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Gente de Opinião

Yêdda Pinheiro Borzacov

25 DE JULHO – DIA DO ESCRITOR



* Yêdda Pinheiro Borzacov

Nós, que aqui trabalhamos, que aqui temos vivido, que aqui nascemos ou que aqui optamos para viver, só podemos ficar orgulhosos e felizes com o já copioso acervo de produções literárias, consubstanciadora de uma individualidade e identidade próprias, no vasto terreno cultural, relativamente jovem, entretanto, já alcançando a maturidade nos setores da seara da poesia e da prosa criativa, cujos bons e maduros frutos estão em plena colheita nos escritos dos membros da Academia de Letras de Rondônia – ACLER, que completou dia 10 de junho de 2016, 30 anos de criação, possuindo em seu quadro significativos valores que encaram o fenômeno literário como um compromisso com Rondônia, a nossa terra.

Na próxima segunda-feira, o dia será dedicado ao escritor, 25 de julho, registro o nativismo das confreiras e confrades da ACLER que dão especial ênfase àquilo que os teóricos têm chamado de “cor local” — isto é, temas regionais, paisagens e caracteres locais aos seus escritos, sem qualquer declínio na qualidade das composições; ao contrário, primam os textos pelo alto padrão de literiedade.

Como exemplos de temas precipuamente rondonienses, registrando aspectos vários da vida e do caráter desta bonançosa Rondônia “onde vivemos, nos movemos e temos nossas vivências”, parafraseando o apóstolo Paulo, citamos:

·        Matias Mendes, poeta, contista e cronista de notável versatilidade temática, constatado em sua obra “As Musas e o Perfil”, “Eflúvio da Descrença”, “As Emoções e o Agreste”, “As Quimeras e o Destino”, “A Lira do Crepúsculo”, “A Apologia da Negritude”, “Malvinas do Jamari”, “Lendas do Guaporé” e “Síntese da Literatura de Rondônia”, coautoria com a acadêmica Eunice Bueno.

·        Cláudio Feitosa, cuja obra revela em contos, episódios vivenciados por ele, “Gente da Gente” e “O Camarão Verde”. Esse último foi considerado em 2010, um dos livros de ouro, pela Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas, do Rio de Janeiro.

·        José Monteiro, registra a cultura popular em “O Folclore em Porto Velho – Noções e Práticas”; “Risos e Prantos” e “Capítulos Marcantes de um Leprosário” são outras das suas obras.

·        Lúcio Albuquerque, alicerça seus escritos em “A Mulher de Rondônia (De Tereza de Benguela a Coronel Angelina)” e “Da Caixa Francesa à Internet”.

A literatura de Sandra Castiel Fernandes contém um alerta que o desenvolvimento inevitável de Rondônia não se faça, como ontem, sem o respeito à identidade e à dignidade de nossas populações. Seus livros são: “Contos Despedaçados e Outras Histórias”, “Raízes de Rondônia”, “TV Cultura de Porto Velho – Canal 11”, e “Professora Marise Castiel e Rondônia: Educação, Cultura e Política”.

O livro repassado de lembranças de Hugo Evangelista, “Capitão Alípio”, se reporta a um dos personagens de nossa História.

O encantador município de Guajará-Mirim, a oeste de Rondônia e na fronteira com a Bolívia, tendo por cidade gêmea “Guayaramerin”, no vizinho país andino, é exaltado por Paulo Cordeiro Saldanha em “O Alferes e o Coronel”, “O Oráculo da Candelária”, “Os Três Xerifes da Fronteira” e “Esperança, 50 Anos Depois”.

O nativismo de Samuel Castiel Jr. e Viriato Moura transparece em “Trem Vivo” e “Rio de Histórias”. Sou coautora desses livros.

O imaginário do caboclo amazônida está presente no livro de Antônio Serafim da Silva, “O Boto e o Broto”.

Não poderíamos deixar de mencionar as manifestações literárias dos confrades que se encontram no Mundo Maior:

·        Bolívar Marcelino, o príncipe dos poetas de Rondônia, autor dos livros intitulados por fenômenos naturais: “Tarde de Verão”, “Folhas de Outono”, “Chuvas de Inverno” e “Rosas da Primavera”. Filiado à Escola Parnasiana, com preferências pelo soneto que segundo Agripino Grieco, “decreta e sanciona a celebridade de um artista” e Alceu do Amoroso Lima exclamava: “As escolas passam, o soneto fica”.

·        José Calixto de Medeiros, exemplo típico do literato amazônida, poeta, cronista e prosador, cuja vivência regional marcou profundamente seus livros: “Lâminas de Silêncio”, “Oração do Sol”, “Verde Vida”, “Crepúsculo do Rio”, “Tatiana”, “Sentinelas da Estrada” e “Catedral do Tempo”.

·        Paulo Saldanha Sobrinho, declara seu amor ao vale do Guaporé em “Fatos, Histórias e Lendas do Guaporé”.

·        Ary Tupinambá Penna Pinheiro, apaixonado pelos valores culturais do nosso povo, dentre sua produção literária destacam-se: “Curare”, “Viver Amazônico” e “Involução Cultural Aruak na Amazônia”.

