Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014 - 10h08
Yêdda Pinheiro Borzacov
Visando honrar a memória e manter vivos os ideais cívicos e a obra realizada pelo Governador Jorge Teixeira de Oliveira, seus amigos e seguidores, liderados por João Dantas Cyrino, criaram a Sociedade Civil Memorial Jorge Teixeira, no dia 14 de outubro de 1993.
O Governador José de Abreu Bianco entregou no dia 4 de janeiro de 2001, a casa que era a residência oficial do governador do estado, construída à época do Território Federal do Guaporé, à Sociedade Civil Memorial Jorge Teixeira. O ato teve o respaldo legal da Lei nº 936 de 13 de dezembro de 2000 e do Decreto nº 9348 de 3 de janeiro de 2001 e, com essa doação, houve o reconhecimento oficial ao extraordinário trabalho realizado pelo estadista militar, artífice da criação do estado de Rondônia.
A singularidade da personalidade de Jorge Teixeira, militar, administrador e homem público é repetida para milhares de pessoas e o Memorial situado na rua José do Patrocínio, s/n, esquina com a rua Euclides da Cunha é hoje, um dos lugares mais visitados de Porto Velho. Não apenas o povo e escolares, mas personalidades regionais e de outras partes do Brasil têm visitado o Memorial, que possui acervo histórico significativo. Mostra a sua atuação como prefeito de Manaus, de governador do Território Federal de Rondônia e como governador do estado de Rondônia. Jorge Teixeira no Memorial permanece vivo na memória dos seus concidadãos e da história da Amazônia.
O prédio à época da sua construção, 1948, possuía as seguintes características: casa de alvenaria e tijolo, coberta de telhas de barro tipo canal sobre estrutura de madeira, piso de mosaico e taco, esquadrias de madeira de lei com vidros, forro em madeira, pé direito de 3 m, baldrame de 0,50 cm, constando uma varanda coberta, sala de jantar, circulação, cinco quartos, despensa, copa-cozinha, terraço externo coberto e garagem, totalizando uma área construída de aproximadamente 918,19 m2. Com as sucessivas reformas o interior foi totalmente modificado, entretanto, externamente, a edificação permanece com a mesma fachada característica original.
A área coberta, hoje, é de 1.260,60 m2 e pertence ao lote de terras urbanas nº 280, da quadra nº 7, do setor 3; limitando-se ao norte, com o lote 51; a leste com o lote 202; ao sul, com as ruas José do Patrocínio e Euclides da Cunha, medindo o lote 45 m de frente com 32,80 m de fundo.
O governador José de Abreu Bianco ao discursar na entrega da casa à Sociedade Civil Memorial Jorge Teixeira exclamou: “Visitar este prédio que hoje abriga a memória de Jorge Teixeira é para nós e para muitos rondonienses, ter a oportunidade de reviver, de alguma forma, momentos de convívio não apenas com o saudoso implantador do estado de Rondônia, mas também com aquele que o antecedeu na administração territorial, plantando as bases sobre as quais viria assentar-se o novo estado, o também homem de farda, Cel. Humberto Guedes”.
Seu amor e entusiasmo por esta terra se traduzia nas frases que exclamava:
“É mais uma missão a cumprir. Para alguns se afigura difícil, a mim não. Gosto que haja dificuldade em minha vida, pois quero e espero superá-las. Sem obstáculos não haveria nem esforço, nem luta e a vida seria insípida”. – Trecho do discurso de posse como governador do Território Federal de Rondônia – 10/4/1979.
“Ninguém vai parar o progresso de Rondônia”. – Entrevista para o jornal “O Globo” – 13/9/1984.
“Sou o governador, a responsabilidade de tudo cabe a mim. Não abro mão de tal prerrogativa. Mas cada um dos que aqui habita tem parte nos problemas”. – Trecho de um dos seus discursos.
“No nascimento deste novo Estado, olhamos para trás e nos damos conta de que Rondônia se fez de mãos calejadas, de corpos suados e poeirentos no divino trabalho da terra. Não é fruto elaborado por uma elite privilegiada. Lavradores e doutores, caminhoneiros e técnicos, comerciantes e artesãos, civis e militares, religiosos e leigos, confundem-se todos nesta paisagem humana, dinâmica e idealista que se espelha, vertiginosamente por esta região do Brasil”. – 4/1/1982 – Trecho do discurso como 1º Governador do Estado de Rondônia.
“Esse estado que é mais de vocês que meu, embora, hoje eu também tenha esse estado no meu coração, porque como brasileiro todos nós temos que nos orgulhar daquilo que fazemos pelo nosso País”. – 4º aniversário de governo – 10/4/1983.
“Não somos estatística, mais uma realidade humana”. – Revista Novo Estado, setembro de 1981.
“A terra é boa, germina, fecunda e dá frutos. Seus filhos já participam dos negócios públicos e privados. Brasileiros de outras regiões elegeram Rondônia como base para suas atividades”. – Trecho da mensagem do 1º ano de aniversário do estado de Rondônia. – 4/11/1983.
