Segunda-feira, 18 de janeiro de 2016 - 11h42
* Yêdda Pinheiro Borzacov
Incontestavelmente, a banda de música, tradição da musicalidade brasileira, integra o patrimônio artístico de uma cidade. O consagrado musicólogo paraibano, Andrade Murucy, costuma exclamar que no campo da arte, uma cidade desprovida de banda de música, “é um deserto de agreste aridez”.
Quando Porto Velho ensaiava os primeiros passos após a sua emancipação político-administrativa, elevada à categoria de município (1914), surgiu a primeira banda de música, em 1916, organizada pelo juiz Martinho Ribeiro Pinto e o intendente José Jorge Braga Vieira. Muitas apresentações foram realizadas com sucesso, sempre aplaudidas pelo povo, entretanto, em razão da transferência do juiz e o falecimento do intendente, a banda de música foi dissolvida.
Conforme subsídios fornecidos pelo historiador Esron Penha de Menezes a respeito desse campo de expressão musical, na década de 1920, o professor de música Raul Andrade criou uma escola em sua residência e organizou uma banda composta por cerca de dez jovens que, com dedicação e empenho se apresentavam em um coreto existente no cruzamento da avenida Sete de Setembro com a rua José de Alencar. Alguns desses músicos eram Moacir Mota, Raul Almeida, Esron Penha de Menezes e Francisco Assunção.
Com a criação do contingente militar de fronteira, em 1932, organizou-se a primeira banda de música militar, sendo esta integrada à Guarda Territorial por ocasião da constituição da banda de música da recém-criada corporação militar do Território Federal do Guaporé. Essa banda de música criada por meio do Decreto nº 19 de 13 de setembro de 1944, alterava as disposições do Decreto nº 1 de 11 de fevereiro de 1944, criando a Guarda Territorial que teve como primeiro comandante, Milton Carvalho de Queiroz, oficial do exército e amante da boa música.
A banda composta por 25 músicos teve como primeiro mestre (provisório), José Piedade, que passou a regência ao titular Antônio Pires Dantas, ex-policial militar do Amazonas e grande músico, que chegou a Porto Velho atendendo convite formulado pelo governador Aluízio Pinheiro Ferreira.
Antônio Pires Dantas merece menção honrosa na história da musicalidade rondoniense em face da contribuição prestada à organização e ao desenvolvimento da banda de música da corporação militar, bem como pela formação de novos músicos, além de ter composto a partitura de “Céus do Guaporé”, a pedido do juiz José de Melo e Silva, hino adotado como oficial do Estado de Rondônia, em 1981, com o denotativo de “Céus de Rondônia”, produção musical de grande poder de imaginação aliado à pureza da sensibilidade. Informação dada pelos historiadores Ary Tupinambá Penna Pinheiro e Esron Penha de Menezes. Muitas outras produções musicais – dobrados e marchas militares foram compostas pelo maestro Dantas e apresentadas nas paradas militares pela “Furiosa”, como era chamada carinhosamente a banda da Guarda Territorial pela população de Porto Velho.
Com o falecimento do mestre Dantas, assume a regência o seu filho, José Neves Dantas que, ao aposentar-se, passou a batuta do organismo musical à esclarecida direção de Carlos Sifontes.
Nas décadas de 1950 e 1960, aos domingos, era apresentada uma retreta no coreto da Praça General Rondon. Era a época dos dobrados, velhas e belas valsas e marchas tocadas em ambiente provinciano e que emocionavam a alma dos assíduos frequentadores do “footing” daquele logradouro público, local de encontro da juventude, ocasião em que as moças desfilavam exibindo suas rodadas saias de organdi ou pregueadas em “crepe da China”. Registramos alguns nomes de músicos daquela época: Nézio de Almeida, José Inácio Lira, Belísio Córdula e Adalberto Ribeiro que, em 1984, receberam o reconhecimento oficial do governo Jorge Teixeira de Oliveira que os agraciou com um diploma de honra ao mérito, em solenidade ocorrida na Praça das Três Caixas D’Água.
Em decorrência do Decreto-Lei nº 411, de 8 de janeiro de 1969, dispondo sobre a nova administração dos Territórios Federais, criou-se a Secretaria de Segurança Pública e, em 9 de setembro de 1977, por meio do Decreto nº 864 a Guarda Territorial foi extinta, sendo então incorporada à Polícia Militar todo o seu acervo patrimonial e recursos humanos, incluindo o organismo musical que prosseguiu com o seu papel aglutinador de cultura musical, formando novos instrumentistas com inovações e criatividade, e participando ativamente dos eventos cívicos e sociais com o mesmo caráter sereno, cumprindo o seu sentido sociocultural. Muitos músicos entusiastas da banda têm contribuído para o seu desenvolvimento, dentre eles ressaltamos Waldeci Celestino e Elias José da Silva.
A banda de música da Polícia Militar é um organismo solido de promoção da cultura musical, conferindo em face da sua atuação e presença, uma imagem altamente positiva à Polícia Militar.
* Yêdda Pinheiro Borzacov, da Academia de Letras de Rondônia, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, vice-presidente do Memorial Jorge Teixeira e colunista do site Gente de Opinião.
Banda de Música da Polícia Militar do Estado de Rondônia. Foto: Google Imagens
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