Domingo, 17 de março de 2013 - 09h35
O caboclo tem o costume de marcar as pessoas por apelidos, batizando-as com nomes de bichos ou coisas, de acordo com a cor da pele, traços fisionômicos, altura, tonalidade dos cabelos, jeito de ser ou mesmo devido a algum defeito físico.
Uma infinidade de apelidos corre de boca em boca, no dia-a-dia de nossa gente. Puxando pela memória e auxiliada pelos meus registros, lembro-me do indivíduo que fracassou ao tentar asfaltar, na década de 1960, a av. Presidente Dutra, em Porto Velho, recebendo de imediato a alcunha de "deusa do asfalto"; daquele que possuía um sinal vistoso em uma das orelhas, sendo apelidado de "Zelada pistilo"; da criatura pequena, miúda, "o peba"; do franzino, "o palito"; daquele que possui uma mão defeituosa, "João mãozinha", ou de quem tem perna aleijada, "perna santa"; de quem usa óculos, "quatro olhos"; da mulher muito idosa, "coroca"; a moça de pernas finas, "cambito" ou "perna de sabiá"; o indivíduo que exala mau cheiro, "catinguento"; o rapaz de estatura elevada, "belisca lua"; a pessoa desafortunada, "o caipora"; a ala política das décadas de 1950 e 1960, adepta a Aluízio Pinheiro Ferreira, "os cutubas”, e os "pele curtas", simpatizantes do político e médico Renato Medeiros; do indivíduo de voz fanhosa, "o fon-fon"; de quem vive cheio de coceira, "o curubento"; aquele que é apalermado, "o bocó" ou "abirobado"; o sujeito que tem o pé pequeno, "pé-de-anjo"; do político da antiga UDN que escrevia asneiras, "Clodoveu", e, ainda, do indivíduo que caiu de avião três vezes, "o cai-cai".
Prosseguindo o desfile de apelidos lembro-me de uma bicharada incrível, do carnavalesco "periquito", dos tipos populares "macaco" e "morcego"; da moça de bumbum avantajado, "tanajura"; das pessoas de cabeça minúscula, "cabeça de rolinha"; do homem conquistador, "boto tucuxi"; de quem gosta de falar muito, "curica"; da dona de pensão-alegre, "a tartaruga"; da família cujos membros possuem nariz grande e comprido, "os tucanos"; do homem baixinho, "mucuim". E, ainda, do "jabuti", "preá", "quati", "jumento", "Zé paca", "coxa de frango", "preguiça", "sabiá", "calango", "tracajá", "piaba", "cabeça de bagre", "pintado", "mosquito", "tucandeira". Em 1994 foram registrados candidatos a cargos eletivos os seguintes animais: "Pavão Pavane"; "A Cigana"; "Pantera" e "Carlito, Homem do Peixe" e, em 1998, "Didi da pomba" ou "Didi do bicho".
Dentre os apelidos racistas ridicularizando brancos, negros e mulatos, encontramos: "branca azeda"; "branquela"; "rato branco"; "branca aguada"; "loura bosta"; "sebo branco"; "barata descascada"; "branca sebosa"; "picolé de asfalto"; "chaminé do avesso"; "chiclete de onça"; "boné de maquinista"; "urubu"; "alumínio", apelido de um indivíduo descendente de migrantes do Caribe.
Muitos outros apelidos são ainda encontrados: "Beleza", o sacristão da Catedral do Sagrado Coração de Jesus; "pau-seco", o guarda territorial, magro, alto, mulato; os tipos populares, "cachimbão", "pacato" e "Zé Quirino"; "cangati"; "dedão"; "alicate"; "pontaria"; "empapado"; "tarugo"; "paxiúba"; "Zé da Farmácia".
E ainda outros apelidos registrados no TRE: "Marlene Capeta"; "Casquinha"; "Repórter 007"; "Filho do Pastor"; "Xoradin"; "João da Muleta"; "Suruí"; "Totonho"; "Bigode"; "Zé Baixinho"; "Chico Bananeira"; "Zigue"; "O Esperado"; "Lu"; "Te"; "Sarará"; "Antenor da Cidade" e "Negão da Alacasica", dentre outros.
A lista continua interminável, e o nosso caboclo se diverte apelidando o amigo, o conhecido, o compadre e até mesmo o irmão.
Yêdda Pinheiro Borzacov
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