Sexta-feira, 1 de julho de 2022 - 12h10
1-Planejamento não depende de slogans
Concentração de
estradas federais e federalizadas no Brasil
Durante a campanha para eleição a presidente da
república em 1920, Washington Luiz cunhou a expressão “governar é abrir
estradas”. Nem de longe pensou que após 102 anos o Brasil com seus 8.516 mil km2
teria a quarta maior rede de estradas e rodovias do mundo. São 1,8
milhões km de extensão, frota de 40 milhões de ônibus e caminhões rodando sobre
65 mil km de rodovias pavimentadas, 10 mil km de não pavimentadas, 700 mil km
de estradas de terra, além das vicinais que ligam povoados, distritos, vilas e
fazendas pelo país.
Malha
ferroviária brasileira
Sobre ferrovias, que tristeza! So ridículos 30 mil
km mal distribuídos e utilizadas. ~Quase nada em hidrovias. O petróleo está no fim,
mas batemos no peito com o conto do vigário da autossuficiência. “O petróleo é
nosso” é só um slogan como tantos. Temos pouco a fazer a menos que o mercado
que precisa de alimentos e commodities injete recursos para virarmos a chave e iniciarmos
a revolução multimodal que não dependa apenas do caminhão, mas de trilhos,
aerovias e hidrovias. Ocorre que nossa imprevidência e ufanismo nos impedem de
ver que estatais como Petrobrás ou salvadores da pátria não resolverão as
demandas nacionais e a tendência então é se perpetuar a cupidez irresponsável
de recursos com o agravamento perene de crises.
2-Mas por que
não privatizar?
Abstenho-me de falar sobre corrupção este câncer
enraizado no serviço público em todos os níveis, inclusive ou principalmente
nas empresas estatais ou paraestatais. Olhando a carta constitucional, foco nos
deveres do estado para com o povo. Educação, saúde e segurança são o tripé de demandas
elementares que agregam ainda as questões ambientais, justiça, trabalho, emprego,
cidadania, etc. A contrapartida vem do povo pelo trabalho que gera o imposto que
em tese atenderia as nossas demandas. A carga tributária alta e a pirâmide
social invertida são as duas principais condições para o esgarçamento do tecido
social e aprofundamento das desigualdades criando duas classes de cidadãos.
Junte-se a isto a desestrutura política, feudos político-partidários, alta
concentração de renda, dívidas sociais históricas e fica a pergunta? A quem
interessa manter empresas como as Rongás, Petrobrás, Eletrobrás, etc., que em
nada contribuem para solução das questões mais comezinhas e que só drenam
recursos? Será que o exemplo das privatizações das teles foi insuficiente? Que
tal pelo um debate racional mesmo sem o compromisso de fazer ou não algumas
privatizações?
3-Custo
de oportunidades ou como aproveitar o cavalo que passa selado na porta
O mundo pirou com a guerra da Ucrânia, mas convenhamos que era uma tragédia anunciada. A invasão da Criméia, a ciberguerra nas eleições nos EUA, a mudança no eixo econômico para Pequim, a dependência do gás da Rússia, a desatenção da OTAN com avanços beligerantes, a ojeriza alemã pelas centrais nucleares, tudo estava bem claro. Putin foi para a guerra no estilo seis dias e hoje encara o dilema de ter que avançar por não poder mais recuar. O mundo começa a sentir o frio, a fome e a incerteza enquanto o Brasil tem área plantada para suprir a fome, commodities e um distanciamento do teatro de guerra. As oportunidades e a razoável credibilidade para receber recursos externos estão aí. Abrir-se mais ao mercado seria o caminho lógico, mas o Brasil não é para amadores. É de nossa natureza saltar no escuro, passear no abismo e agora a novidade entre nossos “estadistas de araque”: o hábito de falarmos mal do Brasil. Uma volta na Europa e alguma “insanidade” se dana a falar de nossas crises como se ninguém as tivesse, inventando números e se curvando como um mestre salas de carnaval. O mundo quer saber sim da amazônia, dos direitos humanos, mas o que quer mesmo do Brasil é comida, diversão e arte. Hora para negociar como fazem os grandes e de trazer dinheiro gringo para turbinar estatais, abrir vagas de empregos, modernizar processos, vender nossos aviões, concessões de aeroportos e dar de lambuja o rebolado da Anita, as festas de carnaval, as praias, etc. e sem o chororô esquerdista do “Não à privatização” que nem mesmo o Partidão usa mais. É como penso!
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