Sábado, 5 de novembro de 2016 - 05h01
* Yêdda Pinheiro Borzacov
Escritores e poetas de Rondônia foram prestigiados pelo poeta Geraldo Pereira que lançou seu anzol, sua tarrafa, seu arpão e sua rede, colhendo em sua pescaria/pesquisa, “PEIXES GRAÚDOS EM ÁGUAS BRASILEIRAS”, resultando no mapeamento de poesias e prosas produzidas no Brasil.
Iniciando pelo Rio Grande do Sul com o lirismo de Mário Quintana e outros, conclui a obra com Goiás (Cora Coralina, José Mendonça Teles e Aidenor Aires, dentre outros).
A sua referência ao meu trabalho, tornou-me, cada vez mais, encorajada ao contínuo navegar pelos rios da minha terra – Rondônia: Madeira, Mamoré, Guaporé, Machado, Pacaás-Novo e outros tantos, embora sendo uma simples piaba pensante.
O original do livro “Pescando Peixes Graúdos em Águas Brasileiras”, revela um diálogo com as diversas vozes e vertentes poéticas e prosadores do Brasil, resultando em uma obra de grande criatividade.
Sensibilizada e agradecida transcrevo a pescaria de Geraldo Pereira nas águas rondonienses:
RONDÔNIA
Rondônia mostra-nos os seus raios
Com a cabocla luminosidade
Da Escritora-Professora YÊDDA PINHEIRO BORZACOV
E sua “Rondônia Cabocla”.
O canto à sua amada terra,
A “Evocação de Porto Velho”
– “Porto Velho que vi e vivi” –
O “Cartão Postal”,
Uma “Serenata, Romântica Forma de Paquera Musical”
Um soprar as cinzas do tempo
E acender a chama da lembrança
De “Guajará-Mirim, [Sua] Terra Natal”,
“Guajará-Mirim, cidade poética”:
“É indispensável ‘sentir’
a cidade como um corpo inteiro”.
E “As Lavadeiras” ensaboam o tempo,
Tiram as nódoas dos dias
Com o sabão de suas próprias dores.
Assim a mestra
Expressa “A Solidariedade Cabocla”:
“A solidariedade cabocla está presente
em todos os momentos”.
E na formação do novo eldorado
O “Linguajar Caboclo-Nordestino”
Com o resgate da cultura popular,
Com “As Todas do Boi-Bumbá”,
Os folguedos e enredos
Que para o povo não são segredo:
“Quando eu chegar no terreiro!
Convido o meu povo para brincar!
Cantando as minhas toadas
Na terra sagrada do meu boi-bumbá”(Aluízio Guedes).
“Brinca meu boi bonito
brinca meu boi-bumbá
o povo está reunido
pra te apreciar”(Raimundo Nonato).
“No plano inclinado
E o porto do velho
Não é mais tranquilo
Nem dono de nada
E o porto do velho
Virou Porto Velho
Nossa terra amada”(Sílvio Santos).
E nas lendas,
Sem contendas,
O povo cultiva seus mitos
E reza os seus benditos.
“O Fauno Amazônico”
Da ‘Mãe d’água’ e do moço
Que ‘É filho do boto’.]
E com os “Tipos Populares”
A homenagem à gente
Que dá vida às ruas,
Que faz a alma das ruas
Vibrar nos voos terrenos:
E ‘Zé Quirino’ e ‘Cachimbão’ e ‘Beleza’.
São seres amados pela natureza,
São os “Ruídos da Mata” urbana.
Montada no lombo da memória
A Escritora cultiva as raízes
Com “Um Contador de Histórias”:
“Meu pai, Ary Tupinambá Penna Pinheiro,
foi um contador de história”.
No oceano poético de Rondônia,
De um estado ainda menino,
Peguei muitos peixes-poetas.
Entre eles, o Poeta BOLÍVAR MARCELINO.
Com seu “Poema de Exaltação a Rondônia”
O hino de amor ao berço querido:
“Salve Rondônia! A terra alvissareira,
Que agora nasce tão pujante e forte,
Tu hás de ser nesta fronteira-norte,
O orgulho da pátria brasileira...
