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Viviane Paes

Saí ou não saí a AHE Tapajós?!


Saí ou não saí a AHE Tapajós?! - Gente de Opinião
Viviane V.A. Paes

Tudo começou oficialmente em maio de 2009 quando foram aprovados pelo Governo Federal os estudos do Inventário Hidrelétrico que mostrou a possibilidade de se construir sete usinas hidrelétricas na bacia do rio Tapajós. Mas, nos últimos meses o empreendimento tornou-se um uma incerteza, e com o avanço nas investigações da Lava Jato, impeachment, a saída ou permanência de Eduardo Cunha da presidência da Câmara de Deputados nem os especialistas políticos e econômicos arriscam a dizer o que acontecerá com a economia do Brasil em 2016.

Não será essa comunicóloga que irá arriscar especulações. Vou me atentar no setor em que tenho um pouco de conhecimento, o elétrico.  No início desse mês, representantes das empresas responsáveis pela divulgação dos estudos do empreendimento estiveram em Altamira (PA) para conhecerem a realidade local após a concessão da LO de Belo Monte.

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Nada diferente

Assim que foram liberados os estudos para a Usina São Luiz do Tapajós, foi formado um consórcio de empresas para estudar cinco das usinas, sendo dois no próprio Tapajós (São Luiz de Tapajós e Jatobá), e três no rio Jamanxim (Cachoeira do Caí) e três no rio (Cachoeira do Caí, Jamanxim e Cachoeira dos Patos). Procedimento normal de todas as usinas construídas no País.

Em 2014, avançando um pouco o EIA – Estudo de Impacto Ambiental e o RIMA - Relatório de Impacto Ambiental foram entregues as prefeituras de Itaituba e Trairão municípios da área de abrangência das usinas.  O ECI – Estudo do Componente Indígena foi aceito pela FUNAI nesse mesmo ano.

Em 2015, o IBAMA emitiu um parecer sobre o relatório do EIA que foi entregue pelo Grupo de Estudos Tapajós e pediu complementações de alguns itens. Nesse ano deveriam ter sido iniciadas as audiências públicas. Elas não aconteceram porque elas só podem ser marcadas quando todos os estudos complementares tiverem sido entregues ao IBAMA.

A AHE – isto mesmo, não UHE – Aproveitamento Hidrelétrico de São Luiz dos Tapajós também será uma usina a fio d´água, mesmo sistema utilizado na UHE Belo Monte que alaga áreas menores durante o enchimento. A capacidade instalada de geração energia é de 8.040 MW suficiente para atender 20 milhões de residências brasileiras.

A Tapajós aparece no PDE – Plano Decenal de Expansão de Energia, elaborado pelo governo que descreve as prioridades de expansão do setor elétrico nos próximos dez anos. A versão até 2024, anunciada pelo Ministério de Minas e Energia em setembro deste ano prevê uma nova data para o início do funcionamento das usinas São Luiz do Tapajós e Jatobá. Pelo PDE, a usina deverá entrar em operação em 2021. O tempo previsto para terminar a construção da usina é de seis anos.

Então, apesar das muitas especulações, adiamentos, crise política e econômica o empreendimento deverá sair... É claro que as incertezas têm seus motivos, principalmente para aqueles mais de 12 mil trabalhadores oriundos do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira e famílias que depois de Rondônia chegaram ao Pará para a construção de Belo Monte com expectativas de ir para Tapajós. No momento a maioria já retornou para seus lares, cumprindo a etapa de desmobilização de Belo Monte. Não era o esperado. Nesse momento eles contribuem involuntariamente para o aumento do índice de desemprego na região Norte.

Quem conhece a sistemática de uma barragem sabe que lugar de “peão” não é em casa. Esses trabalhadores com certeza não terão o melhor final de ano de suas vidas. Cada dia a mais de atraso na construção da AHE Tapajós significa a estagnação na economia do País, pois energia em todos os sentidos é vida e é claro que afeta diretamente o futuro dos mais de 202,7 milhões de brasileiros.

Sim é um pouco pessoal, eu quero ter mais este grande projeto no meu currículo. E quem não trabalha no segmento, você que lê tirou um tempo para ler este artigo precisa de energia elétrica em casa para tudo. Não se enganem a matriz energética brasileira ainda não está 100% garantida, por isso que venha a AHE São Luiz do Tapajós e muitas outras necessárias!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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