“O simples olhar de um idoso do interior para seu governador; o simples correr de uma criança, como milhares de vezes aconteceu neste estado, para abraçar, às vezes até as pernas do governador, pela sua ingenuidade e pelo seu tamanho, foram momentos que nos levaram, realmente, a compreender que a missão ia bem, e que se apagaram os momentos difíceis”. – Trecho de um dos seus discursos.
A revista Novo Estado em artigo publicado homenageando os seis anos de governo de Jorge Teixeira de Oliveira, ressalta: “Cumpre sua missão deixando para seus sucessores um exemplo digno a ser seguido, pois de fato foi o governador que mais realizou obras de grande importância em Rondônia. O povo deste estado e aqueles que para cá vieram, atendendo ao seu chamado para ocupar e ajudar no desenvolvimento deste pedaço de terra brasileira, dizem: Obrigado, Teixeira, foi bom você ter vindo””.
O acervo do Memorial Jorge Teixeira lembra o ideal e o valor cívico encarnado pelo homem de farda e do culto governador, e faz lembrar que não há outra forma de assumir compromisso com o futuro, senão pautando-se nas lições do passado. São lembranças que reforçam nosso ânimo e nos fornecem elementos para reflexões, especialmente ao nos depararmos com o lema legado por Jorge Teixeira: Trabalho, Trabalho e Trabalho.
A OANA Publicidade ao fazer o anúncio de sua morte, em janeiro de 1987, reproduziu o telex que lhe enviou quando Rondônia tornou-se estado: “O homem que trabalha sempre alcança vitória, porque é abençoado por Deus. E quando esse trabalho é realizado com amor e honestidade, a vitória vem com sabor de eternidade. O senhor, governador, modificou a história e, principalmente, a geografia deste País. Pense só, governador, quantas crianças irão dizer em suas aulas que Rondônia é o 23º Estado da União e que o seu primeiro governador foi o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira. E um nome quando é recordado pelas crianças, é imortal. Nunca terá idade”.
O acervo do Memorial Jorge Teixeira registra o período de 10 de abril de 1979 até maio de 1985, época em que Rondônia se transformou em um canteiro de obras: Usina Hidrelétrica de Samuel, prédios da Universidade Federal de Rondônia, Banco do Estado de Rondônia, Tribunal de Contas, Ginásios de Esportes, Escolas, Hospitais, Tribunal de Justiça, asfaltamento da BR-364, reativação de 23 km da E.F. Madeira-Mamoré. As marcas de seu governo aparecem na criação dos novos municípios de Rondônia. Suas obras falam por si mesmas e revelam o extraordinário caminho que Jorge Teixeira de Oliveira abriu para Rondônia.
Apesar da indelével marca deixada por Jorge Teixeira em todos os recantos de Rondônia, o prédio do Memorial não foi devidamente preservado pelo Poder Público, encontrava-se em estado de deterioração, atestando com esse abandono que Rondônia (isto é, as autoridades da área cultural) são descuidados em relação ao nosso passado histórico. E, para a memória de alguns, parece até que Rondônia nasceu ontem, e que só tem valor aquilo que surgiu recentemente. É uma atitude antipassadista o esquecimento do passado. Acreditam mesmo que ele não possa ter algum significado válido para a sua concepção de vida.
Felizmente para o patrimônio histórico material surgiu um cidadão e militar exemplar, o comandante general Ubiratan Poty, que entendendo a importância fundamental do acervo do Memorial Jorge Teixeira na formação histórica, social e geoeconômica, e na formação geopolítica do estado de Rondônia, atendendo os apelos veementes da presidente da instituição, Maria Aparecida Alves de Souza e o meu, assumiu uma posição consciente na defesa do bem histórico e firmando uma parceria com a TV Rondônia e a Fecomércio, iniciou os trabalhos de recuperação do prédio de sessenta e seis anos, propiciando assim uma exposição digna do acervo do Memorial, honrando a memória do artífice da criação do estado.
O general Poty é uma das forças humanas da natureza que surgem algumas vezes e cujos trabalhos lembram os versos de Fernando Pessoa:
“Para ser grande, sê inteiro: nada/ teu exagera ou exclui./ Sê todo em cada coisa. Põe quanto és./ No mínimo que fazes./ Assim em cada lago a luz toda brilha, porque dela vive”.
O intelectual Gesson Magalhães
A intelectualidade de Rondônia está de luto. Morreu o poeta romântico Gesson Magalhães. Morreu o confrade que ocupou com mérito a cadeira número dois
Nas proximidades do leito da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré surgiram alguns bairros populacionais
Euro Tourinho, o intérprete do nosso jornalismo
O perfil de um homem vai se cinzelando no decorrer dos anos e a poeira do tempo, como procede inexoravelmente, a história, vai laminando as reputaçõ
Conheça a literatura de Porto Velho
Aplaudo e abraço com afeto, mais uma vez, a professora, escritora e acadêmica Sandra Castiel, amorosa porto-velhense que enobrece e honra a Academia