E de braços erguidos, altaneiros,
Gritamos em júbilo e bem forte:
– Salve Rondônia! A campeã do Norte,
Terra amiga de todos os brasileiros...”
Com “A Morte de uma Ferrovia...”
Assassinaram os sonhos
E impuseram sofrimentos medonhos.
Mas para salvar a vida temos a poesia:
“Essa Estrada, meus senhores!
Perguntem a quem quiser,
E fica em Rondônia,
No antigo Guaporé,
Foi palco de muita luta,
De endemia e disputa,
Do Madeira ao Mamoré...”
E com o “Real Forte Príncipe da Beira”
O resgate da história
Guardado na memória
O “Baluarte avançado da fronteira”
Para defender o chão e suas belezas
O “Monumento na história consagrada,
Como arquivo de um tempo já passado,
Das lutas e conquistas portuguesas!”
Com “Guajará-Mirim”
O canto à princesa de Yêdda professora,
A cidade com o belo de um jardim,
O ‘Cartão Postal’ de beleza duradoura.
Peguei, fazendo um verso vivo,
O Poeta SILVIO PERSIVO.
Com seu poema “Rondônia”,
A fotografia do seu rincão:
“Rondônia é um pedaço do retrato!”
“Onde à noite as luzes do poente
Tornam mais claro o horizonte
A vida em ambos os lados jorra
Como gigantesca torneira aberta”.
É a vida fazendo festa
É o grito de misericórdia
Para defender essa exuberância vital
“Acorda, Rondônia, acorda!
As queimadas te cegaram
Escuta-me antes das máquinas zumbirem”.
Há muita coisa que em nós não passa
É o orgulho que temos destas terras!”
Peguei também muitos outros soldados
Defendendo a vida das garras destruidoras
De um progresso sem verdes,
Sem natureza viva.
Peguei o Poeta MATIAS MENDES
Desfralda a “Bandeira de Rondônia”.
E deixa o seu recado,
No louvor ao torrão amado.
O sangue a correr no coração da Amazônia:
“E toda a beleza deste pendão simbólico
Lembra as belezas de Rondônia emergente
Que vai rumo ao progresso em ritmo meteórico
No seu pujante despertar candente!”
O “Amor à Terra” que não se esquece:
“Amo-te, Rondônia, inculta e majestosa;
Amo essa fértil terra dadivosa,
E essa límpida amplidão celeste!”
E “O Preço Ecológico”
É o ônus que se paga
Pelo progresso e sua saga
E todo invento tecnológico:
“Mas, na profusão de luzes do futuro,
O jovem rondoniense da era industrial
Lamentará a falta do verde matagal
Que o fará carente de ar puro...”.
E o Poeta ANTÔNIO CÂNDIDO DA SILVA
Com sua poética
Ecoa o seu grito de alerta
Com “Rondônia S.O.S”:
“É preciso fazer alguma coisa
Em favor de Rondônia ameaçada”.
Lembra o “10 de Julho”,
Reza no “Cemitério de Trens”,
Resgata a: “História
De pioneiros esquecidos,
Enterrados na selva”.
O canto ao “Rio Madeira”:
“Velho rio que levas a cantar
Doces cantigas de fazer ninar
No teu caminho de recordações”.
E da sua “Mesquita”
O mergulho nas águas da lembrança:
“É preciso voltar a ser criança,
E viver da esperança”.
Reza para “Santo Antônio do Madeira”
Abençoar o enlace
Da natureza com a vida:
“No despertar do seu encantamento.
É véu de noiva para o casamento”.
Geraldo Pereira conclui seu livro assim se expressando:
“A intenção desta pescaria não foi apenas pegar todos os peixes,
Serve apenas como uma amostragem,
Da grandeza da nossa poesia.”
* Yêdda Pinheiro Borzacov, da Academia de Letras de Rondônia, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, vice-presidente do Memorial Jorge Teixeira e colunista do site Gente de Opinião e do jornal Alto Madeira.
Capa do livro homenageando escritores de Rondônia
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