Terça-feira, 24 de novembro de 2009 - 12h49
O premiado documetário “Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global visto do lado de Cá”, do cineasta Silvio Tendler, sobre um dos intelectuais mais importantes do Brasil, é atração de hoje no CineOca, às 20h, no Cinesesc Esplanada. O filme premiado em vários festivais faz parte da programação temática de novembro que homeageia Zumbi dos Palmares, símbolo da batalha pela liberdade dos negros. Todos os filmes exibidos neste mês, em vários aspectos, refletem sobre a consciência negra e os reflexos que a escravidão provocou na cultura brasileira.
No filme desta terça, dia 24, uma entrevista com o geógrafo Milton Santos cinco meses antes de sua morte, que serviu de guia do documentário sobre o desequilíbrio entre o crescimento de países ricos e o afundamento da pobreza em países subdesenvolvidos em decorrência da globalização econômica. O pensador brasileiro do século XX batizou de "globalitarismo" o modo como a abertura econômica internacional conseguiu, entre outros feitos, explorar mão-de-obra escrava.
Aplauso da Crítica
Segundo o professor doutor José Borzacchiello da Silva, da UFC, “Trata-se de um documentário que enaltece a capacidade interpretativa de Milton Santos diante de um mundo em processo acelerado de transformação. Toda a experiência do cineasta se manifesta na universalização da linguagem. Imagem, texto, narração e trilha sonora se entrosam de forma magnífica. Milton era o protótipo do cidadão universal. Essa condição exigia dele uma leitura rigorosa da realidade, que emergia do inconformismo com a dor e a miséria do mundo. Sua forte capacidade de se indignar e de denunciar foi capturada pelas lentes de Sílvio Tendler. Munido do discurso do mestre geógrafo buscado em entrevistas ou em edição de pronunciamentos em eventos, Sílvio faz o contraponto com um cenário em que a globalização mostra toda sua crueldade. O documentário angustia. A gente sofre na seqüência do filme. Milton é duro. Entretanto, ele semeia a crença no futuro. Ele vê a possibilidade de luz no fim do túnel.”
Biografia
O geógrafo baiano Milton Santos acumulou numerosos títulos honoris causa pelo mundo. Foi o único intelectual fora do mundo anglo-saxão a receber, em 1994, o prêmio Vautrin Lud, o “Nobel” da geografia.
Entre os últimos prêmios recebidos por Milton Santos estão o de Homem de Idéias de 1998, oferecido anualmente pelo “Jornal do Brasil” ao intelectual de maior destaque no ano, e o Prêmio Gilberto Freyre de Brasilidade, em 2000, oferecido pelo Conselho de Economia, Sociologia e Política da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
Milton Santos escreveu mais de 40 livros, publicados no Brasil, França, Reino Unido, Portugal, Japão e Espanha. Conciliava seu trabalho acadêmico com a participação na Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, da qual fazia parte desde 1991, e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano.
Milton Santos buscava tirar a geografia de seu isolamento, agregando contribuições da economia, sociologia e filosofia. Entre suas obras mais importantes estão: “O Centro da Cidade de Salvador” (1959); “A Cidade nos Países Subdesenvolvidos” (1965); “O Espaço Dividido” (1978); “Espaço e Sociedade” (1979); “Espaço e Método” (1985); “A Urbanização Brasileira” (1993); “Por uma outra Globalização” (2000).
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