Quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010 - 12h57
Prof. Diogo Tobias Filho*
Nunca imaginei ver tanta procura por profissionais da docência como no início do ano letivo de 2010. Praticamente todos os estados da federação estão realizando concursos públicos para preencher vagas no ensino regular, isso sem contar os municípios, que se encontram em semelhante situação. No estado de São Paulo são mais de dez mil vagas. Somando-se capital e municípios os números podem ultrapassar a casa das 50.000 vagas. O Brasil agoniza com a falta de professores em seus quadros funcionais. A razão é simples: a profissão não motiva jovens por inexistir perspectivas financeiras na carreira, não ser reconhecida pela sociedade como suprassumo do desenvolvimento social. Grosso modo, o status quo do mestre desceu pelo ralo abaixo.
De quem é a culpa? Indubitavelmente, dos políticos brasileiros que preferem construir, pintar ou reformar escolas ou gastar a dinheirama da educação com investimentos materiais, carros de luxo para o deleite dos bajuladores ocupantes de cargos comissionados, combustíveis em excesso para lavagem e corrupção, cursos inúteis em hotéis de luxo e sucedâneos, sempre com o escuso propósito de descolar a prebenda através de caixa 2.
Em Rondônia a situação não poderia ser diferente, após sete anos sob o bastião dos capiaus de Rolim de Moura. Ivo Cassol, o flagelo da educação, fez e refez concursos sem conseguir atrair profissionais necessários para suprir vagas, hoje ocupadas por qualquer pessoa portadora de diploma superior, desde advogados até os despreparados do ensino virtual. Os prefeitos rondonienses acompanham Cassol na enrolação e mediocridade. Ao apagar das luzes de 2009, as câmaras municipais receberam - a toque de caixa - os planos de cargos e salários do município com adaptações para o FUNDEB. O cenário era desolador: uma correria para aprovar tudo de última hora, prova irrefutável do desprezo com o setor. A maioria de vereadores aprovou o que nunca leu, os professores foram excluídos do processo de discussão até porque, grande parte destes projetos é mera cópia adaptada de outros lugares. Tudo se transformou numa ineficiência escandalosa, típico de gestores cafonas eleitos para gerir a coisa pública sem o menor preparo intelectual para o cargo.
O governo federal, por seu turno, não fez sua parte. Discutiram por longevos meses o FUNDEB para se chegar ao piso ridículo de 950 reais, que ainda não se concretizou por causa das ações impetradas nos STF pelos congêneres de seita de Cassol, governadores medíocres, interessados apenas no balaio de dinheiro repassado dos impostos. Aliás, como prêmio pela violência surda desferida contra os educadores de Rondônia, tristemente, o flagelo da educação deverá ganhar a cadeira de senador. O que ele vai fazer lá eu não sei, posto que legislar necessita muito mais que um diploma de “Doutor honoris causa”. É essencial a apropriação mais acurada de como teorizar a prática em prol das camadas sociais. Ivo Cassol jamais fará isso porque sua cultura é limitada, seu pensamento político é retrógrado, formado no tirocínio da demagogia.
Ao menos no senado, vamos ter o sossego de saber que o flagelo da educação não vai mais nos incomodar com aquele assistencialismo barato, distribuindo cestas básicas de material escolar, muito menos as intragáveis festanças para distribuir um saco de feijão aos incautos que aplaudem, porém pagam a conta das diárias através de impostos. Além do mais, ouviremos menos seus erros crassos de português que podem dar vazão aos conteúdos didáticos do ano inteiros só com correções por parte dos bons professores de língua portuguesa.
* O autor é professor de filosofia em Ji-Paraná (E-mail: digtobfilho@hotmail.com – Blog: digtobfilho.blogspot.com – Coletânea de artigos publicados)
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