No dia 25 de julho, os historiadores da ACLER não podem ser esquecidos:

·        Emanuel Pontes Pinto, fluente, retórico, solidamente apoiado nas bibliografias, é autor de “Caiari – Lendas, Proto-História e História”, “Rondônia: Evolução Histórica e Hidroviária do Grão Pará e Mato Grosso (1797 a 1800)”, “Território Federal do Guaporé: Fator de Integração da Fronteira Ocidental do Brasil”, “Acriânia – A Revolução do Acre e a Ferrovia Madeira-Mamoré”, “Urucumacuan: Mitos, Lendas e Tradições” e “Real Forte Príncipe da Beira”.

·        Marco Antônio Domingues Teixeira, sua pesquisa notável desvendou inúmeros fatos referentes à nossa História: “O Quilombo de Jesus”, “História Regional – Rondônia”, coautoria com Dante Ribeiro da Fonseca, “Quilombolas de Jesus – Vale do Rio São Miguel”, coautoria com Gustavo Gurgel do Amaral, e “A Morbidade e a Morte nos Vales do Guaporé e Madeira, entre os Séculos XVIII e XX”, dentre outros.

·        Os trabalhos de Gerino Alves da Silva Filho, “Toponímia de Rondônia”, “Topônimos de Rondônia – Hidrografia e Orografia”, trabalhos pioneiros, marcam sua presença na historiografia regional.

·        Abnael Machado de Lima possui significativa obra nativista: “Ensaios sobre Lendas e Folclore de Rondônia”, “Guaporelândia”, “Terras de Rondônia”, “Achegas para a História da Educação em Rondônia” e “Real Forte do Príncipe da Beira”.

·        A obra de Dante Ribeiro da Fonseca é marcada pela reflexão, questionamento e seriedade: “Estudos da História da Amazônia”, volumes I e II, “Rondônia, sua História e sua Gente” e participação em coautorias e artigos em revistas acadêmicas.

·        De minha autoria: “Porto Velho: 100 Anos de História – 1907/2007” (documenta o patrimônio histórico-material da capital de Rondônia); “Imagens de Rondônia: A Fotografia Documenta a História”, “Aluízio Pinheiro Ferreira”, “Porto Velho: Imagens Culturais”, “Rondônia: Espaço, Tempo e Gente”, “Histórias do Vale do Madeira” (para crianças), “Rondônia Cabocla” e Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: Uma História em Fotografias. No prelo se encontram “Os Bairros na História de Porto Velho”, “O Tupi na História e Geografia de Rondônia” e “Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: Saúde e Outros Tópicos”.

A saga da valorização e divulgação da História, composta pelos membros da ACLER que partiram para a esfera espiritual é constituída dos autores Amizael Gomes da Silva com “Rastro dos Pioneiros”, “Amazônia – Porto Velho”, “Conhecer Rondônia”, “Da Chibata ao Inferno”, “O Forte do Príncipe da Beira” e “Amazônia Sarará”; Esron Penha de Menezes, espírito de escol, é de sua lavra a obra “Retalhos para a História de Rondônia”, em dois volumes, referências obrigatórias para todos os que realizam pesquisas históricas; Vitor Hugo, sua obra “Os Desbravadores”, volumes I, II e III, “50 Anos de Criação do Território Federal do Guaporé”, perpetuam o seu nome na História da Amazônia; Paulo Nunes Leal, conhecedor profundo dos problemas regionais (Rondônia), é autor de “O Outro Braço da Cruz”, “A Guerra que eu Vivi” e “Coronel Ricardo Franco de Almeida e Serra”.

Ainda no campo da literatura poética, assinalamos os acadêmicos George Alessandro Gonçalves Braga, Gesson Magalhães, Pedro Albino de Aguiar, Edson Jorge Badra, Eunice Bueno, Joaquim Cercino da Silva, Zelith Andrade Carneiro, José Valdir Pereira, Dimas Ribeiro da Fonseca, João Correia, José Detoni, Adaídes Batista, Átila Ibanes, Antônio Cândido, Aparício Carvalho e João Teixeira. Na área histórica, ressaltamos ainda, os escritos dos acadêmicos Raimundo Neves de Almeida, Almino Alvarez Affonso e Hélio Fonseca, que com a serenidade dos seus pensamentos, com as maestrias dos seus saberes, registram os processos históricos de nossa Rondônia.

A produção dos membros da ACLER é que torna a instituição forte, séria e notável, demonstrando que a herança cultural e histórica de um povo não deve ser esmagada pelo desenvolvimento social e, se for, desencadeará um processo de dissociação que sufocará as nossas tradições mais arraigadas em prol de novos valores nem sempre apropriados, portanto, endossamos o lema do extinto MOBRAL:

“Cultura é a passagem do homem pelo mundo,/ Ele mesmo,/ Sua sombra,/ Seu rastro,/ Seu eco”.

* Yêdda Pinheiro Borzacov, da Academia de Letras de Rondônia, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, vice-presidente do Memorial Jorge Teixeira e colunista do site Gente de Opinião e do jornal Alto Madeira.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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