Terça-feira, 13 de abril de 2010 - 05h10
A oficina em Nazaré se constitui na etapa inicial desta modalidade
Tem início nesta quinta feira (15), no Distrito de Nazaré (Baixo Rio Madeira), a etapa final do Projeto “Caiari – A Dança dos Banzeiros”, que foi contemplado em 2009, com o Prêmio Klauss Vianna de Dança do Minc, através da Coordenação de Dança da Funarte Rio de Janeiro. Em parceria com Timaia e Túlio, líderes do movimento musical “Minhas Raízes”, do Distrito de Nazaré, a Waku`mã Produções Artísticas e Culturais, tem neste Projeto, um olhar voltado para a interação gestual, com motivação à dança, sem tirar o foco de observação dos agentes da natureza, bem como, da linguagem e movimentos das manifestações tradicionais oriundos dos festejos e da demologia que compõe o imaginário poético local.
A Oficina “Interações Gestuais e Motivação à Dança”, em Nazaré, se constitui na etapa inicial desta modalidade, que pretende alcançar no futuro, um número total de 21 aulas (teóricas e práticas) totalizando após cinco etapas, uma carga de 250 horas.
Observando as manifestações populares e festejos religiosos ao longo do trecho do Rio Madeira, que vai da Cachoeira de Santo Antônio até a foz com o Amazonas, com mais de mil kilômetros, verificamos que as tradicionais manifestações estão aos poucos sendo achatadas pelo inevitável avanço do progresso. “Durante essas observações, constatamos a luta em manter traços tradicionais, sendo a dança (dita profana, até então uma das poucas manifestações ainda renitente), aquela que conserva a maior resistência em não sucumbir perante o processo evolutivo com culturas e modelos de colonização vindos de outras paragens”, disse Paulinho Rodrigues.
Em meados da década passada, começou a refulgir em Nazaré, o Grupo Musical “Minhas Raízes”, liderados por Timaia, Túlio e Silvia Helena. Há mais de uma década a Waku’mã tem celebrado parcerias, com o intuito de difundir seu trabalho entre populações carentes de informações, interagindo de maneira a trocar experiências com a comunidade, resgatando e promovendo o crescimento interpessoal com o aprimoramento de técnicas, sem esquecer o rico conjunto das tradições locais. “Esta parceria é mais uma das interações para resgatar, manutenir e propalar impressões do cotidiano ribeirinho, também, sem esquecer o caráter de inclusão social e exercício de cidadania. O Distrito de Nazaré, a exemplo de outras localidades ribeirinhas e colocações no coração da selva amazônica, mantêm seus tradicionais festejos, tendo na “Dança do Seringandor”, a mais autêntica manifestação de interação gestual, que deverá ser conceitualizada durante essa Oficina, lembrando os ensinamentos da professora de dança Dudude Herrmann de que “devemos crer na sabedoria do corpo, para simplesmente aprender com ele, pois a dança acontece no tempo vivo da vida...”, e, não podemos mais esperar”, ressaltou Paulinho Rodrigues.
A atividade será dirigida por Paulinho Rodrigues e ministrada por Lívian Luíza, que vem coordenando as apresentações do Grupo Waku`mã de Danças, tendo executado os cronogramas do Prêmio Klauss Vianna em 2006, 2007 e 2009.
As ações deste convite à dança alcançarão jovens daquele Distrito, entre os dias 15 e 20 Abril 2010, com fornecimento pela realizadora, de figurinos, sapatilhas, mochila e fascículo com pastas individuais contendo todos os passos sobre a Oficina, itens necessários ao bom desempenho e motivação, para a obtenção de resultados que justifiquem a realização das etapas futuras desta atividade.
A Oficineira Livian Luíza, do Grupo Waku’mã de Danças, entre outras, participou da coordenação em Porto Velho, da parceria celebrada entre a Waku’mã Produções e o Minc/Funarte para a realização do Circuito Funarte de Oficinas de Dança, promovido em Dezembro de 2007, na Casa de Cultura Ivan Marrocos, que orientado por Fabiano Carneiro, trouxe à nossa Capital as notáveis professoras de dança Dudude Herrmann, Paola Rettore e Andréa Maciel, que sobremaneira motivaram a prática da dança em Porto Velho, com incremento no setor, promovendo o surgimento de novos Grupos e espaços pertinentes. Considerando o chamado “custo amazônico”, o Klauss Vianna tem proporcionado, a implantação de ações que possam justificar no presente, seu pleito, solicitando um olhar futuro mais acurado por parte da União, que possa equilibrar a divisão de recursos sem discrepâncias, levando em consideração todos os “distanciamentos” do “inferno verde”. Como diz La Quiña “... o corpo pensa e escreve o seu tempo...”, e o nosso tempo é agora. Essa é a prova de que os brasileiros destas rechans amazônicas trabalham febrilmente, é que em pleno sazonal alto, apesar das incomuns precipitações pluviométricas nas cabeceiras dos Rios Beni, Madre de Dios, Guaporé e Mamoré, resultando em ricochete no Rio Madeira, alagações e condições adversas de logística, a Waku’mã Produções dirigida por Paulinho Rodrigues (em parceria com o Minc/Funarte), vai ao Distrito de Nazaré para cumprir o seu cronograma de trabalho, bem como, a sina de resgatar, aprender, aprimorar técnicas e difundir, reafirmando seu compromisso com a cultura regional.
Fonte: Sílvio Santos
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