Sexta-feira, 22 de abril de 2022 - 11h15
Que qualidades, feitos, lutas, obras, exemplos,
sacrifícios, entregas, estilos crenças podem transformar um homem comum num
herói? Seria tal ou tais homens predestinados? Seriam eles aqueles que a
depender de uma oportunidade abraçassem compulsória ou voluntariamente uma
causa e a ela dedicasse a própria vida? Difícil dizer. Certo contudo é que as
nações precisam de heróis para espelharem e moldarem o estilo, caráter e o que
se espera do próprio povo.
Somos os “destemidos pioneiros” de uma terra que
traz o nome do seu maior herói, o Marechal Cândido Rondon, que segundo o
escritor e cartunista Ziraldo é o “único e genuíno herói brasileiro, por ter
dedicado a sua vida a uma causa”, referindo-se à máxima da sua difícil tarefa
de desbravar a floresta e interligar o país com as linhas telegráficas convivendo
com os índios, pregando que tudo fosse feito dentro da legalidade e respeito a
dignidade humana. “Morrer se preciso for. Matar, nunca” afirmava o Marechal da
Paz. 05 de maio é a data oficial para homenagear o nascimento deste grande
herói brasileiro. Pena, porém, que tal data nem de longe rivalize com outras,
de outros heróis, às vezes nem tanto heróis.
O Brasil precisa de heróis e deve cultuá-los. Não
falsos e estereotipados heróis destes tantos realities shows televisivos que de
heróis nada possuem. Precisamos de figuras que mesmo não sendo heróis na
verdadeira acepção da palavra, sejam identificadas com o povo, ainda que sejam
o fruto de resultados de excelência em esportes e noutros mosaicos culturais.
Precisamos nos identificar com o protótipo de cidadão desejado.
21 de Abril é o dia da Inconfidência Mineira e se
homenageia Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um dos líderes do
movimento que lutava contra a cobrança abusiva de impostos pela Coroa Portuguesa
e apesar da exaustiva abordagem nos livros escolares, o movimento em si e a
vida do herói carecem de profundidade.
Na sequência, o 22 de Abril que nem mesmo é feriado é
a data em que se lembra o descobrimento do Brasil, cuja citação ao nome do
navegante Pedro Alvares Cabral se tornou irrelevante. Somos um país com poucos
nomes expressivos registrados como heróis ou com nomes absolutamente
inexpressivos fazendo parte do Livro de Aço do Panteão da Pátria.
Voltando ao Marechal Rondon, somente em 2015 a lei
13141 originada do PLS 218 de 2007 cujo autor foi o senador Expedito Júnior, ou
seja, 8 anos após, o Brasil fez justiça, inscrevendo o nome do Marechal Cândido
Mariano da Silva Rondon no Livro de Aço do Categoria que reúne pessoas cujos
nomes foram aprovados para constar no Livro
de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, recebendo assim
o título de Herói Nacional, inclusivamente os que ainda não tenham tidos seus
nomes registrados, efetivamente, no referido tomo.
Um povo sem heróis é um povo sem história, sem
passado, com o presente sendo levado de cambulhada e com futuro incerto. Apenas
para lembrar este ano teremos eleições e podemos começar a escrever o nosso
futuro exatamente agora fazendo as escolhas certas para no futuro termos um
número maior de heróis de verdade e não os fabricados para atender a interesses
inconfessáveis.
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