Quinta-feira, 3 de abril de 2014 - 20h47
Yêdda Pinheiro Borzacov
O caboclo do baixo Madeira demonstra possuir sensibilidade para os problemas alheios, compartilhando momentos alegres e tristes de seus semelhantes.
Vivendo em meio às dificuldades impostas pelo ambiente, desenvolveu o sentimento de solidariedade, ajudando seu próximo e dele recebendo ajuda, não só no trabalho da pesca como em outros misteres de sua faina diária, a qualquer hora do dia ou da noite, quando se fizer necessário.
O caboclo cultiva, a seu modo, hábitos sociais, apreciando fazer visitas a seus parentes, vizinhos e compadres. Nesses encontros e reuniões sempre há muito respeito e cerimônia; e se as reuniões são fora do círculo familiar, as mulheres ficam separadas dos homens, agrupando-se na cozinha para conversar, enquanto estes conversam na sala ou no terreiro da casa.
São motivos de reunião, os batizados, os casamentos, os falecimentos, bem como os casos de nascimentos e de enfermidades.
Nos casos de doença grave numa casa, todos os conhecidos e amigos do enfermo o visitam e permanecem dia e noite velando à sua cabeceira, guardando absoluto silêncio com semblantes compungidos, numa aglomeração tão grande que não há possibilidade de alguém se mover dentro do aposento, e isto durante horas seguidas e às vezes até durante dias.
Quando acontece de o doente falecer, todos acorrem de distâncias enormes, tendo a igarité como transporte, a fim de participarem do “quarto”. Nesses “quartos”, enquanto uns dormem encolhidos pelos cantos da casa, outros conversam em voz baixa e, para espantar o sono, o café e a cachaça se alternam, servidos a noite toda.
O acompanhamento de um enterro no “beiradão” é melancólico e ao mesmo tempo “sui-generis”. Vêem-se os caboclos andando pela estradinha, tendo à frente o defunto numa rede, sendo levado por dois homens até a margem do rio, onde será depositado no fundo de uma canoa, até o cemitério, às vezes distante algumas horas. Chegando à margem, os que possuem canoa tomam-na e acompanham o corpo numa procissão fluvial triste e nostálgica. Acontece muitas vezes de encontrarem uma venda e, para “esquentar o sangue”, tomam uma boa dose de branquinha.
A solidariedade cabocla revela-se, ainda, quando um vizinho necessita de ajuda para realizar um plantio, uma colheita, um roçado ou mesmo para preparar a cobertura da casa. Faz um apelo aos vizinhos e imediatamente é atendido. Acontece, então, o “ajuri” ou “putirum”, todos reunidos para o trabalho em comum e em perfeita harmonia realizam a tarefa.
A família do caboclo que solicitou ajuda prepara o almoço e, às vezes, quando o trabalho prolonga-se até o anoitecer, improvisa-se um arrasta-pé.
A solidariedade cabocla está presente em todos os momentos, na alegria, na dor, no trabalho. Tudo é compartilhado com amizade e fraternidade.
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