Quinta-feira, 22 de agosto de 2024 - 11h01
Promover
reflexões e apresentar estratégias de enfrentamento à violência contra a
mulher. Estes são alguns dos objetivos do evento com o tema "18 Anos da
Lei Maria da Penha: Caminhos para a Transformação - Reflexões e Estratégias no
Combate à Violência Contra a Mulher”, realizado na noite de quarta-feira (21),
no auditório da Faculdade Católica de Rondônia, na capital.
O encontro, de fundamental importância para a sociedade, contou
com a participação de nomes atuantes na defesa dos direitos das mulheres. A
primeira-dama e deputada estadual Ieda Chaves foi mediadora do debate. A
defensora pública estadual, Aline Dayane Ribeiro da Luz e a promotora de
Justiça, integrante da Comissão de Prevenção e Combate ao Assédio do MP/RO,
Flavia Shimizu estavam presentes na programação.
Segundo Ieda Chaves "mesmo não sendo um tema que gostamos
de falar, ou seja, a violência contra a mulher, podemos afirmar que há motivos
para comemorar, afinal são 18 anos desta lei, uma das mais protetivas do mundo
em matéria de combate à violência contra mulheres e meninas, mas essa luta é
constante, o trabalho é diário, contínuo, porque o Brasil, infelizmente, tem os
maiores índices mundiais de violência contra mulheres e meninas, e Rondônia
hoje é o topo dos estados com o maior índice de violência contra mulheres e
meninas".
A primeira-dama disse ainda que "quanto mais falarmos, mais
pessoas terão consciência da importância de fazer essa defesa da mulher. Porque
vemos, infelizmente, muitas mulheres que não têm coragem de falar, e precisamos
mostrar a existência de leis, por exemplo, a lei Maria da Penha, que é essa
medida protetiva. Então, vamos continuar incentivando essas mulheres para que
saiam dessa gaiola emocional e tenham coragem de denunciar”.
Segundo Ieda, o evento foi uma oportunidade de falar, debater e
conscientizar as mulheres, que elas precisam denunciar. O painel teve
intuito de dar voz a quem não tem. Para a defensora pública estadual, Aline
Dayane Ribeiro da Luz, a lei Maria da Penha é um importante instrumento de
defesa da mulher, de defesa de gênero. “Ela foi alterada, algumas vezes, sempre
no sentido de uma maior proteção. Essa lei é considerada uma das três melhores
do mundo em relação à proteção à mulher. Mas, infelizmente, apesar de um
instrumento tão poderoso, não se vê ainda o reflexo social dessas melhorias.
Ainda temos um índice de violência contra a mulher em todas as áreas, muito
alto”.
Conforme a defensora, a luta é que, além do instrumento, haja
uma consciência social, uma mudança de comportamento. Em seu ponto de vista, é
preciso sensibilizar sobre o direito das mulheres, principalmente aquelas que
sofrem violência, e mostrar a rede toda de apoio, a família, da sociedade, do
Judiciário, do Ministério Público, da Polícia, dos Cras, Creas, da Prefeitura,
todos os órgãos e instituições que podem ajudar essa mulher.
Aline acrescentou que a lei Maria da Penha trouxe instrumentos
para efetivamente proteger a mulher, o que antes ficava muitas vezes impune com
os homens apenas pagando cesta básica, sem nenhuma punição por essas
violências, efetivamente ela trouxe instrumentos legais para proteção da
mulher, mas ainda há muito que melhorar na sociedade, na mudança de
comportamento.
Segundo a promotora de Justiça, integrante da Comissão de
Prevenção e Combate ao Assédio do MP/RO, Flavia Shimizu, "esse momento de
18 anos é uma comemoração, é algo que nos deixa felizes, tivemos avanços, mas
infelizmente ainda precisamos trabalhar muito mais, evoluir mais, porque ainda
existe violência contra a mulher. Esta lei é um símbolo de resistência e um
farol para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Precisamos
garantir que a lei Maria da Penha continue evoluindo, se adaptando às novas
demandas sociais e sendo aplicada com rigor e sensibilidade”, pontuou.
AVANÇOS
Entre as principais inovações da Lei Maria da Penha estão a
tipificação e a definição da violência doméstica e familiar contra a mulher; o
estabelecimento das formas da violência doméstica contra a mulher como física,
psicológica, sexual, patrimonial e moral. A determinação de que a violência
doméstica contra a mulher independe de sua orientação sexual; a determinação de
que a mulher somente poderá renunciar à denúncia perante o juiz; a proibição de
penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas); a alteração do
Código de Processo Penal para possibilitar ao juiz a decretação da prisão
preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher.
A alteração da Lei de Execução Penal para permitir ao juiz que
determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e
reeducação; a criação de juizados especiais de violência doméstica e familiar
contra a mulher com competência cível e criminal para abranger as questões de
família decorrentes da violência contra a mulher; além de retirar dos juizados
especiais criminais (Lei 9.099/1995) a
competência para julgar os crimes de violência doméstica contra a mulher.
A participação da Prefeitura de Porto Velho, por meio da
Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres (CPPM), por exemplo, em
eventos como o II Fórum Nacional de Gestoras de Políticas para Mulheres, em
Brasília, entre outros, reforça o compromisso da administração municipal em
promover e fortalecer as políticas públicas voltadas para as mulheres, buscando
sempre a melhoria contínua e a efetivação dos direitos das mulheres na cidade.
ANUÁRIO DE SEGURANÇA
Os dados divulgados em agosto pelo Anuário da Segurança Pública
de 2024 e trata os índices de 2023 e novamente Rondônia ocupou o topo da lista
do estado que mais pratica a violência contra mulheres e meninas. Neste ano
Porto Velho, o segundo município em âmbito nacional com maior número de
estupros contra mulheres e meninas.
No país, uma mulher é estuprada a cada seis minutos. O Brasil
tem mais de 6 mil municípios e Porto Velho está na segunda colocação em
estupros contra mulheres e meninas.
Canais de denúncias
Polícia Militar – 190;
Polícia Civil – 197 (69) 98439-0102;
Central Nacional de Atendimento à Mulher – 180 (61) 9610-0180;
Ouvidoria Ministério Público do Estado / RO – (69) 999 770 180.
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