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Gente de Opinião

Viviane Paes

Os trabalhadores da barragem voam também!



Em abril deste ano iniciei minha vida de “barrageira” - denominação dado aos trabalhadores de barragens/usinas, entretanto acrescentei um adjetivo a mais a esta denominação: barrageira que voa. O motivo  de minha viajem naquela ocasião era uma entrevista no consórcio  responsável pela construção da UHE Belo Monte,  segunda maior usina do Brasil e a terceira maior do mundo. Sai de Porto Velho, capital de Rondônia, berço da histórica e trágica Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que inspirou a minissérie Mad Maria, região também do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira com destino a Altamira (PA).

Rapidamente cheguei à Manaus (AM), do Teatro Amazonas, da Ponta Negra, do Rio Negro... Uma parada pelo Aeroporto de Belém para conexão e não dá para esquecer: a magnífica cantora Fafá – de - Belém encantou e encanta com sua voz e risada gerações. Ela foi a primeira a mostrar que esta parte do Brasil existia! Não podemos deixar de mencionar o Mercado Ver o Peso, a Docas, o balneário de Salinópolis e o povo único. Enfim, desembarco em Altamira para conhecer um pouco de seus 159. 695,938 km²?! A extensão é essa mesmo, o município tem a maior extensão territorial do mundo deixando para trás países como Portugal, Islândia, Irlanda e Suiça.

Devo confessar que nãotive muito tempo de pensar em todas estas particularidades naquele período. Estava animada com a oportunidade de fazer parte do time de trabalhadores que ajudará a tirar do papel um projeto polêmico discutido desde 1975, ano do meu nascimento. Ele atraiu olhares de países vizinhos não contemplados com a riqueza hidrológica e a diversidade de fontes alternativas de energia comuns ao Brasil. Então nada demais que artistas internacionais, conhecidos pela luta em prol da preservação da Amazônia se manifestassem contra o empreendimento. Interessante lembrar que estes mesmo defensores da natureza não deixam de desfrutar o conforto oriundo da energia elétrica em suas mansões e castelos...

Os devaneios acima aconteceram na segunda quinzena de agosto quando regressei à Altamira. Se você está se perguntando: “mais porque tanta empolgação”?!  Aproveito para compartilhar algo que poucos conseguem explicar pela dimensão de sua grandeza. A UHE Belo Monte além de um dos principais empreendimentos do PAC – Plano e Aceleração do Crescimento, depois da construção das usinas Santo Antônio e Jirau tem a missão quase impossível de assegurar a demanda de energia elétrica para o crescimento industrial do Brasil.

Proporcionar esta base sem prejuízos e apagões nas residências como aconteceu - Deus nos livre, em 2000 é um fato bem difícil de contestar! Assim obras de infraestrutura básica em andamento nas capitais contempladas para sediar a Copa das Confederações, em 2013, da Copa do Mundo de 2014, das Olímpiadas e das Paraolimpíadas de 2016 serão realizadas com uma matriz energética segura. Sem isto não existe desenvolvimento econômico em lugar nenhum!

Indo e vindo do Norte, do Sul, do Nordeste, do Sudeste e do meu Centro-Oeste somos atualmente mais de 12 mil funcionários e em 2013 - picos máximos da obra serão 25 mil utilizando o transporte aéreo, ao menos uma vez por ano para trabalhar e voltar para casa em nossas “baixadas” – descanso remunerado na cidade de origem.

Com certeza a pessoa que está sentada na poltrona a seu lado, durante alguma viajem aérea, calçando uma bota de “trilha” deve estar muito cansada para conversar, ou com olhar fixo em uma tela de computador repleta de tabelas e gráficos incompreensíveis. Ele pode ser um dos, aliás, um brasileiro, viajante como você com objetivos diferentes. As semelhanças também existem. Deixamos filhos, marido, netos, sobrinhos, amigos ou voltamos para eles.

Algumas vezes, que nada, na maioria das ocasiões estaremos carregando grandes mochilas como bagagem de mão disputando o restrito espaço, pois trazemos de casa muitas coisas. Só assim não perdemos nossa identidade e levamos daqui mais ainda: como resistir às peculiaridades únicas da região Amazônica?! Nunca são suficientes os pacotinhos de sequilhos de castanha do Pará ou os bombons de cupuaçu que utilizamos para presentear.

Continuaremos neste ritmo de ir e vir durante mais oito anos, até agora só foram pouco mais de 14 meses de obra, dos 10 anos previstos... No azul cristalino e calmo do céu, ou nos dias escuros do inverno amazônico voaremos unidos por um bom motivo: levar energia elétrica para os mais de 192 milhões de brasileiros que formam a nação canarinho!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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