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Leo Ladeia

Política & Murupi - Após 15 dias da eleição o país está e pelo jeito permanecerá dividido


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1-E afinal o Mané perdeu para quem mesmo?

 

O “Mané” das ruas, praças e portas dos quartéis, balançando a bandeira, vestindo verde e amarelo, com uma pauta difusa que vai da não aceitação do resultado das eleições, ao desencanto com os capas pretas das altas cortes, a leniência com a corrupção e o jeitinho para o Luzinácio entrar no processo eleitoral, não entendeu ou não levou a sério a frase inusual de um servidor federal do alto escalão judiciário, respondendo ao cidadão  comum, pagador de imposto, detentor originário do poder nacional - art 1º da constituição - que o inquiriu e “com todo respeito” sobre a possível e desejável abertura do código fonte do programa instalado nas urnas eletrônicas. “Perdeu Mané. Não amola”. A frase lembra aquela usada por assaltantes quando colocam alguém sob a mira da sua arma e berra: “perdeu playboy”, seguido de tapas na cara, coronhadas, chutes e palavrões como “vagabundo”. Conheço o tal servidor público por suas atuações no plenário do STF e fiquei estarrecido ao ouvir a frase dita por quem faz uso costumeiro de rebuscados rococós linguísticos. Contudo, como diz um seu ex-colega de atividades, “vivemos tempos estranhos” e parei entristecido como soe a um Mané. Entendo o ato de ser tratado com um “perdeu playboy”, pelo meliante sem cultura, cheio de ódio, drogado e querendo levar à força algo material como relógio, anel, celular, mas – e cito por analogia – jamais concebo o “perdeu Mané” dito por alguém a quem cabe sentenciar o citado meliante pelo ato criminoso praticado. A inquirição que fez um desconhecido Mané lá nos Estados Unidos é a mesma que vários outros Manés vestidos de verde e amarelo, taxados de lunáticos, histéricos, golpistas, antidemocráticos pelos senhores do STF com a capa do saber do bem e do mal fazem aqui no Brasil, correndo o risco por pensar ou se expressar. Tempos estranhos!!!

 

2-O establishment tem medo de que?   

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Senta que lá vem história. O dia de hoje pode reservar mais novidades no front já que o servidor público que presidiu e coordenou as eleições mandou bloquear 43 contas bancárias de empresas suspeitas de financiar atos antidemocráticos. Desfila ele em escorreito vocábulo diverso do “perdeu Mané” do seu colega: “No caso vertente, verifica-se o abuso reiterado do direito de reunião, direcionado, ilícita e criminosamente, para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado do pleito eleitoral para Presidente e vice-Presidente da República cujo resultado foi proclamado pelo TSE com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e instalação de um regime de exceção”. Mas a orquestra ataca noutro movimento e o Corregedor Nacional do Ministério Público, atendendo ao pedido de uma vereadora do PSOL, mandou a procuradora de Justiça do MPPA “apagar todas as postagens de caráter antidemocrático das redes sociais e não mais publicar ou compartilhar novos posts que afrontem a lisura e confiabilidade do processo eleitoral ou a autoridade das decisões proferidas pelos poderes constituídos”. Apagar o que foi escrito é uma violência, mas proibir que se publiquem outros posts é um exercício de futurologia. Danou-se véio! Rolo para chamar o VAR e mãe Diná! Mas, como nada é tão ruim que não possa ser piorado, outro servidor público, Corregedor Nacional de Justiça ordenou que magistrados da Infância e Juventude verifiquem possível violação a direitos em acampamentos de manifestantes e deitou o direito sobre a família dos lunáticos: “Chama a atenção a presença de crianças e adolescentes nesses movimentos que somada às condições potencialmente insalubres de tais acampamentos, deve despertar a preocupação de agentes públicos responsáveis pela proteção infanto-juvenil”. Desse preço: o homem quer que os juízes examinem se há crianças e adolescentes nesses locais e quais as condições de salubridade, higiene, alimentação e outros elementos que possam colocar em risco os seus direitos, inclusive quanto à frequência à escola e o de não serem submetidos a qualquer forma de negligência, exploração ou tratamento degradante sob qualquer pretexto. E agora Mané se a moda pega? Criança abandonada na favela, dormindo ao relento, comendo restos e vestindo trapos vai ter outra vida com casa, comida, escola, saúde, médico, sapato e brinquedo. Vem aí um outro Brasil e tudo isso fora picanha e dindin na conta todo mês sem ter que dar um prego numa barra de sabão. Sei não, os caminhoneiros estão no modo “para tudo”. Ara sô!

 

 

3-O MST está de volta 

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Em setembro João Pedro Stedile do MST bradou que as "mobilizações de massa" deveriam voltar se Luzinácio vencesse a eleição: “É quando a classe trabalhadora recupera a iniciativa na luta de classes, então ela passa a atuar na defesa de seus direitos da mínima forma, fazendo greves, fazendo ocupações de terra, ocupações de terreno, mobilizações, como foi naquele grande período de 78 a 89”. O MST criou cerca de 7 mil comitês e já cantava vitória antes das eleições: “Acho que a vitória do Lula vai ter uma consequência natural e psicossocial nas massas e vai dar um “reânimo” para retomarmos as mobilizações de massa” e ressaltou que no governo Bolsonaro houve um “refluxo do movimento já que o governo distribuiu mais de 400 mil documentos de titulação fundiária”. A bem da verdade, as invasões de terras vêm diminuindo desde FHC – 1995 a 2002 – com 2442 invasões nos dois mandatos. Na era Lula - 2003-2010 - foram 1.968 invasões. Com Dilma - 2011 a 2016 - foram em média 162 invasões ano. No governo tampão de Temer - 2016 a 2018 - média de 27 invasões ano. Com Bolsonaro, foram apenas 9 invasões por ano. Mas a “tchurma do primário mal feito” está de volta e as invasões já começaram pela Bahia onde o governo e o clima ajudam. Por aqui a foice corta pouco pois a faveira ferro e o ferro da polícia local são duras de encarar, mas o MST vai cair dentro. É assim que eu penso.

Contato - leoladeia@hotmail.com

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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