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Yêdda Pinheiro Borzacov

SÃO PAULO REVERENCIA A IMPORTÂNCIA DO PAI DA HISTÓRIA DO BRASIL


* Yêdda Pinheiro Borzacov

As comemorações do bicentenário de nascimento do historiador e embaixador Francisco Adolfo de Varnhagen, o Visconde de Porto Seguro, considerado o pai da História do Brasil pelo seu pioneiro trabalho de pesquisa documental, que resultou em obras clássicas de nossa historiografia, foi celebrado nas cidades de Sorocaba, Iperó e São Paulo, no mês de fevereiro, de 17 a 19.

Varnhagen nasceu nas dependências da Real Fábrica de Ferro de São Paulo de Ipanema, atualmente Iperó, na época pertencente a Sorocaba, porque seu pai, Frederico Luís Guilherme de Varnhagen, era um engenheiro militar alemão especialista em fundição de metais, sendo contratado para dirigir a primeira fundição de ferro da América do Sul em um período em que começara a florescer a indústria nacional. Até a vinda da Corte portuguesa para o Brasil, fugindo das tropas do general Junut que, a mando de Napoleão, invadiu Portugal, as indústrias eram proibidas na colônia. Só no dia 1º de abril de 1808, D. João VI liberou o comércio no Brasil, sendo revogada a proibição da construção de fábricas.

Varnhagen foi produto dessa época e teve uma formação técnica e militar em Portugal, onde cursou o Real Colégio Militar de Luz e a Academia de Fortificações, e concluíra engenharia militar. Ao visitar a Torre do Tombo, arquivo central do governo português, com documentos que remontavam à Idade Média, ele descobriu sua verdadeira vocação, a pesquisa documental, debruçando-se, desde então, sobre uma infinidade de temas, dentre eles, a questão das invasões holandesas, trabalho publicado na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

A aproximação entre o historiador e a família imperial brasileira se deu a partir de 1840, quando retornou ao Brasil e realizou pesquisas de interesse do Império brasileiro, aproximando-se do imperador Pedro II, frequentador assíduo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, cuja biblioteca foi organizada por Varnhagen. Recebeu nessa época suas primeiras missões diplomáticas e sua temporada na Europa rendeu a produção do clássico História Geral do Brasil, o primeiro estudo profundo que traz a síntese do desenvolvimento do Brasil, do descobrimento até a independência.

Os estudiosos da obra do Visconde de Porto Seguro, título que recebeu de D. Pedro II, em 1872, são unânimes em afirmar que seu grande mérito foi escrever seus trabalhos com métodos, baseado em pesquisas e documentos, fato que não havia sido feito com relação à História do Brasil. Dentre os seus estudos, destaca-se o trabalho realizado após a visita que fez ao sertão de Goiás, em 1877 – a ideia da construção da capital brasileira, naquele sertão, fato ocorrido muito tempo antes de o presidente Juscelino Kubitschek abraçar o projeto da construção de Brasília.

Varnhagen foi agraciado pelo imperador Pedro II, com o título de Visconde de Porto Seguro, sendo então o precursor da transferência da capital do Rio de Janeiro para a região central. Muita gente não conhece o fato.

A iniciativa do evento, denominado Colóquio Comemorativo do Bicentenário de Nascimento do Visconde de Porto Seguro, teve a organização do historiador Adilson Cezar, presidente do IHGG de Sorocaba, com o apoiamento e a participação do Colégio Visconde de Porto Seguro; do Instituto Martins-Staden; da Academia Paulista de História; da Fundação Ubaldino do Amaral; do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, cuja programação constou além de palestras por meio de mesas redondas; visita a Floresta Nacional de Ipanema e Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema; apresentações lírico-musicais pelos alunos e Orquestra de Câmara do Colégio Visconde de Porto Seguro (regente Gretchen Miller e tenor Victor Fonseca); visita ao jornal Cruzeiro do Sul, dirigido pela Fundação Ubaldino do Amaral, e ao Mosteiro de São Bento, em cuja praça ergue-se o monumento tumular do Visconde de Porto Seguro, inaugurado durante o Colóquio, com traslado dos restos mortais do Pai da História do Brasil.

No Colégio Visconde de Porto Seguro, um livro infantil foi lançado, “Um Visconde nos Tempos da Magnólia”, do professor Marcelo Donatti e uma exposição referente ao homenageado.

Ponto representativo das comemorações foi a cerimônia cívico-fúnebre de traslação e aposição dos restos mortais de Varnhagen em monumento tumular no jardim do Largo do Mosteiro, com honras militares e a fala de Sua Alteza Imperial e Real Dom Bertrand Maria José Pio de Orleans e Bragança. Toque de silêncio e aposição floral no monumento.

Ao longo das atividades foram outorgadas a condecoração do colar “Visconde de Porto Seguro”, a personalidades da área cultural nacional que pesquisam a registram a história e a cultura dos seus estados, recebendo também a homenagem o Cônsul Geral da Alemanha em São Paulo, Uwe Heye, o Secretário de Estado da Educação (SP) e o desembargador José Renato Nalini, dentre outros.

Muito me honrou ter sido contemplada com o colar Visconde de Porto Seguro, oficializado pelo governador Geraldo Alckmin. Sensibilizada agradeço a homenagem.

Uma das minhas metas dos 76 anos é prosseguir com as pesquisas e registro da História e Cultura de Rondônia. Dois livros de minha autoria estão no prelo na Porto Madeira Gráfica, de propriedade da empresária Mara Cristina Paz Henrique. São eles: “Os Bairros na História de Porto Velho”, e “O Tupi na História e Geografia de Rondônia”.

* Yêdda Pinheiro Borzacov, da Academia de Letras de Rondônia, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, vice-presidente do Memorial Jorge Teixeira e colunista do site Gente de Opinião.


 

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