata mulheres na Região, mesmo que Rondônia não esteja entre as cidades com maior índice de câncer de colo do útero, a média são 5,59 mortes a cada 100 mil mulheres. Um número muito preocupante, pois 275 mil mulheres morrem todos os anos no mundo desta doença. Em 2011, foram mais 5.160 mães, filhas, irmãs, sogras, tias, avós que deixaram de conviver com os seus por um mal que poderia ser prevenido, curado e tratado quando diagnosticado na fase inicial.
Apesar dos números alarmantes, somente no ano passado começaram a aplicar a vacina contra o vírus HPV em Manaus. Acre e Amapá ainda não fornecem a vacina na rede pública e os programas de prevenção do Governo Federal, Estadual e Municipal ainda permanece inacessível a maior parte das vítimas que vivem distantes das cidades, ou quando perto delas distantes das informações básicas. Bom, seria interessante aproveitar o programa Bolsa Família, que certificou a miséria brasileira para orientar e salvar estas mesmas mulheres! Fica a dica!
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