Quarta-feira, 5 de maio de 2010 - 06h34
Tudo começou de uma brincadeira de criança na Baixa da União. Corria o ano de 1954 e um menino conhecido como Nego Helio de tanto ver a brincadeira dos bois, Pai do Campo, Rei do Campo e outros, que passavam pelo campo de futebol da Baixa para se apresentarem em frente das casas dos “Categas”, resolveu também criar o seu Boi Bumbá. Reuniu alguns colegas, foi até o comercio do Tufy Matny e conseguiu uma caixa de cachaça Cocal, no curre que ficava no inicio da rua Pinheiro Machado no bairro Arigolândia, conseguiu uma carcaça de cabeça de boi pregou na frente daquela caixa; pegou um vestido velho da prostituta Maria Roxinha e fez o “couro” do boi e com uma réstia de cebola (palha), fez o rabo, arranjou um menino o peruano Pancho para servir de “miolo” (aquele que vai debaixo do boi). Com latas de banha, querosene e pedaços de pau, fez os tambores e saiu brincando pelos becos da Baixa da União. Ao chegar em frente a sua casa, fez uma parada estratégica para mostrar sua criação a sua mãe dona Conceição. Ao cantar a toada de chamada: “Vou chegando, vou entrando, com meu garrote mimoso, na casa da Conceição... (Aí teria que dizer o nome do boi), como o boi não tinha nome a cantoria parou, a batucada parou, as barreira de índio não dançou mais e todos ficaram sem saber o que fazer. Foi então que dona Conceição chamou os meninos, serviu um “Mungunzá” (míngua de milho) e disse: “Meu filho, já existe o Boi Pai do Campo e o Boi Rei do Campo, por que você não coloca no seu Boi o nome de Boi Bumbá Corre Campo? Foi aquela euforia, afinal de contas agora podiam cantar as toadas com nome próprio do Boi: “Vou chegando, vou entrando, com meu garrote mimoso, na casa da Conceição, CORRE CAMPO é amoroso”.
O tempo passou, Nego Helio casou e entregou o Boi para o grande Amo Galego o maior cantador de Boi Bumbá que já apareceu por essas bandas. A brincadeira de Boi em Porto Velho ficou praticamente sem existir após algumas confusões, do meado da década de 1960 até meado da década de 1970. Criaram o Flor do Maracujá em 1982, mas, o Corre Campo não entrou na lista, até que novamente Galego como motorista da Secretaria de Cultura conseguiu em parceria com a família de Antônio de Castro Alves e outros folcloristas, que contaram com o apoio irrestrito dos integrantes do Departamento de Cultura da Secet, fazer uma apresentação no dia 22 de agosto de 1989, dia do folclore, na quadra do Sesc Esplanada, para poder conquistar o direito de se apresentar no Flor do Maracujá de 1990.
Sob o comando de Antônio de Castro Alves o Corre Campo se transformou na Nação Corre Campo o Gigante Sagrado.
Ganhou o maior número de títulos do Flor do Maracujá – 1990, 91, 92, 93, 94, 96, 97, 98, 99, 2000, 2001, 2002, 2005, 2006. São 14 títulos de uma festa que está completando XIX anos de existência, levando-se em consideração que as disputas no Flor do Maracujá só começaram em 1990, o Corre Campo é o maior detentor de títulos da festa.
Hoje, sob o comando da senhora Maria José Brandão Alves a dona Branca o Gigante Sagrado da Amazônia Ocidental, orgulha-se de ser o único grupo de Boi Bumbá de Rondônia que já se apresentou fora do Estado – (Brasília e Belém do Pará e no município amazonense de Humaitá), é o único de Porto Velho que se apresentou no maior número de municípios de Rondônia: Vilhena, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Rolim de Moura, Itapuã do Oeste e Candeias do Jamari.
No flor do Maracujá 2010 o Corre Campo vai cantar os “Encantos do Banzeiro do Rio Madeira e sua Energia”.
Grupo Folclórico Boi Bumbá Nação Corre Campo – O Gigante Sagrado da Amazônia Ocidental – 56 anos promovendo a cultura popular em Rondônia. Parabéns
Fonte: Sílvio Santos.
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