Domingo, 30 de agosto de 2015 - 05h11
* Yêdda Pinheiro Borzacov
Disse Jesus: “Haja firmamento no meio das águas, e separação entre águas e águas” – Gênesis 1:16. Então Ele criou o nosso rio Guaporé, que nasceu pequenino, porque tudo que nasce é pequeno mesmo... porém ele vai crescendo... crescendo... e ficando bonito. Aliás, tudo nele é bonito! Nasce em um lugar lindo – Chapada dos Parecis, em Mato Grosso. Tem um nome poético e bonito: Guaporé, que significa em tupi-guarani Cachoeira do Campo ou Rio Campestre. Corre por lugares bonitos... planalto, floresta, planícies, vale... ele é bonito porque suas águas são claras... nelas a gente vê o céu! Ele é bonito porque suas praias são formadas por areias brancas e porque os galhos das árvores tocam suas águas! Ele vai abrindo o seu caminho e o sol faz brilhar suas águas com o nascer do sol, então, é sol no tempo 1; com o sol do meio dia, é o sol no tempo 2 e com o pôr-do-sol, é sol no tempo 3...
À noite, é a lua cheia que aparece nas águas, então é lua em tempo único...
Quando chove, os pingos de chuva fazem pular nas águas... pingo aqui... pingo ali... rápido... rápido... rápido... milhões de pingos... então é chuva em vários tempos...
Os ventos fortes jogam suas águas para as praias e para dentro da floresta, então é tempo fortíssimo...
É água por todo lado! É vento por todo lado! É a canção das águas! É a canção dos ventos!
Depois tudo fica calmo... as águas correndo mansamente... vira aqui... vira ali... vira acolá, então é tempo suave...
Caminhando... caminhando... o rio batiza com o seu bonito nome a região que atravessa o Vale do Guaporé, e entra em território rondoniense formando paisagens deslumbrantes... uma floresta sem fim, de um verde escuro... campos abertos de um verde claro... praias de areias brancas que entram pelo rio... ilhas de mil desenhos... céu azul e sol brilhante. Na paisagem do Guaporé encontramos as cores da bandeira nacional: o verde, na mata; o amarelo, no sol; o azul, no céu e o branco, nas praias.
As águas do rio dão sempre um “banho” nas praias, vão e voltam... vão e voltam...
Caminhando... caminhando... ele forma suas ilhas... ilhas com jeito de flor... com cara de bicho... com formato de letra... ilhas redondas... ilhas compridas... ilhas cheias de recortes... ilhas e mais ilhas... ilhas com nomes exóticos... do Tabuleiro... do Curralinho... do Pau D’Óleo... do Quebra Pote... da Sunta... do Cautarinho... da Tanquinha... da Matrinxã... do Mateguá... do Massólo... do Cafetal... do Corumbiara... do Braço da Lanterna... do Taquaral...
Apreciamos, tomando sol nos galhos das árvores, o nambu, trilando suavemente; o canário trinando; enquanto o macaco guincha nos galhos mais altos; as araras e os papagaios palram alegremente e nas margens do rio, a garça gazea a água escura e límpida. Escutamos, às vezes, o sibilar com fúria da cobra e a suavidade do grilo que nas folhas cicia. A andorinha grinfa alegremente o verão, riscando o espaço azul com curvas caprichosas e elegantes, enquanto o caititu grunhe toda a floresta.
E o rio continua correndo... correndo... aparece um barreiro cheio, cheinho de periquitos, aos montes... juntinhos... juntinhos...
E aquelas cores voando, milhares delas, são as borboletas azuis, amarelas, brancas, vermelhas... cores, muitas cores... Ao anoitecer, ouve-se o piar da coruja, o coaxar dos sapos nos pantanais e o gemido dos caimãs.
De repente, nas praias brancas aparecem as tartarugas, de andar lento, fazendo covas, para colocar seus ovos... dezenas... centenas... milhares...
E como testemunho da tenacidade humana, surge à margem do rio, o Real Forte do Príncipe da Beira, patrimônio histórico nacional... imponente e belo como tudo o que pertence ao Guaporé.
As palmeiras, as seringueiras, as castanheiras, os ipês, os flamboaiãs, completam a beleza viva, a beleza natural do nosso Guaporé, um dos amores do poeta Matias Mendes, da advogada Hilda Saraiva e do advogado Juscelino Amaral... o lugar mais bonito de Rondônia... o rio mais bonito de Rondônia... o cartão postal mais bonito da nossa Rondônia Cabocla.
* Yêdda Pinheiro Borzacov, da Academia de Letras de Rondônia, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, vice-presidente do Memorial Jorge Teixeira e colunista do site Gente de Opinião.
Real Forte do Príncipe da Beira – Vale do Guaporé. Foto: Google Imagem
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