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Waku`mã resgata adança do seringandor


 
Waku`mã resgata     adança do seringandor - Gente de Opinião
 
 O pesado custo amazônico não impede a produção cultural 
Distrito de Nazaré (RO) – Baixo Rio Madeira. Numa parceria celebrada entre a Waku`mã Produções, Aleíta, Timaia, Túlio (Grupo Minhas Raízes), e, a comunidade de Nazaré, aconteceu entre os dias 15 à 20, naquele Distrito, a etapa derradeira do Projeto “Caiari – A Dança dos Banzeiros”, edição 2009 do Prêmio Klauss Vianna de Dança, Editado pelo Ministério da Cultura, com a coordenação da Funarte (RJ), patrocínio da Petrobrás, apoiado pela Conexão Artes Visuais e Associação Cultural Funarte. A etapa final do Projeto se constituiu na 1ª. Oficina de Dança (Interações Gestuais e Motivação à Dança), ministrada para 12 (doze) jovens daquela comunidade, com um total de 50 (cinqüenta) horas. O ponto alto do encerramento deste Projeto foi o espetáculo do Grupo Waku’mã de Danças, sob a coordenação da 1ª. Bailarina Lívian Luíza, e direção de Paulinho Rodrigues, com a participação das 12 oficinandas que integraram a primeira turma de dança, que ao final de 250 horas, em projetos futuros, deverão compor o Grupo de Danças Folclóricas daquela comunidade. A cerimônia de entrega de Certificados às Oficinandas, e espetáculo gratuito realizado no espaço “Armazém”, empresariado por Mário Jorge, que teve a participação de Paulinho e Timaia, acomodou grande público, com todas as dependências lotadas, vez que em Nazaré espetáculos e apresentações só ocorrem nos festejos religiosos, no ciclo junino, e na Festa da Melancia, uma vez por ano. Tudo terminou com um jantar de confraternização no espaço“Arapuca”. 
Por conta da baixa periodicidade, o “Seringandor” - a mais antiga dança praticada nas colocações ao longo das comunidades ribeirinhas do Madeira, e, principalmente, no Uruapiara, Ilha das Onças e na antiga Freguesia da “Boca do Furo” - sem as necessárias renovações e herança cultural, com o desaparecimento natural dos antigos moradores praticantes, aos poucos foi caindo no esquecimento, achatada pela onda modista de outros gêneros musicais dos tempos hodiernos, que inevitavelmente chegam via rádio e antenas parabólicas, desviando totalmente a atenção dos valores locais, influenciando de maneira macificadora e negativa a demologia da região. Compromissada com seu DNA regional e preocupada em manutenir esta rica manifestação popular, além de levar a Nazaré o projeto “Caiari – A dança dos Banzeiros”, e a Oficina “Interações Gestuais e Motivação à Dança”, com a edição do último espetáculo relativo ao Prêmio Klauss Vianna 2009, a Waku`mã liderada por Paulinho Rodrigues, e os locais Timaia, Aleíta e Túlio, decidiram resgatar a “Dança do Seringandor”, para através da Oficina, e outras futuras, motivar jovens a praticarem esta rica manifestação que estava próxima de seu quase aniquilamento, face suas raras apresentações, limitadas aos festejos e ciclo junino. Com a continuidade das Oficinas pela Waku`mã Produções Artísticas e Culturais, em projetos aprovados futuramente, o grupo de Oficinandos de Nazaré integrado por jovens deverão praticar e apresentar a “Seringandor” nas colocações ao longo do Rio Madeira, e, em eventos em Porto Velho, durante todo ano, propalando esta rica dança que compõe o imaginário popular ribeirinho, destacando fortes traços da cultura indígena associada à contribuição cabocla seringueira, marco indelével em nossas paragens. “Conceitualizada, podemos traduzir que a “Dança do Seringandor”, envolve a temática cabocla e indígena, pois durante as perfórmances “vislumbramos fuga, luta e captura de personagens”, que nos remetem à nossa recente história, narrando conflitos tribais, com batalhas sangrentas que fizeram dos Juma, Mura Pirahan e Parintintim, etnias temidas notadamente aquelas dominantes, o que fez surgir no coração da floresta amazônica, as mais incríveis histórias de conquistas...”, destacou o “Amo do Tracoá”. É bom registrar que a logística para realizar uma expedição desta magnitude, nos faz lembrar o chamado “custo amazônico” que envolve planejamento detalhado, transporte de técnicos, oficineiros, material didático, equipamento de salvatage, equipamento técnico de iluminação e áudio, figurinos, tralha de cozinha, figurinos, aquisição de víveres, corotes com combustível, locação de barcos e voadeiras etc. Vale destacar que o “custo amazônico”, ponto importante nesta última fase do Projeto, foi muito defendido por Paulinho Rodrigues, professora Nara Jane Corrêa Marques e o Ogan Silvestre Antonio Gomes dos Santos, quando participaram da IIª. Conferência Nacional de Cultura realizada em Brasília-DF, no mês de março/2009, com resultado profícuo, conquistando a nomeação de três Delegados (antes era apenas um) para a região norte, com representação no Colegiado Nacional, sendo o próprio Paulinho aclamado Delegado Nacional da Sociedade Civil (Dança) para Rondônia e Acre, o que deverá somar forças para sensibilizar os gestores em projetos futuros, com equilíbrio na distribuição de prêmios. “Com parceria da família de Timaia e do próprio, a incansável Aleíta, Tálisom, Mário Jorge e Nete, Comandante Romão, Anauá, Comandante Marcos Filho, os país das oficinandas e toda a comunidade de Nazaré, patrocínio do Minc/Funarte, Petrobrás e outros apoios já elencados anteriormente, a Waku`mã Produções encerra o Klauss Vianna 2009, com um saldo altamente positivo, ressaltando que a Oficina e o espetáculo realizados em Nazaré, juntamente com o resgate da centenária “Dança do Seringandor”, originária do Uruapiara (AM), a partir do ritual tribal, pós batalha, com vitória cantada pelos índios Parintintins, se constitui num divisor de águas de suas atividades culturais, notadamente aquelas voltadas às populações isoladas e carentes de informações culturais, sem tirar o foco do imaginário local, resgatando, como no caso presente, manifestações populares ameaçadas do quase aniquilamento. Acreditando em futuras expedições, no exercício de cidadania e inclusão social, bem como, na implantação e manutenção das próximas fases do projeto para a solidificação desta primeira semente”, finalizou Paulinho: “... Arriba Seringandor, cajueiro cajuá, arriba Seringandor quereremos saiaiá...”.

Fonte: Fonte: Sílvio Santos
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