Domingo, 18 de outubro de 2015 - 05h51
* Yêdda Pinheiro Borzacov
Nome que se impõe no quadro da historiografia rondoniense é o do governador Jorge Teixeira de Oliveira, gaúcho de General Câmara, cidade nascida ao redor de um antigo Arsenal de Guerra do Exército, cujas atividades lhe inspirou seguir a carreira militar.
Nomeado para governador do Território Federal de Rondônia, após ter realizado memorável serviço como prefeito de Manaus, sendo considerado como um dos melhores das últimas décadas, recebeu a missão de propiciar meios para o Território Federal ser elevado a estado. Assim, a partir de abril de 1979, com a força da sua convicção e fé contribuiu para abrir os caminhos de Rondônia, promovendo na epopeia silvestre extraordinária obra que não passará e morrerá jamais. A ação prestada a esta terra determinou que após seu falecimento em 1987, um grupo de ex-assessores, liderados por João Dantas Cirino, tendo como retaguarda o ex-secretário de planejamento e ex-presidente do Tribunal de Contas de Rondônia, José Renato Frota Uchôa, criassem a Sociedade Civil Memorial Jorge Teixeira no dia 14 de outubro de 1993, visando resgatar e documentar fatos e feitos dos ideais cívicos da obra de Teixeirão (1979/1985), época em que o progresso invadiu toda Rondônia.
Outra homenagem prestada ao artífice da criação do nosso estado, cujo lema era Trabalho, Trabalho, Trabalho, ocorreu na gestão do prefeito José Vieira Guedes, quando foi inaugurada na avenida Jorge Teixeira, no dia 2 de outubro de 1993, por ocasião dos festejos dos 79 anos de criação do município de Porto Velho, uma estátua em bronze de Teixeirão, com traje de trabalho – jaleco e boné, em pose contemplativa. A indicação para a construção da estátua foi do então vereador Zequinha Araújo, sendo o autor do projeto, o engenheiro João Coelho.
A estátua de Teixeirão cuja altura é de 1,80m (consideramos diminuta para uma avenida), situa-se em uma área pavimentada com bloquetes de cimento. Ao seu redor, havia pequeno jardim com postes de aço galvanizado com duas lâmpadas de vapor de sódio, dando realce à noite à significativa escultura. Constavam do projeto dez bancos de cimento e mais sete postes, refletores e duas obras de destaque do governo Teixeirão. O monumento foi inaugurado e o projeto não foi concluído.
Há cerca de três semanas ao passar pela avenida Jorge Teixeira deparei com um quadro estarrecedor: em frente a estátua do último bandeirante de Rondônia, acintosamente colocaram ( não sei quem), uma instalação retirada da rotatória da avenida Lauro Sodré com a avenida Migrantes, um ultraje para a memória do governador e, consequentemente, para a História de Rondônia.
Há necessidade de se promover um inventário dos bens históricos de Porto Velho e divulgá-los, exatamente para propiciar aos técnicos despreparados o conhecimento da estrutura urbana e criar nos seus habitantes o desejo da preservação de sua memória, evitando-se os atentados e agressões à fisionomia da cidade.
Nenhuma cidade no território nacional é tão desprovida de memória como Porto Velho – é a amnésia histórica. É dever do município, nos termos constitucionais, a manutenção do patrimônio histórico material, mediante a execução de uma politica cultural que vise a assegurar a sua preservação e valorização, e ao constatar a degradação do nosso patrimônio histórico material, lembro-me dos versos do amigo querido, Fouad Darwich Zacharias, advogado brilhante e 1º presidente do Tribunal da Justiça do Trabalho do Estado de Rondônia, quando na varanda famosa do Porto Velho Hotel, declamava, retratando políticos que não tinham compromisso com o então Território Federal:
“Surge um asno enfeitado / E a turba inteira o cumprimenta e lhe oferece flores, / Responde com um coice numa relincheira / Causando gáudios aos cortejadores.
Novos aplausos e novos estertores de coice, / Rufam trompas e tambores, / E passa o burro em célere carreira.
Eis a mentalidade do momento... / Fora o letrado, bravos ao jumento / E desafina a lira nas cravelhas.
Por isso poeta, se menos perfeito / Pois não vale o teu verso por bem feito / Pois tens mais cabeça que orelhas!”
No caso referente à preservação do patrimônio histórico material, não existe só um jumento. Muitos jumentos são encontrados em campos operacionais e em uma inversão de valores aniquilam a nossa História.
* Yêdda Pinheiro Borzacov, da Academia de Letras de Rondônia, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, vice-presidente do Memorial Jorge Teixeira e colunista do site Gente de Opinião.
Monumento à Jorge Teixeira.
Foto: Gente de Opinião
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