Quarta-feira, 29 de março de 2023 - 15h26
O comércio varejista
brasileiro deverá vender R$ 2,49 bilhões para a Páscoa deste ano, um aumento de
2,8% em comparação com o mesmo período de 2022, já descontada a inflação. O
resultado ficará, entretanto, 2,7% abaixo do registrado em 2019, que atingiu R$
2,56 bilhões. A estimativa é da Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo (CNC). A Páscoa representa a sexta data comemorativa mais
relevante do calendário do varejo.
“Essa data comemorativa deve
ficar aquém do nível de vendas de 2019. E, basicamente, são duas razões para
isso”, disse, nesta quarta-feira (29), à Agência Brasil o economista da CNC,
Fabio Bentes.
A primeira razão é o
comportamento dos preços, com a alta da inflação. “Os preços dos alimentos têm
subido bastante e os itens específicos da Páscoa devem ter aumento de 8%. Se
confirmado esse reajuste, será a maior alta desde 2016”, informou. Naquele ano,
os preços da cesta de produtos da Páscoa tiveram expansão de 10,3%.
O segundo fator para o
faturamento do setor ser menor que o de 2019 é que a Páscoa não é uma data
comemorativa com apelo tão grande como o Natal, dia das Mães e a Black Friday,
disse Bentes. Além disso, o consumidor deve ficar um pouco mais cauteloso.
“A data se insere no
contexto de recuperação da economia, mas não consegue atingir o faturamento de
antes da pandemia por conta da variação dos preços nos últimos meses, e,
especificamente, os preços dos alimentos da Páscoa”, explicou.
Por estados, são esperadas
altas de vendas em Santa Catarina (7,9%), Ceará (7%) e Espírito Santo (6,8%).
Já os maiores volumes de vendas deverão se concentrar em São Paulo (R$ 977,02
milhões), Minas Gerais (R$ 273,11 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 243,99 milhões)
que, juntos, responderão por 60% do volume financeiro gerado para a data.
Importação
Outro indicador de que o
varejo está apostando em uma Páscoa moderada este ano é que as importações de
chocolate, embora tenham crescido 6,5% em relação a 2022, somando 2,76 mil toneladas,
não conseguiram igualar as compras de 2020, que somaram três mil toneladas.
Em relação a outro produto
típico da época - o bacalhau -, a CNC
registrou queda de 32,7% na quantidade importada ante a Páscoa do ano passado,
totalizando 3,69 toneladas contra 5,48 toneladas em 2022.
Os números foram tabulados
pela entidade de acordo com registros da Secretaria de Comércio Exterior
(Secex). No que tange ao bacalhau, cujo quilo custa bem mais caro que o dos
chocolates, o varejo percebeu que o consumidor não está com o bolso muito farto
e, aí, não investiu muito na importação do produto.
“Foi a menor importação de
bacalhau desde 2020, que foi a primeira Páscoa atípica do comércio. Esse
movimento de importação do varejo é uma leitura que o comércio faz da intenção
de consumo das famílias. Nesse momento, não há espaço para gastos muito fora do
orçamento. Os juros estão altos. A economia não está crescendo tanto. Embora
tenha fechado o ano passado com crescimento de quase 3%, percebe-se uma
desaceleração da economia e o varejo não quis encalhar com esse produto com uma
importação volumosa de bacalhau”, salientou Bentes.
Cesta
A cesta de bens e serviços
da Páscoa, composta por oito itens, revela que praticamente todos os produtos
estarão mais caros. Na média, o aumento será de 8,1%, superando o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de 5,5%. Bolos e chocolates
têm tendência de alta de 15,9% e 13,9% na comparação com 2022.
Consumo no
Rio
No Rio de Janeiro, 65% do
comércio estimam incremento de 2,5% nas vendas para a Páscoa, enquanto 27%
estimam crescimento de 4% e 8%. A data é considerada um Natal para as lojas
especializadas em chocolate e passou a ter um novo sabor para o varejo, não se
restringindo apenas aos ovos de chocolate e caixas de bombons. É o que mostra
pesquisa do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) e do
Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro
(SindilojasRio), que ouviu 350 lojistas da cidade.
A pesquisa indica também que
20% dos lojistas contrataram temporários para a Páscoa. Desses, 10% afirmaram
que pretendem contratar após a data comemorativa, mas isso depende do
comportamento das vendas.
Estudo do Instituto
Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) - feito nos dias 17, 20 e 21 deste
mês com 800 consumidores do Rio - revela que 69,5% dos entrevistados pretendem
presentear na Páscoa, 27,5% não devem comprar nada e 3% ainda não decidiram.
Segundo a sondagem, a
movimentação financeira para a cidade do Rio é estimada em R$ 408 milhões, com
gasto médio de R$ 106 na compra de presentes. O ovo de Páscoa figura em
primeiro lugar entre as opções dos consumidores que desejam presentear, com
59,6%, seguido de bombom (37,8%) e barra de chocolate (24,1%).
Dos entrevistados, 86,9%
disseram que tencionam comprar presentes em lojas físicas, 7,9% em lojas
virtuais e 4,5% em ambas. Os consumidores que não desejam presentear nesta
Páscoa apontaram entre os principais motivos para isso o fato de não ter
ninguém a quem presentear, não ter hábito de comemorar a Páscoa e falta de
dinheiro.
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