Sexta-feira, 27 de janeiro de 2017 - 20h09
* Yêdda Pinheiro Borzacov
Em um justo reconhecimento ao governador Jorge Teixeira de Oliveira, cujo lema era “Trabalho, Trabalho, Trabalho”, seus amigos com o apoio da Assembleia Legislativa e o governador José Bianco lhe prestaram uma homenagem – a criação e a instalação do Memorial Jorge Teixeira, na antiga residência dos ex-governadores do Território Federal e do Estado.
Audacioso nos seus projetos, executava-os com entusiasmo e perseverança. Traçava esquemas de controle das execuções, viajando semanalmente, usando helicóptero, percorrendo os mais distantes rincões de Rondônia, para constatar se os programas estavam sendo cumpridos, transmitindo nessas ocasiões fé e certeza de que todos eram peças imprescindíveis à criação do Estado e depois à sua consolidação.
O pensamento de Jorge Teixeira está retratado nos seus discursos: “Aqueles que trabalharem comigo terão que rezar pela mesma cartilha – Trabalho, Trabalho, Trabalho”; “Sou responsável pelo comando administrativo, entretanto, todos vocês são responsáveis também pelo Estado”.
Via o futuro com antevisão. As gerações do porvir eram uma das suas preocupações. Visitava escolas e era amado pelas crianças que corriam para abraçá-lo.
Jorge Teixeira de Oliveira faleceu ainda novo, aos 63 anos de idade, no dia 28 de janeiro de 1987, na Casa de Saúde São Vicente, no Rio de Janeiro, vítima de insuficiência respiratória, ocasionada por um câncer. Teixeira, mesmo doente – estive com ele, meses antes de sua partida –, prometia voltar assim que as condições médicas o permitissem. E perguntava por tudo. Pelos projetos desenvolvidos. Pelos amigos. Lembro-me que passávamos férias em João Pessoa quando recebi a notícia do seu falecimento. Chorei de saudades pelo amigo que partira e chorei lamentando nossa Rondônia que ficara órfã do homem chamado trabalho.
Muitas homenagens lhes foram prestadas, dentre elas, comoveu-me profundamente o texto poético do Major de Engenharia, Antônio Lara Marialva Meireles Rondon, em “Carta Aberta de uma Saudade”:
Permita-me, por favor... Cel. Teixeira!... / Adentrar neste labirinto... de saudades
pois quero que deslumbres... de onde estiveres / dois grandes momentos de tua vida...
Este templo... / Mesmo com fachadas desgastadas pelos anos...
jamais ruirá ao solo / pois o que é feito com amor... intenso e profundo
amor, nunca sucumbirá ao tempo / e hoje!... em seu seio acolhe... jovens infantes
que o fazem palpitar de vida... / com o frêmito de seus risos... algazarras...
e o surdo gemido de saudade!
enchendo de música... cor... e reflexão / este altar sagrado de sabedoria.
O tempo passa!... 20 anos! / Sonhos e realidades entrelaçam-se...
e, juntos permanecem... na obra futura / e este céu aberto... como foi aberto teu grande
coração, acolheu para si... os sonhos e devaneios... / de nossa juventude ávida pelo saber e, o sonho
De ventura que a vida oferece!
Militar de forte estatura!... / Tez acaboclada... olhar ameno e sonhador
Tornaste-te o estadista benfeitor... de nossa / juventude amazonense
Dinâmico... viril... e índole pura / Deixaste para as gerações futuras
O moral... o pioneirismo... e o ideal de um tipo / quase sobre-humano...
Em busca de forjar da educação futura.
Hoje!... apenas tuas obras... realizações... / Dizem!... Presente!
E isto nos traz grandes saudades!... / Saudades... que já não cabem no coração
e vivem espalhadas nas brisas... nas nuvens, no sorriso maroto de uma criança
E tudo... mas tudo mesmo lembra a imensa / Saudade de ti.
Não... não estás morto para nós... / Estás redivivo em nossos corações
Forte fonte de emoções de amor ao próximo / Enquanto Deus permitiu que vivesses vida / objetiva entre nós...
Não!... Não estás morto!... / Vives no que realizastes
Deixando cada um de teus atos e pensamentos / tornando mais fecunda tua obra...
Porque a isentaste de qualquer mácula / Levando como estímulo a viver um presente...
Tendo em vista o interesse do futuro de nossos jovens.
Agradecemos a Deus Pai!... / O privilégio de termos compartilhado de tua
existência... jamais esquecida / E que tantos pensamentos generosos despertou
a todos nós...
E agora?... Agora que não podes... / Com tua presença marcante...
Aviar a imagem... onde davas soberba prova de fibra... alento... vontade de viver
Procuraremos cultivar tua memória / Embora o criador te levasse de nossos olhos.
Vem! Volta depressa... / Vem, todos nós estamos com imensa saudade de ti...
Vem! em forma de luz... que nos dá vida e calor / Vem! em forma de brisa... que sussurra teus nobres ensinamentos
Vem! em forma de nuvens... que tênue desliza... / Emoldurando teu semblante querido...
Olha!... Teixeirão!... / Até mesmo as doridas saudades
Sentem saudades de ti... / Os humildes... os ribeirinhos... teus alunos...
as comunidades... a selva... / Enfim!... a imensidão amazônica...
Está chorando pelo imenso vazio que deixastes
Vem! volta depressa... Assim Seja.
* Yêdda Pinheiro Borzacov, da Academia de Letras de Rondônia, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, vice-presidente do Memorial Jorge Teixeira, da Academia Histórica Militar Príncipe da Beira, colunista do site Gente de Opinião e do jornal Alto Madeira.
Jorge Teixeira de Oliveira, tendo ao lado o presidente João Batista Figueiredo
e o ministro da interior Mário Andreazza. Foto: R. Machado
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