Quarta-feira, 4 de setembro de 2013 - 05h38
Viviane V.A. Paes
A fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica, Aneel, emitiu laudo que concluiu que o incêndio em uma fazenda do Piauí, foi realmente a causa do apagão que atingiu todo o Nordeste na semana passada. Bom saber eu estou no Norte mesmo e não lá, ou quem sabe meu estimado leitor possa estar no Sudeste, no Centro-Oeste, no Sul e desta vez não teve que sofrer todo o desconforto causado pela falta de energia elétrica!
Como de costume muitas pessoas, principalmente da região atingida – registrou sua indignação nos sites de notícias. A maioria questionando o absurdo de uma queimada ser culpada por um estrago tão grande. Concordo que do jeito que as explicações foram fornecidas pelas assessorias envolvidas: Ministério de Minas e Energia, Aneel e ONS é mesmo difícil de aceitar. Os releases, textos oficiais enviados por estes órgãos omitiram informações importantes aos veículos de comunicação de todo o Brasil, que por sua vez não contam sempre com especialistas no tema energia elétrica para produzir um texto acessível a quem realmente interessa: o leitor.
Não sou a “especialista” deste setor, mas minha experiência dos últimos 13 anos atuando exclusivamente nele me permiti esclarecer o principal questionamento da semana passada. É possível uma simples queimada em uma fazenda resultar em tamanho estrago?! Infelizmente, sim.
As torres de transmissão (LT), responsáveis por levar a energia elétrica gerada nas usinas brasileiras estão em sua maioria dentro de matas virgens ou ocupadas por fazendas e plantações. Quando elas são instaladas são criadas áreas de servidão, locais com limitações para garantir a operação, a execução dos serviços de manutenção e a maior rapidez na localização de falhas das linhas. Elas também garantem a preservação do meio ambiente e a segurança de pessoas e bens próximos a ela. Existe uma norma técnica, a NBR – 5422, de projetos de linhas aéreas de transmissão de energia elétrica que estabelece procedimentos padrões em todas as regiões do Brasil.
Aparentemente esta norma não foi seguida no Nordeste. Segundo informações divulgadas pela Aneel, no local apontado como centro da ocorrência, na fazenda Santa Clara, “a faixa de servidão da LT Ribeiro Gonçalves–São João do Piauí apresentava vegetação de porte inadequado sob as linhas, o que caracteriza falta de limpeza das faixas”. Resumindo não cumpriram itens básicos de segurança e preservação do meio ambiente. Detalhe importante: as LT´s possuem materiais isolantes em suas estruturas para minimizar os efeitos do fogo, não para evitá-lo totalmente. Ainda não conseguiram produzir algo 100% em nenhum lugar do mundo.
Quem é o órgão responsável pela limpeza destas faixas? Bem depende. Trabalhei na Eletrobrás-Eletronorte durante nove anos e técnicos da empresa se intensificavam a fiscalização nas LT´s que levam energia para todo o estado de Rondônia e o vizinho Acre, no período do verão que começa em agosto. No Nordeste o período das queimadas começa em julho. Então se tivessem feito o serviço de casa direito, não aconteceria um apagão por este motivo. Até porque no ano passado foram registrados na região que possui o maior período de estiagem do País, mais de 16,2 mil focos de queimadas. Faltou prevenção.
Na região Norte, a Eletrobrás faz parceiras com o IBAMA, com as secretarias estaduais de Meio Ambiente, com as distribuidoras de energia para fiscalizar as áreas de servidão. A tática tem dado certo porque os números de apagões provocados pelas queimadas na região diminuíram. No entanto isto não significa afirmar que estamos assistindo de longe o sofrimento alheio. Não mesmo! O que aconteceu na semana passada poderia ter atingido outros estados brasileiros sim, primeiramente os dos Norte por conta da interligação do sistema (SIN). E, certamente não ocorreu porque equipes de técnicos responsáveis por monitorar os Centros de Operações (COR), cumpriram seu dever. Esta é outra parte relevante que as assessorias não souberam falar.
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